De repente apeteceu-me encontrá-los assim, numa qualquer esquina londrina perdida nos anos oitenta...
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Saramago por Zimler
Voltando ao tema Saramago e ao seu ataque à bíblia dos maus costumes, vejo, enfim, alguém que o comenta com conhecimento de causa e o critica com bases sólidas e eficazes.
Ao ler este comentário de Richard Zimler, fico com pena que o nosso nobel da literatura seja exactamente isto que o escritor norte-americano radicado em Portugal diz que ele é. Sem tirar nem pôr!
I want it all now
Ainda embalado pela onda vermelha que tanto tem empolgado os que, como eu, juram pelo Glorioso, lembrei-me dos também gloriosos anos 70 e deste disco que tanto ouvi naqueles idos.
Agora já não o faço por menos! Tal como os Tubes também I WANT IT ALL NOW.
Que Jesus e seus discípulos vermelhos não nos desiludam.
Agora já não o faço por menos! Tal como os Tubes também I WANT IT ALL NOW.
Que Jesus e seus discípulos vermelhos não nos desiludam.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
histórias de Rosa Branca
XVI
Amanheceu cedo.
O céu estava limpo, como vinha acontecendo nas últimas semanas.
Ainda toda a gente dormia.
Jordão, no entanto, já lá estava, como vinha acontecendo nas últimas semanas. Observava o vôo das andorinhas. Regozijava-se com os volteios e revolteios. Anotava mentalmente todas os rasantes que faziam, os graus que cortavam, a graça única que possuíam.
Quando Rosa Branca começasse a acordar, Jordão recolher-se-ia e deixaria que o dia passasse sem se assomar à rua.
Na manhã seguinte lá estaria outra vez, tal como iria acontecer nas próximas semanas.
O momento estava quase a chegar e ele não poderia faltar ao encontro marcado com o seu destino.
(continuará)
domingo, 25 de outubro de 2009
Um cigarro na noite
Fazia frio nessa noite. Mesmo assim saiu em mangas de camisa e sentou-se no degrau mais próximo.
Deixou que o frio entrasse de mansinho por entre as frestas da sua camisa. Fechou os olhos e gozou um breve arrepio.
Olhou o céu e viu-o estrelado. A lua estava cheia. Um corvo tapou-a por instantes. Grasnou alto. Uma gargalhada pensou ele sorrindo.
As folhas das árvores que o circundavam murmuravam histórias inconfessáveis, daquelas que poderiam assustar os mais incautos.
Ele tentou escutá-las com a atenção devida.
Quando se sentiu preparado tirou o cigarro do bolso da camisa, acendeu-o e sacou uma passa longa e lenta.
À medida que o fumo ia saindo da sua boca encheu-se de novas vontades e por ali ficou sorrindo à lua e deixando que o frio lhe aquecesse a alma.
Pelo menos até que o cigarro se extinguisse…
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Saramago e a Bíblia
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Meio século de ouro
josé sérgio fausto
terça-feira, 20 de outubro de 2009
deuses com pés de barro
«Lisboa, 20 Out (Lusa) - O eurodeputado social-democrata Mário David exortou hoje o escritor José Saramago a renunciar à cidadania portuguesa por se sentir "envergonhado" com as recentes declarações do Nobel da Literatura sobre a Bíblia.
(...)
"Tenho vergonha de o ter como compatriota! Ou julga que, a coberto da liberdade de expressão, se lhe aceitam todas as imbecilidades e impropérios?", questiona o eurodeputado»
Se for contra este tipo de deuses que Saramago se levanta, então tem todo o meu apoio.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Um mau costume ?
"Bíblia é manual de maus costumes", diz o escritor José Saramago
Saramago continua a dar importância superlativa ao deus de quem tanto desdenha. Desunha-se para lhe provar a inexistência e, no entanto, adora-o.
Sem ele e os que o seguem, Saramago não poderia polemizar, não poderia especular, não poderia, quase, falar.
Saramago mais não é, então, que um discípulo rebelde, que entende negar, e mais que isso, renegar, um deus que condena por ser arbitrário, calão, vingativo, cruel, um deus, afinal, tão próximo dos homens que, dizem, criou à sua imagem.
É claro que Saramago tem toda a liberdade para achar tais coisas, para as escrever e afirmar.
Sou daqueles que lhe admira a prosa e considera que alguns dos seus livros são das melhores coisas que têm surgido nos últimos anos nas letras portuguesas.
