(...)E os pais, que eram uma chatice ainda maior.
Tudo o que interessava se passava naqueles instantes em que a música soava. Era aí que tudo se definia. O futuro. E esse acabava logo ali, no fim daqueles minutos que uma canção durava. Pelo menos até começar a próxima. O quarto era todo o mundo que conhecia. E bastava-me.
Nas suas paredes pendiam os rostos e as imagens que a música oferecia e sugeria e por aí, todas as loucuras, mesmo as mais inconfessáveis, eram permitidas.
Mesmo hoje, neste preciso instante em que me encontro sentado junto à porta da rua, com ela do outro lado, me apercebo que a música permanece como a bóia de salvação da minha alma.
Em fundo, a minha música continua a soar.
A banda sonora da minha vida.
Ao mesmo tempo que a chuva continua a fustigar os vidros da janela.
(...)
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