Nestes tempos em que o deus dinheiro e o seu profeta capitalismo imperam, nada mais importa.
E eu, que tenho por hábito relativizar aquilo que as religiões nos querem passar, fico estupidamente espantado como é possível que isto seja permitido!
Ou será que o Vaticano já está a pensar canonizar o pontapeador de bolas?
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Salinger
histórias com música (20)
O luar brilhava por entre as árvores despidas.
O caminho era longo, pelos carreiros da floresta escura.
Caminhava de cabeça baixa para não ter que procurar.
Deixava-se levar como um sonâmbulo, naquela dormência própria de quem não sente as horas.
Não lhe interessava conhecer o destino, apenas sabia que não podia parar.
Um corvo tapou, por instantes, a luz da lua.
Parou então. Olhou para o alto. Viu o vento que passava por ali.
Sentou-se nas folhas mortas que atapetavam o chão.
Viu que os lobos se aproximavam sorrateiros, com os olhos brilhando no escuro, vigiando os seus movimentos.
Aproximaram-se cautelosos.
Sentaram-se a seu lado.
Um longo uivo soou então.
A lua tornou-se mais luminosa. As árvores afastaram-se e a noite ficou mais clara.
Naquele instante percebeu quem era e o que fazia ali.
E seguiu o seu caminho…
O caminho era longo, pelos carreiros da floresta escura.
Caminhava de cabeça baixa para não ter que procurar.
Deixava-se levar como um sonâmbulo, naquela dormência própria de quem não sente as horas.
Não lhe interessava conhecer o destino, apenas sabia que não podia parar.
Um corvo tapou, por instantes, a luz da lua.
Parou então. Olhou para o alto. Viu o vento que passava por ali.
Sentou-se nas folhas mortas que atapetavam o chão.
Viu que os lobos se aproximavam sorrateiros, com os olhos brilhando no escuro, vigiando os seus movimentos.
Aproximaram-se cautelosos.
Sentaram-se a seu lado.
Um longo uivo soou então.
A lua tornou-se mais luminosa. As árvores afastaram-se e a noite ficou mais clara.
Naquele instante percebeu quem era e o que fazia ali.
E seguiu o seu caminho…
What´s the point?
Lido no i:
«Stieg Larsson acusado de não ser o autor da trilogia Millenium
(...)Hellberg, um jornalista com 60 anos, acusou o já desaparecido ex-colega, Larsson, num artigo publicado no "Dagens Nyheter's", um dos jornais de maior tiragem da Suécia. Segundo Hellberg, Stieg Larsson não tinha talento nem tempo para escrever tanto, mais de mil páginas num par de anos. Hellberg chega mesmo a afirmar que quem escreveu a trilogia foi Eva Gabrielsson, companheira de Larsson durante 32 anos.(...)»
Ora isto traz-me à memória uma velha piada que ouvi, há já largos anos, no saudoso pão com manteiga.
Dizia, mais ou menos, isto:
Os Lusíadas não foram escritos por Camões, mas sim por outro homem que, curiosamente, também se chamava Camões!
Discussão estéril perante uma obra que não a merece.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
histórias com música (19)
Antes da escuridão, quando ainda o grande tempo se vivia, pensava que possuía o toque.
Os dias viviam-se de baixo para cima, numa espécie de jogos sem fronteiras, nessa altura dizíamo-nos fá-lo tu mesmo.
Crescemos e julgámos que a vida era mais que isto. Até que percebemos que a enchente estava a chegar e que não havia saída.
Hoje permanece uma gota, que, no entanto, continua a segredar, não desistas, nos teus olhos ainda vive um céu azul.
Os dias viviam-se de baixo para cima, numa espécie de jogos sem fronteiras, nessa altura dizíamo-nos fá-lo tu mesmo.
Crescemos e julgámos que a vida era mais que isto. Até que percebemos que a enchente estava a chegar e que não havia saída.
Hoje permanece uma gota, que, no entanto, continua a segredar, não desistas, nos teus olhos ainda vive um céu azul.
Barrigada de golos
A História
Bonanza
Agora que desaparece o último elemento da familia Cartwright, resta-nos relembrar esta música e o genérico de abertura duma série que fez os encantos da nossa meninice.
hsitórias com música (18)
As nuvens estão a chegar.
Carregadas. Cheias. Compactas.
Prestes a desabar. A cobrir-nos. A inundarem os nossos sentidos.
A encherem-nos.
Olhamo-las com a inocência há muito perdida, mas com o desejo intacto.
O medo já não existe aqui.
Em cada solidão sente-se o apelo. Para que desçam e se transformem no mar por que ansiamos.
A vida escorre em cada pingo que nos irá molhar.
O horizonte carrega-se de cores vivas. Rubras.
Um silêncio imenso anuncia a tempestade. Aquela por que todos esperam.
Todos os abrigos foram abertos. Nem uma única cabeça se encontra coberta.
E ei-la que começa a cair, sem piedade, sem trégua, imparável.
E em cada um renasce a criança que parecia esquecida.
Não haverá mais negação, tudo estará certo.
E um imenso mar vermelho nos irá abrigar…
Carregadas. Cheias. Compactas.