O que me chateia é que ele ache que a bíblia devia ser banida das casas onde as crianças lhe podem chegar.
Então amigo José, agora defende, como outros já fizeram, a censura? Atrevo-me a dizer, defende que haja livros que merecem a fogueira?
Isso já não me parece muito certo, até porque a ler poderemos apreender aquilo que de bom e de mau existe neste nosso mundo e tirar as ilações que acharmos convenientes.
Não sejamos cegos e não queiramos tornar os outros cegos, como muito bem demonstrou no seu Ensaio.
Das palavras
Procurei seduzir as palavras para que viessem comigo.
Não é tarefa fácil, elas estão espalhadas por muitos lados, deixam-se levar por muita gente e nem sempre com as melhores intenções.
Gosto de as ter comigo, não para guardá-las, mas para as partilhar, para as mostrar de maneiras agradáveis.
Gosto de brincar com elas, soltá-las ao vento e vê-las voar com sentido.
Desmontá-las e voltar a montá-las, pequenas peças de um lego que maravilha o construtor de ocasião.
São fugidias aquelas que procuro. Mal lhes pego fogem-me por entre os dedos, rápidas, muitas vezes não volto a encontrá-las. Outras há que são mais dóceis e que se deixam ficar e então fico a olhá-las e acho-os bonitas, prazenteiras.
De qualquer forma nunca as guardo por muito tempo. Há que saber libertá-las, porque só assim farão sentido, só assim serão úteis.
As palavras, quando livres, sabem procurar quem lhes dará bom uso.
sábado, 17 de outubro de 2009
histórias de Rosa Branca
XV
Gastão Osório vestiu-se lentamente.
Olhou-se ao espelho. Demorou o tempo exacto que necessitava para se ver de alto a baixo, de um lado ao outro. Para se comprazer com o que via, mas, sobretudo, para se lembrar de como era. Todos os dias fazia isso, tinha um medo atroz de se esquecer de si próprio, agora que a idade já não lhe trazia as memórias inteiras.
No entanto Gastão tinha armadilhas que evitavam que os caminhos do passado surgissem trocados.
Por isso anotou no seu caderno de capa negra o que queria fazer naquele dia e verificou que o anterior tinha sido cumprido.
Viu então que este era o dia em Jordão se aprestava para cumprir a promessa de seu avô.
Apressou a sua costumada lentidão e, curiosamente, relembrou-se …
(continuará)
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Tendências...
No Público:
«Igreja baptista planeia queimar livros e música no Dia das Bruxas
Uma igreja baptista de Canton, na Carolina do Norte, está a planear queimar livros e música que considera satânicos, por ocasião do Dia das Bruxas. Além de livros da saga Harry Potter e obras como “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, também cópias da Bíblia serão queimadas – excepto a versão “King James”, a única tomada em conta pela igreja baptista e considerada “infalível”.(...)»
Depois disto só me apetece dizer que também estes queimavam livros!
«Igreja baptista planeia queimar livros e música no Dia das Bruxas
Uma igreja baptista de Canton, na Carolina do Norte, está a planear queimar livros e música que considera satânicos, por ocasião do Dia das Bruxas. Além de livros da saga Harry Potter e obras como “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, também cópias da Bíblia serão queimadas – excepto a versão “King James”, a única tomada em conta pela igreja baptista e considerada “infalível”.(...)»
Depois disto só me apetece dizer que também estes queimavam livros!
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
A insuportável beleza
Uma vertigem quase imóvel.
Lenta.
Que se vai desdobrando em fúria contida, até ao momento de uma explosão surda. Depois o belo desenha-se perante os nossos olhos, de um modo quase sublime, mas, ao mesmo tempo tenso, duro, cruel até.
As cores vão mudando, abrem-se os olhos de espanto.
Tudo cadenciado por uma música sincopada, repetida, exaustiva, que quase nos adormece os sentidos, mas que nos mantém alerta.
As vozes são ásperas, cortantes, sujas.
As imagens são, no entanto, de uma beleza rara, misturando o ignóbil com o supremo.
Quase que sentimos o cheiro.
Quase nos parece palpável.
Quase que conseguimos ler o que não está escrito.
Quase que sentimos as dores que vão percorrendo a tela à nossa frente.
Por vezes o belo torna-se insuportável.
