terça-feira, 5 de abril de 2011

Olá (XV)

(...)
A corrente está diminuir de força, parece que o ribeiro está a parar. Percebo que não tenho muito tempo, embora não saiba quanto passou desde que aqui estou. Há um chamamento muito forte. Vou deixar-me ir. Sim, é por aqui que vou.
Mergulho!
Não parece água, não me sinto molhado, não me falta a respiração. É aconchegante, doce, confortável. Que sensação boa. Deixo-me ir, levado por esta corrente que me alimenta, me enche de desejos e de vida.
Parece um sonho, um delírio sem fim. É revigorante. Mesmo não sabendo onde estou, consigo afirmar que estou no melhor sítio que alguma vez conseguiria imaginar.
Na verdade, não vejo nada, não oiço nada, mas o que sinto ultrapassa todas essas necessidades, todas as vontades. Sinto-me cheio de força, sinto-me no principio, sei que a partir daqui tudo será novo e renovado. É isso, voltei, não sei onde e a quê mas é isso que sinto acima de tudo.
Volto!
Há uma luz ao fundo e sinto-me impelido a alcançá-la, embora aqui me sinta tão bem, sinto uma força tremenda que me leva em direcção à luz.
Não sei se o que mais quero é ficar aqui ou tomar o caminho da luz. Mas agora não me parece que tenha opção. É irreversível esta força que me leva em direcção à luz.
Deixo-me ir, mas com esforço, com alguma dor até, sinto uma irreprimível vontade de chorar…



- Parabéns! É um rapaz perfeito!

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