Prestes a desabar. A cobrir-nos. A inundarem os nossos sentidos.
A encherem-nos.
Olhamo-las com a inocência há muito perdida, mas com o desejo intacto.
O medo já não existe aqui.
Em cada solidão sente-se o apelo. Para que desçam e se transformem no mar por que ansiamos.
A vida escorre em cada pingo que nos irá molhar.
O horizonte carrega-se de cores vivas. Rubras.
Um silêncio imenso anuncia a tempestade. Aquela por que todos esperam.
Todos os abrigos foram abertos. Nem uma única cabeça se encontra coberta.
E ei-la que começa a cair, sem piedade, sem trégua, imparável.
E em cada um renasce a criança que parecia esquecida.
Não haverá mais negação, tudo estará certo.
E um imenso mar vermelho nos irá abrigar…
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Cidades sem tempo
Dentro de algumas cidades há almas sangrando, almas que não se vêem, mas que se pressentem, que se assomam quando queremos ver para além do óbvio, que deixam que nos enleemos se estivermos abertos a isso, que nos presenteiam com todo o seu esplendor se para tal estivermos preparados.
São raras as cidades assim, mas existem. E, nessas que se assim se nos apresentam, há uma que é mais evidente. Basta passearmos nas suas ruas de alma descoberta, basta sabermos levantar os olhos e ver para além das ruas, das casas, das pessoas. Saber olhá-la nos olhos e sobretudo ver para além deles.
É assim Barcelona.
É assim que vem em muitos dos livros que a descrevem, que a mostram, que a descobrem, como este que aqui vos mostro.
Mas é assim, sobretudo, para quem lá chega e se deixa inundar pelos seus mistérios e maravilhas.
São assim as cidades sem tempo…
São raras as cidades assim, mas existem. E, nessas que se assim se nos apresentam, há uma que é mais evidente. Basta passearmos nas suas ruas de alma descoberta, basta sabermos levantar os olhos e ver para além das ruas, das casas, das pessoas. Saber olhá-la nos olhos e sobretudo ver para além deles.
É assim Barcelona.
É assim que vem em muitos dos livros que a descrevem, que a mostram, que a descobrem, como este que aqui vos mostro.
Mas é assim, sobretudo, para quem lá chega e se deixa inundar pelos seus mistérios e maravilhas.
São assim as cidades sem tempo…
Revivalismo Prog (I)
Porque às vezes nos faz bem olhar para trás e lembrarmo-nos que, em certos momentos, aquilo que nos fez pessoas, continua por aí.
Vou deixar-vos com algumas das minhas memórias musicais dos idos de 70, quando o Prog ainda imperava e me ia adocicando os dias.
Embora estas águas já tenham passado, o rasto que deixaram ainda hoje me faz sorrir.
sábado, 23 de janeiro de 2010
Quick et Flupke
Há 80 anos atrás surgiram, nos Marolles, dois pequenos gamins que fizeram gato sapato do policia Nº 15 e que nos deram algumas das diabruras mais deliciosas de toda a banda desenhada.
Nascidos da imaginação de Hergé, Quick e Flupke, cedo encarnaram o espírito folgazão da zona mais popular de Bruxelas.
Fazem hoje 80 anos, mas continuam os pequenos diabretes que deambulam divertidamente pelo Sablon, pelo Jeu de Balle e pela Rue Haute, onde, aliás, os podemos ver, mais uma vez, a tentar escapar ao policia de giro.
Nesta data querida resta-nos cantar, com toda a vontade uns parabéns a você, em marollien, está bem de ver.
Nascidos da imaginação de Hergé, Quick e Flupke, cedo encarnaram o espírito folgazão da zona mais popular de Bruxelas.
Fazem hoje 80 anos, mas continuam os pequenos diabretes que deambulam divertidamente pelo Sablon, pelo Jeu de Balle e pela Rue Haute, onde, aliás, os podemos ver, mais uma vez, a tentar escapar ao policia de giro.
Nesta data querida resta-nos cantar, com toda a vontade uns parabéns a você, em marollien, está bem de ver.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Jacques O Intrépido
histórias com música (17)
Lá está ela a cantar outra vez. Muito canta ela.
E desta canção não gosto nada, porque será que insiste?
Também não sei como hei-de reclamar. Talvez se bater os pés ela perceba e se cale.
Eu gosto da sua voz. Muito até.
Mesmo quando fala baixinho e me diz coisas que não compreendo, mas que gosto de ouvir.
Imagino a sua cara. Deve ser bonita. Pelo menos a julgar pela voz.
Também já a ouvi gritar, chateada. Não comigo, é certo. Acho eu…
Às vezes ele também canta. Desafina muito e tem uma voz horrível. Mas acho que tem boa vontade e as canções que canta são as mais engraçadas. Pelo menos fazem-me rir, embora não saiba bem se me rio das canções ou da maneira de como ele as canta.
O que interessa é que me divirto.
Oiçam, ela recomeçou a cantar. Esta é nova.
E ele canta também.
Em coro.
É muito bonita esta. Parece que falam de mim. E dela. E dele também. De nós.
É bem bonita.
Oiçam…
E desta canção não gosto nada, porque será que insiste?
