terça-feira, 25 de maio de 2010

(...) - 27

(...)Sempre fiéis a tudo até o trocarmos por outras fidelidades. Em tudo. Se excluirmos o futebol, talvez. Aí nunca se muda. Pelo menos foi o que ouvi dizer. E acredito.
Até que o médico, simpático, sorridente, gentil e ameaçador, me disse, se não larga esse vício, não lhe dou mais de um ano de vida.E larguei. Até foi fácil. De um dia para o outro.
Fiquei surpreendido comigo mesmo. Nunca me julguei capaz. Mas fui. E depois soube-me bem esta vitória sobre mim mesmo. Mas agora acho que já não interessa. Desde que a chamei já não interessa.
Apetece-me mesmo um cigarro.
Acho que guardei alguns do último maço inacabado. Para me tentarem e eu me sentir resistente.
Cá estão. Meio maço.
Acendo um e dou uma longa baforada. Sabe-me bem, tão bem. Como da primeira vez. Uma surpresa, só que agora todos os neurónios que fui guardando se regozijam com a sensação.
E agora, um café.
Um cigarro e um café. E depois um uísque e pronto! Acho que fico satisfeito.
Só falta mesmo a pequena máquina de escrever e podia transformar-me num escritor de policiais negros.
(...)

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