segunda-feira, 21 de setembro de 2009

histórias de Rosa Branca


XII


Quando Rosa Branca mais não era que um breve corredor de casas sem nome, dizem que um anjo a visitou e nela depositou uma singela rosa branca que floriu em milhares de outras irmãs, tornando a primavera daquele lugar cheia de uma alvura deslumbrante. Nenhuma outra cor se atreveria, depois disso, a espreitar. A primavera daquele lugar era mantida por enormes extensões de campos brancos, numa simulada neve sobrevoada por enxames de abelhas sedentas do néctar único das rosas brancas.
É óbvio que a ninguém espanta que tal lugarejo acolhesse o nome, pouco comum, de Rosa Branca. Tal como natural passou a ser que visitantes a ele acorressem para testemunhar tão insólito fenómeno.
Assim foi acontecendo, entrando numa normalidade que se tornou entediante, até aquele dia, em que uma rosa vermelha ousou espreitar por entre as irmãs albinas. Desde esse dia que acontecimentos estranhos vinham sucedendo quando a intrusa rubra se atrevia a surgir.
Há já alguns anos que nenhuma mancha encarnada se via por aquelas bandas. Os habitantes de Rosa Branca vinham ficando mais descansados. Alguns afirmavam mesmo que a normalidade tinha voltado para ficar.
Foi, por isso, com verdadeira apreensão que, naquela primavera, viram surgir um campo inteiro de rosas vermelhas.
Mau agouro, mau sinal, o que nos irá acontecer, pensaram.
Jordão Perestrelo conseguia vê-las neste momento e, embora não o tivesse confessado a ninguém, sabia que este era um sinal, indubitável, de que a sua sina se iria cumprir naquele dia.


(continuará)

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