Também não sei como hei-de reclamar. Talvez se bater os pés ela perceba e se cale.
Eu gosto da sua voz. Muito até.
Mesmo quando fala baixinho e me diz coisas que não compreendo, mas que gosto de ouvir.
Imagino a sua cara. Deve ser bonita. Pelo menos a julgar pela voz.
Também já a ouvi gritar, chateada. Não comigo, é certo. Acho eu…
Às vezes ele também canta. Desafina muito e tem uma voz horrível. Mas acho que tem boa vontade e as canções que canta são as mais engraçadas. Pelo menos fazem-me rir, embora não saiba bem se me rio das canções ou da maneira de como ele as canta.
O que interessa é que me divirto.
Oiçam, ela recomeçou a cantar. Esta é nova.
E ele canta também.
Em coro.
É muito bonita esta. Parece que falam de mim. E dela. E dele também. De nós.
É bem bonita.
Oiçam…
O bife de Lisboa
A fruta tripeira
Sá Pinto strikes again
«Incidente grave entre Sá Pinto e Liedson
Dirigente e goleador "pegaram-se" depois do encontro; Reacção oficial para hoje.
Segundo A BOLA apurou, o mal-estar entre ambos — partilharam o banco do Sporting — instalou-se ainda durante o jogo. Sá Pinto não terá gostado de uma observação feita pelo levezinho e a situação ficou bastante tensa. Finalizado o encontro, novo dito de Liedson provocou a ira de Sá Pinto, tendo-se então verificado cenas impróprias, que levaram a que Carlos Carvalhal chegasse bastante atrasado à conferência de imprensa.(...)»
Será que o Sá Pinto viu no Liedson uma espécie de reencarnação do Artur Jorge, ou é só mesmo o seu bom feitio?
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
histórias com música (16)
A sua disposição era péssima.
O céu acompanhava-o, escurecendo à medida que ele ia passando.
Os olhos pregados no chão, as mãos inertes, pendiam mortas ao longo do corpo. Cada passo mais difícil.
O céu escuro acompanhava-o, deixando que pingos grossos lhe marcassem o caminho.
Já não se lembrava da luz, nem de ver outras cores para além do cinzento-escuro e do breu que lhe acompanhavam as horas.
Não via ninguém, ninguém o via. Não falava com ninguém, ninguém falava com ele. Evitavam-no porque dele só emanava tristeza.
Naquele dia, no entanto, alguém reparou no homem cinzento e parou a olhá-lo. Ele nem se deu conta, continuando a caminhar indiferente a tudo e a todos.
Até que lhe tocaram no ombro e ele num sobressalto parou. Levantou a cabeça e uma forte luz obrigou-o a fechar os olhos.
- Olá – disseram-lhe.
Ele não conseguia ouvir as palavras, mas sentiu que um calor inabitual o começava a inundar.
Quando, finalmente, abriu os olhos, sentia-se mais quente, confortável e percebeu que o céu também podia ser azul.
O céu acompanhava-o, escurecendo à medida que ele ia passando.
Os olhos pregados no chão, as mãos inertes, pendiam mortas ao longo do corpo. Cada passo mais difícil.
O céu escuro acompanhava-o, deixando que pingos grossos lhe marcassem o caminho.
Já não se lembrava da luz, nem de ver outras cores para além do cinzento-escuro e do breu que lhe acompanhavam as horas.
Não via ninguém, ninguém o via. Não falava com ninguém, ninguém falava com ele. Evitavam-no porque dele só emanava tristeza.
Naquele dia, no entanto, alguém reparou no homem cinzento e parou a olhá-lo. Ele nem se deu conta, continuando a caminhar indiferente a tudo e a todos.
Até que lhe tocaram no ombro e ele num sobressalto parou. Levantou a cabeça e uma forte luz obrigou-o a fechar os olhos.
- Olá – disseram-lhe.
Ele não conseguia ouvir as palavras, mas sentiu que um calor inabitual o começava a inundar.
Quando, finalmente, abriu os olhos, sentia-se mais quente, confortável e percebeu que o céu também podia ser azul.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Um grande e vermelho sorriso
histórias com música (15)
Falta-lhe o ar…
Quando, com os olhos fechados, estende a mão e não consegue alcançar.
Quando, de braços abertos, dá um passo em frente e não consegue chegar.
Sente a brisa…
Quando, de olhos fechados, se deixa enlevar.
Quando, de braços abertos, se deixa conquistar
Voa…
Quando, de olhos abertos, vê todo o mundo iluminado à sua volta
Quando, de braços apertados, sente todo o mundo dentro de si.
Se o vento soprar de feição, nada será em vão…
Quando, com os olhos fechados, estende a mão e não consegue alcançar.
Quando, de braços abertos, dá um passo em frente e não consegue chegar.
Sente a brisa…
Quando, de olhos fechados, se deixa enlevar.
Quando, de braços abertos, se deixa conquistar
Voa…
Quando, de olhos abertos, vê todo o mundo iluminado à sua volta
Quando, de braços apertados, sente todo o mundo dentro de si.
Se o vento soprar de feição, nada será em vão…
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
histórias com música (14)
Não gostava muito de música, ou pelo menos pensava isso.
