sábado, 20 de novembro de 2010

(...) - 40

(...)Porque será que demora tanto?
No entanto sinto a sua presença, mais forte que nunca. Deve andar por perto.
Sinto também uma enorme nostalgia. Mas bizarra. É uma nostalgia por coisas que nunca vivi. Não é uma saudade, não é uma revisitação de memórias, coisa que faço amiúde, mas é uma espécie de viagem para lá do meu tempo. Por recordações de outrem. Alguém próximo, mas não eu.
Embora melancólicas são-me agradáveis. Viver noutras recordações, em memórias emprestadas. Talvez não sejam, sequer, de ninguém. Talvez de alguém que já morreu e mas doou numa espécie de testamento alternativo, fora do tempo, daquela a que nos habituámos a chamar realidade concreta.
Fazem-me sorrir e encarreiram na minha própria história. Nostalgias doces, quase palpáveis, que me invadem de sentimentos quase cruéis, porque desesperados, mas calmamente desesperados, como se viessem trazer a noticia que eu sabia que ia chegar.
(...)

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