segunda-feira, 29 de março de 2010

(...) - 15

(...)Sinto movimento lá fora. Percebo que ela se levanta e ouço os seus passos a afastarem-se.
Estranho. Não pode estar a acontecer.
Espreito pelo olho mágico.
Ela está à porta do elevador. Vai-se embora!
Os meus olhos enchem-se de lágrimas e a figura dela, ao longe, parece desvanecer-se como o fade out de um filme a preto e branco, dos antigos. Melodrama de fim trágico.
Como aqueles que sempre me magoaram o coração, mas que nunca consegui deixar de ver. Os que me faziam chorar como se não houvesse salvação possível. Mas que eram, por outro lado, redentores. A mim que, afinal, nunca gostei de finais tristes.

O elevador parou e a porta abriu-se.
Ela olha para a minha porta e acena-me. Será um adeus?
Não pode ser. Ela nunca diz adeus.
No entanto entra no elevador. As portas fecham-se.
Corro à janela. A minha respiração ofegante embacia o vidro à minha frente.
(...)

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