Não tinha gira-discos, nem leitor de cd’s. Não fazia ideia do que era um ipod e nunca tinha ouvido falar de mp3.
Nunca tinha assistido a um concerto, entrado numa discoteca, quase não ouvia rádio, nem via televisão.
Queimava os dias, uns atrás dos outros, sem se aperceber que havia coisas muito belas que desconhecia. Tinha um lema escondido, o que se desconhece, nunca apetece.
Sabia que lhe faltavam coisas, mas não fazia ideia que coisas eram. Ia errando pela vida ao sabor do que lhe traziam os dias. Dias que lhe eram pequenos, porque assim os queria.
Não se sentia alegre, nem sequer triste, era um ser quase metálico, onde as emoções esbarravam sem encontrar porta de entrada.
Um dia descobriu que estava sol, abriu então a janela do seu quarto e viu pessoas. Nas outras janelas de outros quartos, na rua, nas varandas, no cimo das árvores e ouviu um som que ia subindo pelas ruas.
Música?
Sentiu algo que não conhecia.
Música? É assim a música?
Debruçou-se mais. Viu que as pessoas batiam palmas, algumas dançavam e viu que estavam contentes.
Um sorriso envergonhado subiu-lhe ao rosto. Sentia-se diferente. Bem.
Estava quase alegre.
Foi então que soltou uma sonora e sincera gargalhada, no exacto momento em que a banda passou debaixo da sua janela…
Não tinha gira-discos, nem leitor de cd’s. Não fazia ideia do que era um ipod e nunca tinha ouvido falar de mp3.
Nunca tinha assistido a um concerto, entrado numa discoteca, quase não ouvia rádio, nem via televisão.
Queimava os dias, uns atrás dos outros, sem se aperceber que havia coisas muito belas que desconhecia. Tinha um lema escondido, o que se desconhece, nunca apetece.
Sabia que lhe faltavam coisas, mas não fazia ideia que coisas eram. Ia errando pela vida ao sabor do que lhe traziam os dias. Dias que lhe eram pequenos, porque assim os queria.
Não se sentia alegre, nem sequer triste, era um ser quase metálico, onde as emoções esbarravam sem encontrar porta de entrada.
Um dia descobriu que estava sol, abriu então a janela do seu quarto e viu pessoas. Nas outras janelas de outros quartos, na rua, nas varandas, no cimo das árvores e ouviu um som que ia subindo pelas ruas.
Música?
Sentiu algo que não conhecia.
Música? É assim a música?
Debruçou-se mais. Viu que as pessoas batiam palmas, algumas dançavam e viu que estavam contentes.
Um sorriso envergonhado subiu-lhe ao rosto. Sentia-se diferente. Bem.
Estava quase alegre.
Foi então que soltou uma sonora e sincera gargalhada, no exacto momento em que a banda passou debaixo da sua janela…
Vamos à la playa
"Na apresentação de mais um estudo sobre o impacto do projecto de alta velocidade no sector do turismo, o ministro das Obras Públicas reiterou que Portugal pode vir a beneficiar «bastante» com o TGV, sublinhando que Lisboa pode mesmo «transformar-se na praia de Madrid»."
Ao que parece, nuestros hermanos, nem quiseram ouvir mais nada...
Ao que parece, nuestros hermanos, nem quiseram ouvir mais nada...
Deus ou Diabo ?
“Quanto ao Diabo, não passa da dor de Deus.” *
Que dizer então deste nosso mundo?
Deus há-de estar cheio de dores. Talvez mesmo moribundo; não sabendo bem onde começa uma dor, ou onde acaba a anterior.
Isto se quisermos acreditar que o mal é provocado por aquilo a que nos habituámos apelidar de diabólico, satânico, demoníaco e por aí fora.
“que provas temos de que no combate entre o bem e o mal, entre Deus e o Diabo, ganhou o primeiro?”**
“A história [é sempre, ou quase] contada do lado dos vencedores.”*
* Clube Dumas (Arturo Pérez-Reverte)
** A Cidade sem Tempo (Enrique Moriel)
histórias de Rosa Branca
XXII
Apesar de ser impossível, parecia-lhe mais velho hoje. Pelo menos mais cansado, o que era, igualmente, uma impossibilidade, ou, pelo menos assim julgava.
Como habitualmente o Velho não lhe falava, bastava estarem ali, um em frente ao outro, deixando que os olhos se revelassem, para tudo compreenderem.
Hoje havia uma espécie de neblina entre eles, os olhos do Velho não estavam tão legíveis como das outras vezes. Com alguma dificuldade lá foi detectando as suas preocupações, percebendo os seus avisos, embora, sinceramente, não os entendesse.
Das primeiras vezes, sim, tinha sido difícil lá chegar, mas com o tempo, a experiência e a cumplicidade entretanto criada, aquela forma peculiar de comunicação já não lhe oferecia dificuldades.
Hoje, no entanto, era diferente. Percebeu que o Velho continha em si alguma dose de sofrimento, isso era patente, ouvia-lhe as lamúrias e os avisos, mas não sabia como actuar, o que fazer, não conhecia o próximo passo.