Tanto que não o conseguimos esquecer.
Tanto que nos dói a sua falta.
Poderá ser esta a arte suprema?
Lenta.
Que se vai desdobrando em fúria contida, até ao momento de uma explosão surda. Depois o belo desenha-se perante os nossos olhos, de um modo quase sublime, mas, ao mesmo tempo tenso, duro, cruel até.
As cores vão mudando, abrem-se os olhos de espanto.
Tudo cadenciado por uma música sincopada, repetida, exaustiva, que quase nos adormece os sentidos, mas que nos mantém alerta.
As vozes são ásperas, cortantes, sujas.
As imagens são, no entanto, de uma beleza rara, misturando o ignóbil com o supremo.
Quase que sentimos o cheiro.
Quase nos parece palpável.
Quase que conseguimos ler o que não está escrito.
Quase que sentimos as dores que vão percorrendo a tela à nossa frente.
Por vezes o belo torna-se insuportável.
Tanto que não o conseguimos esquecer.
Tanto que nos dói a sua falta.
Poderá ser esta a arte suprema?
Bacharach and Costello
Para que casa alguma se sinta vazia, enchamo-la com a magia desta dupla extraordinária.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Quiz Mafalda
O mundo de Mafalda, apesar de, aparentemente, se assemelhar ao meu, sempre me fascinou e me deu muito mais gozo.
Vejam se o conhecem,
Vejam se o conhecem,
Maitê é tuga!
Que histeria que anda aí por causa disto.
Por isso, pergunto-me e pergunto-lhes, se não são os portugueses os primeiros a dizer mal da sua terra, dos seus costumes ancestrais que acham bacocos e ultrapassados?
Não são os portugueses os primeiros a acolher de braços abertos tudo o que vem do estrangeiro e sobretudo do Brasil, esse país irmão, que nos vem carregando com novelas desde há mais de 30 anos?
Não são os portugueses a desdenhar da sua História, não sabendo a razão da comemoração de datas como o 1º de Dezembro, o 5 de Outubro e até o 25 de Abril?
Não são os portugueses que atiram, indiscriminadamente, papéis, plásticos, beatas, para o meio da rua?
Não são os portugueses que cospem para o chão?
Então porque será este alarido todo à volta de uma tolice que Maitê Proença filmou há dois anos atrás?
Porque é falsa? Porque é bonita? Porque é tola? Ou simplesmente porque é brasileira?
Quem não se sente, diz o povo, não é filho de boa gente, mas, por amor à nossa terra, não sejam mais papistas que o papa, saibam rir de si próprios ou então, pura e simplesmente, não dêem importância a coisas que não a merecem e preocupem-se em tornar este país melhor, para que nenhuma outra Maitê tenha hipóteses de repetir a graça!
terça-feira, 13 de outubro de 2009
I remember that...
Às vezes parece que nos enganamos no caminho. Falta-nos tempo para percebermos onde os nossos passos nos levam e depois pode ser tarde para recuarmos, para darmos oportunidade às oportunidades que perdemos.
Lamentamo-nos, claro que sim.
Perpetuamos uma dor que de tanto doer se torna nossa amiga e passa a fazer parte de nós, como o braço amputado que continua a latejar mesmo depois de já ter ido.
E seguimos em frente, num outro caminho, ou no mesmo, mas com outros olhos e tentamos apagar os sentidos que ainda nos contradizem.
No entanto há uma força poderosa que nos faz ser gente, ter emoções e vida. Chama-se memória e a esta só podemos agradecer por existir e nos fazer companhia, porque com ela conseguimos, no mínimo, redimir alguns pedaços de nós que foram ficando espalhados algures noutros tempos.
Será pouco, dirão os que vivem a correr. Será, concedo. Mas é muito, quase tudo, para quem sabe que se pode enganar e que o caminho só se faz caminhando para a frente e olhando para todos os lados e para trás também, quando isso é a ponte para que os dias sejam mais luminosos.
Como diz uma das canções mais bonitas que conheço, I REMEMBER THAT…
Lamentamo-nos, claro que sim.
Perpetuamos uma dor que de tanto doer se torna nossa amiga e passa a fazer parte de nós, como o braço amputado que continua a latejar mesmo depois de já ter ido.
E seguimos em frente, num outro caminho, ou no mesmo, mas com outros olhos e tentamos apagar os sentidos que ainda nos contradizem.
