sábado, 15 de fevereiro de 2014

segunda mão


Podia ter sido assim:

A areia era preta, escura, pegava-se à pele e aí ficava, resistente. Estava frio e o mar rugia. Do sítio onde estava não conseguia vê-la, até porque o dia estava escuro e ainda por cima cheirava mal. Um horror.
Vi o livro sobre a areia, também ele estava sujo e molhado.
Desisti, virei-me, puxei a gola do casaco para cima e fui andando, calmamente, em direcção ao carro.

 
Ou assim:

Levantou-se então da areia onde tinha estado deitada, aquela areia amarela, quase castanha e deixou que a roupa por lá ficasse, juntamente com o livro que tinha estado a ler. A sua figura ocupava todo o espaço da minha visão, o seu cheiro a rosas frescas chegava-me inebriante, um prazer imenso.
Cheguei-me sorrateiro e peguei no livro, rapidamente o escondi entre a minha roupa e fugi.

 

De qualquer forma seria sempre em segunda mão…





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