O tempo estava, contudo, a passar. O Velho desvaneceu-se na bruma e Zacarias ficou imóvel, olhando o espaço vazio à sua frente e sentindo-se quase impotente para seguir. E o quase aqui tem uma importância suplementar, porque breves instantes após, Zacarias percebeu o que tinha que fazer, pelo menos era a única solução que tinha encontrado para aquilo que entendera do Velho.
Olhou então em frente e começou a caminhar.
(continuará)
Memórias com leite quente
Lembro-me daquelas tardes frias de Invernos felizes, quando me sentava à mesa da sua cozinha, cuja pedra exibia, sempre, uma brancura imaculada.
Lembro-me da sua voz quente e doce, com um leve sotaque da Beira Baixa, que sempre me fascinou. Os seus olhos muito azuis reflectiam-se nos meus, que sorriam por a ter ali.
Então chegava aquele enorme pão com um queijo beirão que me sabia tão bem e uma caneca de leite quente, que servia como tónico para o que restava do dia.
A noite já não tardava, o dia ia chegando ao seu fim, mas nada disso era desanimador, pelo contrário, eu estava seguríssimo que no dia seguinte a cena se iria repetir e que se repetiria para sempre.
Feliz é a doce ignorância infantil…
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Lello
Ouvindo Pereira (obrigado Tabucchi)
Vivemos vidas recatadas, presas a convicções, ou a convenções, de todo o modo presas, de mãos atadas, à espera de uma qualquer redenção que teima em não chegar.
Quase sem darmos por isso, perdemo-las assim. Nunca chegamos a saber o seu significado. Vamos indo. Se Deus quiser.
Uma bofetada aqui e ali pode servir para abrir um olho, com sorte os dois e ver para além do evidente. Ou não…
O bom povo afirma, não sei se convictamente, que mais vale tarde que nunca. Eu diria que mais vale cedo que tarde, embora não saiba afirmar o que aqui significa cedo ou tarde, muito menos o que quer dizer nunca, palavra (sentimento?) tão definitiva, longínqua.
Sei que há momentos, ontem e hoje e até amanhã, em que a liberdade vai passando por nós e que mesmo que só a vislumbremos por breves instantes, a devemos abraçar, senti-la junto a nós e deixar que ela nos banhe por completo. Não esquecê-la, mesmo que demore muito a voltar, porque só assim conseguiremos colar sorrisos nas caras que trazemos todos os dias.
Espero que assim seja, pelo menos foi o que ouvi Pereira afirmar e eu gosto de acreditar nele.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
histórias com música (13)
A noite estava luminosa. Uma lua enorme, maior que todas as que já vira, enchia de bons prenúncios aquele fim de dia.
Saiu para a rua, olhando o céu e contando todas as estrelas que entretanto se tinham aproximado.
Não sabia onde ia, nem isso o preocupava neste instante. Queria apenas seguir aquele caminho que a lua lhe indicava e cair, por ventura, nas garras de algum lobisomem que, decerto, iria estar à solta numa noite como esta.
Ao rodar a primeira esquina viu-a distintamente. Era riscada, tinha uns olhos penetrantes e fitou-o com languidez. Rápida como uma seta, fugiu o mais depressa que pode. Ele ainda esboçou um gesto que indiciava uma corrida, mas logo desistiu. Não valia a pena, pensou, numa noite como esta não era uma qualquer vadia que o faria correr.
Subiu o muro mais próximo e espreguiçou-se ao luar. Abriu muito os olhos e mirou-se num vidro próximo. Achou-se deslumbrante.
Esperou… Sabia que esta ia ser uma noite boa!
A vadia, como ele a havia alcunhado, aproximava-se devagar. Ele fez de conta que não a via. Ela subiu o muro lentamente e encostou-se a ele devagar, ronronando como só ela sabia.
Ele olhou-a fixamente nos olhos e sorrindo maliciosamente, disse-lhe na voz mais penetrante que era capaz:
- Miauuuu…
Saiu para a rua, olhando o céu e contando todas as estrelas que entretanto se tinham aproximado.
Não sabia onde ia, nem isso o preocupava neste instante. Queria apenas seguir aquele caminho que a lua lhe indicava e cair, por ventura, nas garras de algum lobisomem que, decerto, iria estar à solta numa noite como esta.
Ao rodar a primeira esquina viu-a distintamente. Era riscada, tinha uns olhos penetrantes e fitou-o com languidez. Rápida como uma seta, fugiu o mais depressa que pode. Ele ainda esboçou um gesto que indiciava uma corrida, mas logo desistiu. Não valia a pena, pensou, numa noite como esta não era uma qualquer vadia que o faria correr.
Subiu o muro mais próximo e espreguiçou-se ao luar. Abriu muito os olhos e mirou-se num vidro próximo. Achou-se deslumbrante.
Esperou… Sabia que esta ia ser uma noite boa!
A vadia, como ele a havia alcunhado, aproximava-se devagar. Ele fez de conta que não a via. Ela subiu o muro lentamente e encostou-se a ele devagar, ronronando como só ela sabia.
Ele olhou-a fixamente nos olhos e sorrindo maliciosamente, disse-lhe na voz mais penetrante que era capaz:
- Miauuuu…
A Nona Porta, aliás, O Clube Dumas
Roman Polansky realizou-o. Chamou-lhe A Nona Porta.
