terça-feira, 4 de maio de 2010

(...) - 22

(...)Nem sei que dia é hoje. Pelo movimento na rua parece um dia útil. Que patetice. Como se o sábado e o domingo não o fossem. São sim, mais que os outros. Pelo menos o sábado, porque o domingo, o domingo à tarde traz consigo um cheiro a depressão, a fim de festa, a despedida forçada. Nunca gostei dos domingos à tarde. Prefiro até as segundas-feiras, tão cheias de segredos por descobrir, de segredos por confessar, tão inúteis no fundo.

Parece que ouço o elevador. Será que está de volta? Será que vai voltar? Claro que vai. Deve ter tido algum compromisso urgente. Esteve aqui muito tempo e ela é muito solicitada.
Parou neste andar. Espreito.
Merda!
É só a vizinha do lado. Impertinente como sempre. Olha para a minha porta com desdém. Ela, que passa os dias a trocar confidências sobre as novelas daquela estação televisiva de que toda a gente fala.
Sei que vai ficar à espreita. Já a apanhei a contar à porteira aquilo que faço e não faço. Reles.
(...)

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