No entanto há uma força poderosa que nos faz ser gente, ter emoções e vida. Chama-se memória e a esta só podemos agradecer por existir e nos fazer companhia, porque com ela conseguimos, no mínimo, redimir alguns pedaços de nós que foram ficando espalhados algures noutros tempos.
Será pouco, dirão os que vivem a correr. Será, concedo. Mas é muito, quase tudo, para quem sabe que se pode enganar e que o caminho só se faz caminhando para a frente e olhando para todos os lados e para trás também, quando isso é a ponte para que os dias sejam mais luminosos.
Como diz uma das canções mais bonitas que conheço, I REMEMBER THAT…
Os patos autárquicos
A mim fazem-me impressão as casas que não têm alma. Aquelas casas que parecem razoavelmente habitáveis por fora, algumas até por dentro, mas que são nada. São apenas sítios onde vivem algumas pessoas, que entram e saem, almoçam e jantam, dormem e vêem televisão, mas não têm nada mais. Falta-lhes emoção, falta-lhes capacidade para serem.
Gosto daquelas casas em que sentimos a vida pulsar, mesmo que estejam vazias. São as casas que têm histórias, que viveram e souberam viver, cujas paredes têm ouvidos e sobretudo vozes.
São essas as casas que souberam acolher e acarinhar os seus habitantes, que escolheram quem nelas viveu, são casas que pensam e nos fazem pensar.
São essas as casas que fazem as verdadeiras cidades, as necessárias para que uma cidade, uma vila, uma aldeia, possam ser verdadeiras, mesmo que sejam fantasmas. Porque as outras, aquelas que são construídas em série, mais não são que prisões às quais nos condenam alguns poderes (há muito) estabelecidos.
Creio que, no último domingo, perdemos, mais uma vez, uma boa oportunidade para mudar isso.
Lisboa das pessoas...
Agora espero que Lisboa volte para as pessoas, para aquelas que a sentem como algo vivo, que se mexe, que nos mexe, cujo coração palpita e que merece ruas cheias de gente, de gente que gosta de as percorrer, parar, observar e deixar enredar pela(s) história(s)que a cidade nos pode ajudar a viver.
Estou farto de ver Lisboa escura, morta, vazia. Estou farto de ver Lisboa chorar, carpir mágoas velhas de muitos decénios e ficar, tal como tem estado, a sonhar com avenidas que desagúem pessoas, as pessoas que a devem e querem fazer.
Tragam as lojas para a rua, tragam os cinemas para a rua, abram as praças e pintem os jardins. Que o betão seja ligeiro e que os tão modernos shopping centers passem a ser só memórias de um tempo em que a cidade se fechava por não se conseguir olhar no espelho.
Deixem que Lisboa se volte a descobrir e possa, finalmente, rever-se na sua plenitude.
Devolvam-na às pessoas!
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Tommy in Woodstock
Do fundo da História, quando 40 anos passaram sobre festa de Woodstock, continua a ser um prazer ouvir as músicas que fizeram de Tommy a primeira grande ópera em tons de rock, pelas mãos daqueles que lhe deram alma:
Antes de Maomé
Antes de se chamar Yussuf Islam, quando os setenta começavam a despontar, Cat Stevens cantava esta canção que, ainda hoje, me convence que o senhor sabia fazer coisas bem engraçadas...
50 anos irredutíveis
Bonita esta homenagem a um símbolo da França que, na verdade, simboliza tudo aquilo que nós, independentemente do país, gostaríamos que tivesse sido a nossa infância. Um recheio de aventuras divertidas e sábias, capazes de nos transportarem a lugares únicos que, só aqueles que as partilharam, têm capacidade de reviver.
Obrigado Uderzo, obrigado Goscinny!
Obrigado Uderzo, obrigado Goscinny!
A ler com (toda) atenção
Já aqui o disse, agora repito-o ainda com mais convicção. Neste sitio estão os melhores textos de toda a blogosfera.
Duros, frios, às vezes quase crús, mas de uma beleza penetrante e enorme. Não deixem de ler esta senhora porque ela sabe o que diz e, sobretudo, como diz.
domingo, 11 de outubro de 2009
Ermelo City
No DN:
«Marido de candidata morto junto de assembleia de voto
"Houve troca de tiros entre o candidato do PS [à freguesia de Ermelo, António Cunha,] e o marido da senhora presidente e candidata do PSD ao mesmo cargo e há um que cai. O candidato do PS é que vitimou o marido da presidente", disse Alexandre Chaves.