Johnny Depp deu-lhe cara.
Quem, no entanto, o pensou e lhe deu vida foi Reverte.
Chamou-lhe O Clube Dumas. Estou a lê-lo e está a cativar-me.
Não há nada como um bom livro. Mesmo que o filme que lhe suceda nos dê imagens que fascinam, as que nós próprios soltamos dos livros são as que realmente nos marcam.
domingo, 10 de janeiro de 2010
histórias com música (12)
- Menino não chores. Disse-lhe eu, tentando enxugar-lhe as lágrimas que lhe caíam em silêncio.
Olhou-me com o seu olhar único, meigo e triste. As lágrimas continuavam a cair. O coração continuava a apertar-me o peito.
- Não é necessário. Acrescentei, não acreditando, por um segundo que fosse, nas minhas próprias palavras.
Contudo, ele acedeu. Não sei se por me querer fazer a vontade, ou por acreditar na minha falta de convicção.
Passei-lhe a mão pela carita e ele sorriu.
- Assim sim menino. Estás mais bonito. Afirmei pensando que a sua beleza era igualmente evidente a chorar ou a sorrir.
Deu-me então a mão e perguntou-me na sua vozinha melodiosa.
- É mesmo verdade que os meninos não podem chorar?
Sorri e respondi-lhe.
- Não, não é.
Olhou-me com o seu olhar único, meigo e triste. As lágrimas continuavam a cair. O coração continuava a apertar-me o peito.
- Não é necessário. Acrescentei, não acreditando, por um segundo que fosse, nas minhas próprias palavras.
Contudo, ele acedeu. Não sei se por me querer fazer a vontade, ou por acreditar na minha falta de convicção.
Passei-lhe a mão pela carita e ele sorriu.
- Assim sim menino. Estás mais bonito. Afirmei pensando que a sua beleza era igualmente evidente a chorar ou a sorrir.
Deu-me então a mão e perguntou-me na sua vozinha melodiosa.
- É mesmo verdade que os meninos não podem chorar?
Sorri e respondi-lhe.
- Não, não é.
Revisitando Jacobs
Com o devido respeito pela memória de Jacobs, é altamente recomendável esta nova aventura de Blake e Mortimer, aqui apresentada de um modo particularmente peculiar.
A não perder!
A não perder!
12 angry men
A verdade nunca é nua e crua. Tem sempre muitas nuances, vertentes várias, olhares diversos. Há a minha e a tua, que pode ser diferente da nossa ou da vossa. Cada um de nós tem a sua e, muitas vezes, acredita nela sem rodeios, sem dúvidas, sem hesitações.
Resta saber até que ponto a verdade interessa deveras? Aquela que, dizem as vozes, é indubitável.
Será de fiar?
A sério?
Verdade, verdadinha?
Ou será que temos que procurar 12 homens, mesmo que sejam a preto e branco, para lá chegarmos?
Há 81 anos
histórias com música (11)
Olhei-te quando chegaste. The best day of my life, pensei, em inglês e tudo, que é mais cinematográfico.
Cresceste-me nos braços. Naqueles que te foram abraçando ao longo de todos estes anos. Mesmo quando não querias que te abraçasse, eu abracei-te.
Vi-te crescer, uns dias melhores que outros, uns dias mais felizes que outros.
Amparei-te, fiz-te sorrir e até gargalhar. Houve também alturas em que te desapontei, lamento-o, mas são assim as dores do crescimento. Do teu e do meu.
Estás diferente hoje, como é natural. No entanto continuo a ver-te como naquele primeiro dia, há já 11 anos. E sei que hei-de continuar a ver-te assim, porque foi das imagens, dos momentos, mais marcantes da minha vida e porque nada pode substituir isso. Ainda bem.
Sei que, muito provavelmente, tempos difíceis se vão aproximar, em que te vais chatear comigo e achar-me horrível, mas não faz mal, faz tudo parte. Para mim serás sempre um tesouro, uma jóia sorridente que me faz feliz.
My precious Kid…
(pelo dia de ontem)
Cresceste-me nos braços. Naqueles que te foram abraçando ao longo de todos estes anos. Mesmo quando não querias que te abraçasse, eu abracei-te.
Vi-te crescer, uns dias melhores que outros, uns dias mais felizes que outros.
Amparei-te, fiz-te sorrir e até gargalhar. Houve também alturas em que te desapontei, lamento-o, mas são assim as dores do crescimento. Do teu e do meu.
Estás diferente hoje, como é natural. No entanto continuo a ver-te como naquele primeiro dia, há já 11 anos. E sei que hei-de continuar a ver-te assim, porque foi das imagens, dos momentos, mais marcantes da minha vida e porque nada pode substituir isso. Ainda bem.
Sei que, muito provavelmente, tempos difíceis se vão aproximar, em que te vais chatear comigo e achar-me horrível, mas não faz mal, faz tudo parte. Para mim serás sempre um tesouro, uma jóia sorridente que me faz feliz.
My precious Kid…
(pelo dia de ontem)
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Bowie again!
E porque ele faz hoje anos.
E porque o tipo tem uma pinta incrível.
