quinta-feira, 7 de outubro de 2010

(...) - 31

(...)Foi comigo próprio que mantive as conversas mais interessantes. Foi dialogando comigo que descobri as teorias mais mirabolantes. Foi graças a essas conversas que me consegui perceber e perceber o mundo à minha volta, porque às vezes consigo ser lúcido, ver tudo com uma clareza impressionante. Raro, mas acontece.
Como ontem quando a chamei. Nunca tinha sido tão clarividente como fui ontem. Nunca tive tanta certeza.
Mas agora já duvido. Certamente que sim. Sempre fui de duvidar. Um cartesiano sem método. Duvido muito, de quase tudo, pelo menos até ter conseguido provar, a mim próprio, que a dúvida está ultrapassada. Depois acredito, sem reservas. Sou desconfiado crédulo, ou vice-versa.

Madrugada profunda. Está calma. Não chove agora e o vento também se acalmou.
Lá fora está tudo parado. Nem pessoas, nem automóveis, nem sequer um cão vadio.

Apetecia-me uma cerveja.
Gosto de beber quase tudo. Como gosto de quase toda a comida.
Mas de todas as bebidas já experimentadas prefiro, de longe, uma boa cerveja. De preferência ruiva. Nem loira, nem negra, uma bela e fresca ruiva. Das fortes. Adocicadas.
O frigorífico está vazio.(...)

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