segunda-feira, 24 de março de 2008

Dêem-lhes um cérebro!!!


Um telemóvel, uma miúda irritada, uma professora desorientada, uma turma inteira do nono ano sem saber bem o que fazer. Alguém filma tudo isto com uma câmara de telemóvel.
Mais um telemóvel, mais uma nova tecnologia que marca e demonstra que as necessidades dos jovens dos nossos dias passam mais por gadgets factualmente inúteis, em vez de passarem pelo respeito pelo outro, pela vontade de aprender, pelas mais elementares regras de comportamento.
Um professor tem que ter autoridade. Na sua sala de aula deve ser a voz de comando, bem como uma voz de sabedoria, alguém que ensina, mas também alguém que mostra as vantagens do saber. Os alunos, esses, tem que vir para as aulas com princípios de comportamento, com regras de actuação, com modos de viver que terão que ser adquiridos, primeiro que tudo, no seio da própria família, porque senão arriscamo-nos a chegar ao caos total, se é que não pisamos já esse terreno movediço que, muitas vezes, implica um não retorno.
Um telemóvel não pode despoletar cenas destas, um telemóvel não pode ser usado como se fosse uma caneta, ou um caderno, um telemóvel não deve entrar numa sala de aula, um telemóvel, exemplo de uma espécie de modernidade e avanço tecnológico, não pode, nem deve, ser metáfora de retrocesso civilizacional, de desagregação de valores, do fim do mundo anunciado.
Dá-me o telemóvel, dizia a miúda irritada a uma professora perfeitamente atarantada, numa cena pautada de risos nervosos e comentários bacocos, numa perfeita visão dantesca daquilo que a escola se está a tornar…
Dêem-lhe o telemóvel, mas dêem-lhe sobretudo a consciência de que o mundo e a vida são muito maiores que qualquer tecnologia, digam-lhe que o que interessa são as pessoas…
Digam-no a todos!

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