segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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(...)Nunca deixei de beber cervejas, ao contrário do que aconteceu com os cigarros, por isso não tenho nenhuma caixa guardada.
A esta hora está tudo fechado. Só bares e discotecas estão abertos e são lugares onde não me apetece ir. São os últimos locais do mundo onde me apetece ir. Com toda aquela gente aos saltos, aos gritos, abanando-se como se o fim do mundo fosse já a seguir. Extravasando uma felicidade que não sentem. Lugares de perdição, como dizia o padre lá da paróquia, o que me dava catequese.
Nesse tempo seriam tudo menos isso. Nos anos 60 seriam, primeiro que tudo, locais de resistência ao mundo cinzento que nos rodeava. Nesses anos tudo podia ser resistência se tivesse colado a si um pouco de luz e cor. Hoje as cores são outras e as luzes são quase todas artificiais.
Podia ir à estação de serviço da esquina. Está aberta toda a noite. E tem cervejas. Das ruivas.
Porque não?
Mas não posso sair. Se nos desencontramos, ela e eu? Não pode ser, não pode acontecer.
De qualquer forma merecia esta cerveja.
(...)

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