terça-feira, 23 de março de 2010

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(...)Estendiam umas mantas no chão terroso e abriam umas caixas de madeira onde traziam talheres e pratos, copos e garrafas. Depois abriam outras caixas de onde saiam croquetes, rissóis e até um arroz de cabidela que vinha num termo para ficar quentinho.
E havia uma garrafa de vinho e outra de laranjada. BB era a marca, lembro-me bem. Bem Boa! E isso já não me lembro se era, eu bebia água.
Depois da sesta, à beira da estrada, lá seguíamos viagem. Rumo à aldeia de pedra, que era pobrezinha, mas bonita, e onde familiares me inundavam de beijos molhados, com hálitos de velhos de séculos e onde as casas de pedra eram mais frias que todos os invernos que eu conhecera.
Foi há tanto tempo. Apesar de tudo tinham sido agradáveis aquelas viagens e aqueles velhos sorridentes e baços que, afinal, hoje já não existem. Velhos como aqueles perderam-se no tempo. Hoje os velhos ficam em frente aos aparelhos de televisão, trocando os tempos que ainda têm, por visões de programas estupidificantes que lhes prometem horas de entretenimento, mas que lhes tiram a vida aos poucos. Alzheimers em directo e a cores.
(...)

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