terça-feira, 19 de outubro de 2010

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(...)Na verdade, penso agora, tudo é demasiado efémero, mesmo para aqueles que não o merecem. Mesmo para aqueles a quem a imortalidade devia ser um dado adquirido. Não falo da eternidade que os grandes pensadores possuem, falo duma eternidade concreta, palpável, daqueles que podem mudar o mundo e a vida das pessoas, factualmente.
Há tão poucos assim. Mas existem. Disso não tenho dúvidas.
Daqueles que, como dizia o grande poeta, se vão da lei da morte libertando e como, certeiramente, nos contou outro grande poeta, valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena.
Pergunto-me, valeu a pena? O que tive até agora, valeu a pena?
Pois não sei. No fundo é essa a minha sina, não saber. Nunca sei. Toda a minha existência foi uma dúvida constante. E medrosa. Medo foi coisa que sempre tive. E continuo a ter.
Mesmo depois de ter tido a maior epifania da minha vida. Mesmo depois de a ter convocado devidamente, sem volta atrás, sem dúvidas.
Não tive dúvidas em convocá-la, em trazê-la até mim. E ela veio.
Só que tive medo de lhe abrir a porta. Mas sei que voltará. Ela não falha. Ela nunca falha.
(...)

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