(...)
"O homicida agiu em legítima defesa e ficou inclusivamente ferido. A vítima esperou-o mesmo antes de abrirem as urnas, pelas 07:35, e disparou e o outro [candidato do PS] reagiu", afirmou o candidato socialista à autarquia de Mondim de Basto, Humberto Cerqueira.»
Nem tu, John Wayne, farias melhor!
sábado, 10 de outubro de 2009
histórias de Rosa Branca
XIV
À porta de sua casa a velha Efigénia olhava a correria que, naquela manhã, não parava em direcção à Praça.
Apesar de não se sentir surpreendida, Efigénia nunca vira nada assim. Recordou então os momentos em que Alberto Perestrelo lhe confidenciara que acontecimentos viriam que mudariam a face de Rosa Branca.
Na verdade nunca acreditara nas previsões do seu primo Alberto, embora sempre lhe adivinhasse uma convicção fora do vulgar.
Hoje Jordão tentava provar-lhe, a ela e a todos os outros, que o seu avô não era apenas um lunático sonhador.
Efigénia decidiu então sair. Fechou a porta de casa e contra o seu hábito de sempre, resolveu trancá-la.
Fez-se então ao caminho. Voltou as costas à Praça e dirigiu-se para a estrada que a levava para fora de Rosa Branca. Um leve sorriso assomou-se ao seu rosto. Ela sabia que a verdadeira proeza não iria acontecer na Praça.
(continuará)
...
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
As canções que mudam o mundo
São coisas como esta que nos redimem a vida.
Como esta e como todas as outras que Paddy nos oferece neste novo disco.
São as mais bonitas canções, outra vez, a confirmarem a excelência e, sobretudo, a beleza.
Ouçamo-las com o coração aberto...
Como esta e como todas as outras que Paddy nos oferece neste novo disco.
São as mais bonitas canções, outra vez, a confirmarem a excelência e, sobretudo, a beleza.
Ouçamo-las com o coração aberto...
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Lembremo-nos
Quando nos esquecemos não estamos apenas a deixar para trás pedaços da nossa memória, estamos a perder, talvez definitivamente, pedaços de nós, que nos fazem falta, que nos completam, que nos formam e fazem ser.
Quando nos esquecemos, perdemos vidas que nos compuseram, que nos mostraram caminhos, sabores, desejos, vontades.
Quando nos esquecemos, vamos desaparecendo devagarinho, porque cada esquecimento torna-nos mais pequenos, menos gente.
A memória torna-nos humanos, o esquecimento deforma-nos.
Por cada instante em que nos ocupamos a recordar, ganhamos novas horas, por cada minuto que teimamos em esquecer, perdemos o caminho de volta.
E o dia há-de chegar em que apenas nos restará lembrarmo-nos do quanto nos foi difícil esquecer que esse dia haveria de chegar …
Para além
As portas abrem-se e o vento sacode-lhe os cabelos.
De olhos fechados dá os primeiros passos. Pé ante pé, tacteando o ar que se vai afastando à sua frente, descobre que na escuridão propositada o mundo lhe parece mais claro. Só quem nunca se viu por dentro pode ignorar a beleza dos sons, dos cheiros, das suas texturas, cambiantes, densidades e dimensões.
Percorre assim os minutos que lhe vão sucedendo. No seu isolamento percebe a multidão que se aproxima mas não o atormenta, sabe que no segundo seguinte outra onda de contentamento lhe percorrerá todo o corpo.
Não é êxtase, é apenas a sabedoria de ser assim, de se conhecer assim, de se querer assim. De olhos fechados, mas vendo para além…
Adrian Mole e o Ikea
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Opções
No Público:
«Eleições Autárquicas
Carvalho da Silva apoia António Costa
Carvalho da Silva acabou de tomar um café na Brasileira do Chiado com António Costa, tendo declarado que “é preciso para Lisboa e para os lisboetas que António Costa ganhe as eleições".(...)»
Porque ainda há comunistas que sabem olhar para os lados e, sobretudo, para a frente!
Generation Gap
Desde há muito tempo que se fala de conflito de gerações, sendo que, muito sinceramente, nunca entendi muito bem do que se tratava.