E porque eu gosto imenso desta canção.
E porque é o Camaleão, o único e inimitável Bowie.
Aqui fica Drive in Saturday numa excelente performance do sexagenário mais cool da música popular dos nossos dias!
Parabéns!
E porque o tipo tem uma pinta incrível.
E porque eu gosto imenso desta canção.
E porque é o Camaleão, o único e inimitável Bowie.
Aqui fica Drive in Saturday numa excelente performance do sexagenário mais cool da música popular dos nossos dias!
Parabéns!
Exponoivos (para todos)
Kings
Se fosse vivo Elvis Presley faria hoje 75 anos. Mas cantor por cantor, músico por músico, prazer por prazer, King por King, permito-me antes festejar outro aniversário, o 63º do Camaleão!
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
histórias com música (10)
Carregou no botão.
A porta, como era seu dever, abriu-se devagar.
Entrou.
Introduziu o cartão na ranhura respectiva.
A porta, como era seu dever, fechou-se lentamente.
A cabina estremeceu levemente e a viagem iniciou-se.
Olhou-se no espelho e viu-se cansado.
Entretanto a velocidade aumentou.
Como todos os dias fechou os olhos e deixou que a vertigem que sempre o acometia acalmasse.
Subitamente sentiu um solavanco inesperado. Abriu os olhos espantado e notou um abrandamento anormal.
Parou.
Olhou para o painel onde os números costumavam passar rapidamente e notou que estava apagado.
Intrigado voltou a colocar o cartão na ranhura. Nada.
Abriu então a portinhola que tinha escrito EMERGÊNCIA. Carregou no botão vermelho e esperou alguns segundos.
Nada.
Pegou no pequeno martelo que estava junto ao vidro fosco e partiu-o. Digitou o número de socorro.
Nada.
Olhou-se outra vez no espelho. Viu-se ainda mais cansado.
Tentou abrir a porta manualmente. Empurrou-a levemente. Abriu-se.
Não reconheceu o local. Não era em nada semelhante aos andares que já tinha visitado. Não conseguiu compreender em que piso estava. Nada daquilo lhe era familiar.
A medo saiu.
A porta, como era seu dever, fechou-se lentamente atrás dele.
Começou a andar, tentando encontrar algum ponto de referência.
Nada.
Voltou atrás e carregou no botão. A porta, contrariamente ao seu dever, manteve-se fechada.
Foi então que ouviu uma música ao longe. Uma leve brisa roçou-lhe a nuca.
Virou-se. Viu então que estava na rua e que o sol nascia.
Dirigiu-se para o local de onde julgava que a música subia. A rua era comprida, rodeada de árvores, mas não se via vivalma, nem casa alguma.
Ao passar junto a um muro viu uma inscrição. 150º Piso.
A música era agora mais forte, tal como o vento que lhe beijava a fronte.
Olhou para trás e a porta do elevador continuava no mesmo lugar. Fechada.
O prédio onde morava só tinha 149 andares. Era de betão e nunca se apercebera que houvesse algo por cima.
Tentou perceber o fim daquela rua, mas não encontrou contornos, curvas, abismos que o levassem a concluir estar no cimo de um edifício.
Voltou a ouvir a música. O vento era agora mais forte. Selvagem até.
Viu que um espelho o esperava um pouco mais à frente. Olhou-se nele. Não se reconheceu.
Já não estava cansado.
Começou então a correr. A música era mais forte. O vento mais selvagem.
Foi só no último momento que percebeu que estava a voar…
A porta, como era seu dever, abriu-se devagar.
Entrou.
Introduziu o cartão na ranhura respectiva.
A porta, como era seu dever, fechou-se lentamente.
A cabina estremeceu levemente e a viagem iniciou-se.
Olhou-se no espelho e viu-se cansado.
Entretanto a velocidade aumentou.
Como todos os dias fechou os olhos e deixou que a vertigem que sempre o acometia acalmasse.
Subitamente sentiu um solavanco inesperado. Abriu os olhos espantado e notou um abrandamento anormal.
Parou.
Olhou para o painel onde os números costumavam passar rapidamente e notou que estava apagado.
Intrigado voltou a colocar o cartão na ranhura. Nada.
Abriu então a portinhola que tinha escrito EMERGÊNCIA. Carregou no botão vermelho e esperou alguns segundos.
Nada.
Pegou no pequeno martelo que estava junto ao vidro fosco e partiu-o. Digitou o número de socorro.
Nada.
Olhou-se outra vez no espelho. Viu-se ainda mais cansado.
Tentou abrir a porta manualmente. Empurrou-a levemente. Abriu-se.
Não reconheceu o local. Não era em nada semelhante aos andares que já tinha visitado. Não conseguiu compreender em que piso estava. Nada daquilo lhe era familiar.
A medo saiu.
A porta, como era seu dever, fechou-se lentamente atrás dele.
Começou a andar, tentando encontrar algum ponto de referência.
Nada.
Voltou atrás e carregou no botão. A porta, contrariamente ao seu dever, manteve-se fechada.
Foi então que ouviu uma música ao longe. Uma leve brisa roçou-lhe a nuca.
Virou-se. Viu então que estava na rua e que o sol nascia.
