quarta-feira, 8 de agosto de 2007

A invisibilidade de Hergé...


No dia 19 de Maio deste ano, o jornal Expresso publicou um dossier relativo ao centenário de Hergé que se comemorou 3 dias depois. Até aqui tudo bem, Hergé e Tintin têm uma relevância para a História do Século XX e nomeadamente para História da Literatura nesse século, que justificam tal trabalho. Contudo surgiram-me aí várias "estranhezas". A primeira foi não ter sido incluído um texto de um habitual colaborador deste jornal quando as "matérias" dizem respeito a este assunto, falo de João Paiva Bóleo. De qualquer forma fiquei igualmente congratulado pelo texto de João Paulo Cotrim, a quem reconheço, também, um conhecimento sobre Tintin e Hergé acima da média. A segunda "estranheza" aconteceu quando vi que um novo livro sobre Hergé tinha sido publicado em português e que o mesmo era apresentado pela sua autora, Ana Bravo, sem ser objecto de uma recensão crítica, o que era, no mínimo, expectável.
Esse livro, que tem como título "A invisibilidade do género feminino em Tintin: a conspiração do silêncio" resulta duma tese de mestrado em Estudos sobre Mulheres. Apressei-me a encontrar e a comprar o livro, porque sou um comprador compulsivo de todas as obras que se debrucem sobre Tintin. Depois de o folhear e ver minimamente o que lá estava escrito, achei que esta obra não mereceria uma leitura séria, simplesmente porque a abordagem que era feita também não me parecia muito séria. Surgiram-me um arrazoado de ideias pré-concebidas (e mal documentadas) sobre a obra de Hergé com o único intuito de denegrir essa obra, justificando uma hipótese de tese que, a ser honestamente trabalhada, até poderia ter alguma "piada".
Mais tarde tive oportunidade de ler uma texto sobre esta obra da autoria de J.P.Boléo que justifica e consolida, definitivamente, a ideia com que tinha ficado. Este texto irá ser publicado brevemente, assim como outros cuja autoria, de pessoas profundamente conhecedoras da obra de Hergé e da banda desenhada, serão garantias de qualidade.
Quanto a este trabalho de Ana Bravo, parece-me que se trata, tão só, de uma obra em que se nota, sobretudo, uma verdadeira invisibilidade de honestidade intectual e que não irá ficar numa conspiração silenciosa, já que vozes, verdadeiramente informadas, não deixarão que isso aconteça!

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