terça-feira, 13 de outubro de 2009

Os patos autárquicos


A mim fazem-me impressão as casas que não têm alma. Aquelas casas que parecem razoavelmente habitáveis por fora, algumas até por dentro, mas que são nada. São apenas sítios onde vivem algumas pessoas, que entram e saem, almoçam e jantam, dormem e vêem televisão, mas não têm nada mais. Falta-lhes emoção, falta-lhes capacidade para serem.
Gosto daquelas casas em que sentimos a vida pulsar, mesmo que estejam vazias. São as casas que têm histórias, que viveram e souberam viver, cujas paredes têm ouvidos e sobretudo vozes.
São essas as casas que souberam acolher e acarinhar os seus habitantes, que escolheram quem nelas viveu, são casas que pensam e nos fazem pensar.
São essas as casas que fazem as verdadeiras cidades, as necessárias para que uma cidade, uma vila, uma aldeia, possam ser verdadeiras, mesmo que sejam fantasmas. Porque as outras, aquelas que são construídas em série, mais não são que prisões às quais nos condenam alguns poderes (há muito) estabelecidos.
Creio que, no último domingo, perdemos, mais uma vez, uma boa oportunidade para mudar isso.

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