sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Anatomia de sentimentos
Confesso que no principio não me entusiasmei muito; pensei que era "apenas" mais uma série sobre médicos e hospitais, mas rapidamente mudei de opinião. Esta série é mais do que isso, aliás, creio que nem é sobre isso. O Hospital é só um cenário para se colocarem questões mais profundas, para se falar de pessoas, das suas alegrias e tristezas, das suas imperfeições e contradições, para se conhecer quotidianos tão próximos dos nossos, tão perfeitamente imperfeitos, tão sequiosos da felicidade que teimamos buscar nos dias que nos vão consumindo. É uma série que trata, sobretudo, da condição humana, do que é ser pessoa, do que se luta, do que se perde e ganha, dos sorrisos e lágrimas que se vão deixando cair por cada momento que nos toca mais fundo.
Consegue fazer isso de uma maneira envolvente. Com actores que nos conseguem transmitir, através dos olhares, dos movimentos dos corpos, um conjunto de emoções que quase parecem nossas. Também os diálogos são componente importante das histórias, curtos mas incisivos, por vezes "brutos" mas sempre pertinentes, contundentes, precisos, emotivos, verdadeiros.
E depois temos a relevância extrema que a música ocupa nestas histórias; na cadência correcta, na altura precisa, com o volume certo e sempre muito bem escolhida. Até na própria temática de cada episódio, quase todos eles nomeados a partir de uma canção bem conhecida, como são exemplos "A Hard Day's Night" dos Beatles, "The First Cut is the Deepest" de Cat Stevens ou "Don't Stand so Close to Me" dos Police.
Uma verdadeira anatomia de sentimentos, felizmente nem sempre cinzentos...
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