Por aquilo que me vou apercebendo, enquanto a minha geração vai envelhecendo, trata-se de um conflito de interesses, de vontades, de formas de pensar e fazer. Mas isso não é, só, geracional; é local, regional, pessoal, sectorial, individual, por aí fora…
É claro que há sons, imagens, locais, cheiros, que pertencem mais a um certo tempo, eventualmente, a um certo espaço, mas não gosto de embarcar, embora o faça muitas vezes, naquele velho refrão que diz, No meu tempo era que era. Primeiro que tudo por que cada geração tem mais que um tempo, tem todos os tempos que vive e que se prolongam por várias idades, já que, em concreto, também não faço ideia de quantos anos se compõe uma geração. Sei que há gostos que surgem, se desenvolvem e se emancipam numa determinada altura, mas, graças, não se confinam aí. Se valerem a pena hão-de continuar e na pior das hipóteses, perpetuar-se sempre que alguém gostar deles. Por isso não me parece curial a apropriação que algumas gerações fazem de certos ícones populares, sejam eles músicas/os, livros, pinturas, o que for. Eu, por exemplo, mal sabia ler quando os Beatles se separaram e não é por isso que os acho de uma geração anterior à minha, creio mesmo que são de todas as gerações, mais que não fosse, porque o que é eterno nos pertence a todos. Mas outras coisas menos, aparentemente, evidentes, como a música dos anos 80, aquela que dizem ser a da minha geração, é algo que, no imediato, associo a momentos agradavelmente vividos, ao meu tempo, no fundo aquele tempo em que a única responsabilidade séria que tinha era saber quantas cervejas conseguia beber antes de ficar incapaz de distinguir o rosto que estava à minha frente, mas, mesmo assim, esse tempo não é património das pessoas da minha idade, embora, todos nós, incluindo eu, assim o achemos.
No fundo o que quero dizer, é que não acredito no conflito de gerações, simplesmente porque não sei o que é uma geração. Acredito, sim, no conflito de interesses, de gostos, de posturas, de vontades, e isso, creio, é inter-geracional.
Agora que os putos de hoje são irritantes, ah, isso é indiscutível!
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Bambis
Houve uma altura, nas minhas deambulações musicais, em que me deixei levar pela voz e pelos sons de David Sylvian. Os seus três primeiros discos, após a saída dos Japan, acompanham-me ainda hoje e são-me referências permanentes.
Anda já por aí um novo disco de Sylvian, não o ouvi, mas já lhe vi o rosto.
É bonito, terno até.
Mas, curiosamente, a primeira imagem que me assaltou foi aquela que eu menos esperaria. Lembrei-me do furioso e ao mesmo tempo divertido Who Killed Bambi, que saía gritado do fundo da alma dos Sex Pistols…
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
sábado, 3 de outubro de 2009
histórias de Rosa Branca
XIII
Naquele dia João Onofre saiu de sua casa com a convicção única de que alguma coisa de importante iria acontecer. Quando a porta bateu atrás de si, olhou o céu, límpido, sem uma nuvem. O sol escaldante queimou-lhe o olhar.
Começou então a caminhar em direcção à praça grande, onde a multidão se ia juntando.
Parou mesmo em frente à torre sineira da igreja. Olhou para cima e viu Jordão lá bem no alto.
Muitos anos antes, quando ainda se sentavam nos bancos da escola, Jordão confessara-lhe a certeza daquele dia. Não acreditara, normalmente não acreditava no que Jordão lhe contava, embora nunca lhe tivesse mentido. Mas aquilo não era uma mentira, era apenas uma incredulidade. João Onofre simplesmente não podia crer no que Jordão lhe havia prometido.
Contudo, hoje, o seu cepticismo preparava-se para ser quebrado e João Onofre ali estava, preparado para se render à convicção do seu amigo. Era, aliás, o único presente naquela praça a ter a absoluta certeza daquilo que estava prestes a acontecer.
(continuará)
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
procuras
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Hippies're not dead!
40 anos depois os Hippies voltam a Nova Iorque!
Afinal é apenas parte do elenco que reproduziu a ópera rock Hair nos novos palcos da cidade.
O senhor velhinho que aparece no fim do vídeo é James Rado, um dos seus autores.
Afinal é apenas parte do elenco que reproduziu a ópera rock Hair nos novos palcos da cidade.
O senhor velhinho que aparece no fim do vídeo é James Rado, um dos seus autores.
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