Dirigiu-se para o local de onde julgava que a música subia. A rua era comprida, rodeada de árvores, mas não se via vivalma, nem casa alguma.
Ao passar junto a um muro viu uma inscrição. 150º Piso.
A música era agora mais forte, tal como o vento que lhe beijava a fronte.
Olhou para trás e a porta do elevador continuava no mesmo lugar. Fechada.
O prédio onde morava só tinha 149 andares. Era de betão e nunca se apercebera que houvesse algo por cima.
Tentou perceber o fim daquela rua, mas não encontrou contornos, curvas, abismos que o levassem a concluir estar no cimo de um edifício.
Voltou a ouvir a música. O vento era agora mais forte. Selvagem até.
Viu que um espelho o esperava um pouco mais à frente. Olhou-se nele. Não se reconheceu.
Já não estava cansado.
Começou então a correr. A música era mais forte. O vento mais selvagem.
Foi só no último momento que percebeu que estava a voar…
Good Expectations
Depois de todos os balanços, do ano e da década, que foram feitos, no que respeita a livros, filmes, músicas e so on, apetece-me expectativar o próximo ano no que diz respeito a novas músicas.
E por aí tenho duas grandes esperanças. Já em Fevereiro o próximo Peter Gabriel e lá mais para a frente, a novíssima inspiração do brilhante Neil Hannon.
Que o ano promete, lá disso não tenho dúvidas.
O verdadeiro desporto-rei
No Público:
«Este Mundial não é para qualquer matreco
A selecção nacional participa com o entusiasmo típico de um estreante no Mundial de Matraquilhos, mesmo partindo com uma grande desvantagem: por cá mandam os bonecos de chumbo, lá fora dominam os de plástico(...)»
Tenho cá para mim a certeza, como decerto terão outros milhares de portugueses, que neste mundial também eu poderia participar. Até porque, se há desportos verdadeiramente democráticos, a matraquilhada é,sem dúvida, um dos primeiros da lista.
E desconfio, por experiência própria, que muitas licenciaturas foram concretizadas tendo por fundo uma mesa de matrecos!
histórias com música (9)
- Quantos caminhos fizeste para aqui chegar?
A pergunta ficou a pairar enquanto a memória se atarefava a procurar uma resposta.
Lembrou-se de muitas estradas. Becos escuros e frios. Ruelas curiosas. Largas avenidas. Atalhos perigosos. Caminhos campestres, onde o sol brilhava e as árvores os tornavam amenos e confortáveis.
Lembrou-se também de intempéries várias, que lhe ofereceram caminhadas mais difíceis, mesmo quando, aparentemente, atravessava os trilhos mais apelativos.
Recordou ainda todos os anos que demorara a chegar aqui. Os vagares apressados, as certezas estilhaçadas, as solidões acompanhadas.
Os avanços e recuos. Os fantasmas que o visitaram, os verdadeiros e os simulados.
Sorriu então e sem hesitar respondeu:
- 41…
A pergunta ficou a pairar enquanto a memória se atarefava a procurar uma resposta.
Lembrou-se de muitas estradas. Becos escuros e frios. Ruelas curiosas. Largas avenidas. Atalhos perigosos. Caminhos campestres, onde o sol brilhava e as árvores os tornavam amenos e confortáveis.
Lembrou-se também de intempéries várias, que lhe ofereceram caminhadas mais difíceis, mesmo quando, aparentemente, atravessava os trilhos mais apelativos.
Recordou ainda todos os anos que demorara a chegar aqui. Os vagares apressados, as certezas estilhaçadas, as solidões acompanhadas.
Os avanços e recuos. Os fantasmas que o visitaram, os verdadeiros e os simulados.
Sorriu então e sem hesitar respondeu:
- 41…
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
domingo, 3 de janeiro de 2010
Um susto do Carvalhal
sábado, 2 de janeiro de 2010
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
histórias com música (8)
Todos os dias fazia aquele caminho.
Já conhecia cada pedra, cada curva, cada árvore, cada folha.
Ia e voltava. Todos os dias.
Cada manhã a resolução era grande.
Cada noite a frustração maior.
Naquele dia parou debaixo da árvore lilás. Olhou-a como da primeira vez e colheu os seus frutos.
No dia seguinte partiu com o cantil cheio. Quando a noite lhe indicou o caminho de casa o cantil continuava cheio.
Mas nessa noite não voltou, deixou-se ficar e esperou.
Quando ela saiu estendeu-lho, um perfume inebriante saía daquele liquido lilás, disse-lhe:
- Ouve-me…
Já conhecia cada pedra, cada curva, cada árvore, cada folha.
Ia e voltava. Todos os dias.
Cada manhã a resolução era grande.
Cada noite a frustração maior.
Naquele dia parou debaixo da árvore lilás. Olhou-a como da primeira vez e colheu os seus frutos.
No dia seguinte partiu com o cantil cheio. Quando a noite lhe indicou o caminho de casa o cantil continuava cheio.
Mas nessa noite não voltou, deixou-se ficar e esperou.
Quando ela saiu estendeu-lho, um perfume inebriante saía daquele liquido lilás, disse-lhe:
- Ouve-me…
Subscrever:
Mensagens (Atom)