quarta-feira, 12 de abril de 2006

O Génio do Mal?


Ontem falei do melhor amigo de Tintin e nosso também, mas nas “Aventuras”, o arqui-rival está, igualmente, presente. ROBERTO RASTAPOPOULOS, personagem que a principio deu a sensação de ser amistoso, revelou-se, mais tarde, como o pior dos inimigos.
Surgiu pela primeira vez em Os Charutos do Faraó, como produtor cinematográfico a quem Tintin “estraga” uma cena do filme por engano. Aí revela-se muito compreensivo, para na aventura seguinte surgir como o verdadeiro chefe do bando traficante de ópio, a seita de Kih-Osk, que Tintin pensava ter morrido. Mostra-se assim em O Loto Azul, a verdadeira personalidade de Rastapopoulos, um fora da lei sem escrúpulos e implacável, que não olha a nenhum meio para alcançar os seus objectivos. É por excelência o “príncipe” dos bandidos e o mais ferrenho dos rivais de Tintin.
Surge mais tarde em O Carvão no Porão, travestido de Marquês Di Gorgonzola, dono de muitas empresas e que se dedica ao tráfico de escravos negros que, de África, se dirigem em peregrinação a Meca. Como seu lugar-tenente aparece-nos Allan Thompson, pelo que é suposto que este personagem trabalhe para este “chefão” ao longo de toda a série, talvez com a excepção (ou não) de O Caranguejo das Tenazes de Ouro.
A sua última e porventura mais ridicularizada aparição é no penúltimo volume, acabado, da série, Vôo 714 para Sidney, onde se transforma em raptor do multimilionário Laszlos Carreidas e, inadvertidamente, dos três personagens principais, Tintin, Haddock e Tournesol.
Vestindo uma fantasia grotesca de cow-boy de salão, Rastapopoulos irá desaparecer juntamente com os seus cúmplices, de onde se destaca mais uma vez, Allan Thompson, no interior de um OVNI, de onde não mais sairá. Este seu desaparecimento definitivo deve-se somente, cremos nós, à morte de Hergé, que irá concluir apenas mais um álbum, Tintin e os Pícaros, porque, por aquilo que nos é dado a ver na aventura inacabada “L’alph-art”, Rastapopoulos iria certamente voltar a aparecer.
Rastapopoulos encarna o INIMIGO, aquele que é realmente mau, o próprio crime. Qualquer que seja a motivação, o objectivo e a forma, o conteúdo é sempre o mesmo, a personificação do mal. É, aliás, ele próprio que se afirma como o “génio do mal”, em plena disputa com aquele personagem ambíguo que dá pelo nome de Laszlos Carreidas, que, embora do lado dos “amigos”, não se pode, verdadeiramente, considerar como tal, pois ele próprio se auto – intitula “o verdadeiro génio do mal”.

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