sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Até para o ano!

The Big Blue


O Homem sempre procurou o belo, sempre se esforçou por dar significado à vida através dessa procura. Alguns iluminados têm-no conseguido e, muitos deles, têm connosco partilhado os seus achados. Através da música, da pintura, da dança, da literatura, do teatro e de tantas outras formas de expressar aquilo que foram encontrando. A maior parte de nós não conseguiu, ainda, essa capacidade de expressão, embora, continuemos a insistir nessa procura. Muitas vezes deparamo-nos com o belo dentro de nós, mas por incapacidade, às vezes por egoísmo, outras por mera ignorância, não lhe conseguimos dar forma e então socorremo-nos das expressões dos outros para tentarmos dar luz à nossa visão. Sem plágio sequer, apenas porque alguém conseguiu dizer, ou fazer, exactamente aquilo que nós pretendíamos mostrar. No fundo aspiramos à partilha desse belo, à sua expressão máxima dentro das nossa possibilidades.
Há quem diga que o zénite dessa procura é, não encontrar o belo por si próprio, mas sim chegar ao divino. O divino será o superlativo da beleza, conseguir lá chegar será, porventura, alcançar o paraíso, um Éden virtualmente real.
Vários pensaram alcançar o divino numa personificação de Deus, assim o fazem muitas das tendências religiosas que actualmente vigoram por todo o mundo. Outros, talvez mais certos, procuram-no individualmente, não para apenas o guardarem para si, mas para o partilharem, não o impondo, mas partilhando-o, pura e simplesmente, para aqueles que o pretendam ouvir e, mais que tudo, assimilar.
Há uns anos Luc Besson fez um pouco isso e deu-nos um filme magistral. Não falo só do argumento, nem dos actores, nem sequer da, muito bonita, fotografia. Falo daquilo que se pode tirar de um ou dois momentos do filme, de uma ou outra simples e efémera frase. Cito Enzo Maiorca: God is at the bottom of the sea and I dive to find him. Ou lembro a última imagem, quando Jacques Mayol larga o cabo de segurança e inicia uma viagem interminável no Grande Azul!

Mea Culpa


Vivemos num país fundamentalmente cristão, de matriz judaico-cristã, maioritariamente católico, fundamentalisticamente católico!
Costumam-nos dizer,também, que vivemos num estado de direito. Cheio de regras, leis e princípios morais, teimosamente, inalteráveis.
É, igualmente, hábito, afirmarem-nos que somos um país de brandos costumes, de sub reptícios princípios, aparentemente, democráticos, mas intensamente reaccionários.
Somos, na verdade, cultores da culpa, melhor, da culpabilização alheia e, provavelmente pior (ou não?) da auto-culpa.
Mãe de todos os pecados, provocadora de sofrimentos, quantas vezes mudos e surdos, mas perfeita e silenciosamente avassaladores.
Está tudo tão enraizado em nós que quase parece genético e, como tal, não se vêem melhorias com as novas gerações.
A atribuição de culpas será o mais popular "divertimento" nacional. A criação de bodes expiatórios é, talvez, a nossa maior e mais antiga instituição.
Apesar do próprio Cristo ter dito algo como, quem não tiver pecados que atire a primeira pedra, nós teimamos, apesar do nosso cristianismo, ou, sobretudo, por isso mesmo, em atirar cada vez mais pedras!
No fundo, não sei mesmo o que se poderá ganhar com isso, não encontro nenhuma lógica racional, nem sequer alguma emoção irracional. Só se explicará, talvez, pela necessidade de nos mantermos, artificial e aparentemente, livres da dor culposa, pelo menos até que a próxima culpa nos mortifique os sentimentos, ou, pelo menos, até a conseguirmos passar a outrem.
O problema é que não consigo vislumbrar alternativa a situações como estas, continuamos a encher os bolsos de pedras, prontas a serem atiradas, infelizmente!
E o pior é que, também eu, sinto, por isso mesmo, algumas culpas no cartório!!!
Peço desculpa...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Momentos


Apesar do frio, que não se nos gelem as emoções.
Apesar do cinzento, que não se nos apague o sol.
Apesar da beleza, que não se nos fechem os olhos.
Apesar da rigidez, que não se nos tolham os movimentos.
Não fiquemos parados num momento, fixemos antes todos eles, nem que seja em flash-backs a preto e branco ou a sépia, para que as nossas memórias se mantenham sempre coloridas!

À espera


Os ditados populares congregam em si uma boa dose de moralidade comummente normal, normalmente aceite, sendo repetidos à exaustão como máximas carregadas de uma infinita e infalível razão. Todos nós, aqui ou ali, já os reproduzimos como aceitação e/ou racionalização para alguns dos acontecimentos que nos vão marcando os dias. Há-os para todos os gostos e ocasiões e, algumas das vezes, até os há para a mesma situação com desfechos diferentes. Por exemplo: "Quem espera desespera" ou "Quem tem esperança sempre alcança". E não é que, mesmo aparentemente contraditórios, estes dois ditos até se podem complementar? Assim o creio, embora, dê muito maior razão ao segundo. De facto acredito na espera. Acredito na espera como forma de colorir os dias, como forma de nunca desesperar, como forma de acreditar! Esperamos sempre! Esperamos por novos dias, por novos sóis, por alegrias que nos venham aquecer o riso e torná-lo mais constante. A espera torna as coisas mais quentes, porque ao esperá-las criamos em nós o sentimento de que o futuro é possível, reavivamos o amanhã e damos-lhe forma.
Como dizia um cantor/poeta brasileiro, desesperar jamais, e é por aí que devemos ir, acreditando na espera de dias melhores, confiando que a paciência nos torna mais leve a espera e que esta resultará num dia novo cheio de possibilidades novas, de sorrisos novos, de vida nova.
Eu, por aqui, vou esperando que os dias continuem a amanhecer... cheios de luz!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Na Terra do Nunca


Este blogue chama-se Na Terra do Nunca. Quem aqui escreve auto intitula-se Pan.
Pois hoje, aqui, nesta terra do nunca, com este pan, vou fazer uma auto homenagem ao blogue e socorrendo-me dos Waterboys e da sua música The Pan Within, digo-lhes que vou continuar a tentar encontrar e a expor o Pan desconhecido que vive em mim e que todos os dias se revela mais um bocadinho.
São todos benvindos...
«Come with me
On a journey beneath the skin
Come with me
On a journey under the skin
We will look together
For the pan within»

A dor


A dor...
Será por ela que vamos? Será por ela que nos motivamos?
Mãe de todas as coragens, provocadora, intensa, sorrindo-nos trocista, mantendo-nos acordados, alerta. Puxando por cada poro, tornando-nos resistentes, duradouros, duros que nem rochas. Por cada nova dor, nova vida, novo dia que amanhece soalheiro...esperando pela dor que virá, serena e certeira, deixando a sua marca leva mas profunda, subreptícia mas duradoura.
A dor pode comandar a vida,tal como o sonho e com ela vamos indo, esperando iludi-la ao virar de cada esquina do percurso, mas deixando sempre o nosso rasto visível, porque não a queremos, verdadeiramente, perder.
Masoquismo pode ser o nosso nome, necessidade deve ser o nosso destino, porque na profundidade da dor poderá estar a verdade. Daquilo que já vivemos e não quisemos perder. Viver sem dor poderá não ser viver, viver sem dor não traz sabor à vida.. Talvez assim seja, talvez não. De tanto juntar as dores já não sabemos; de tanto as mascarar já lhe perdemos o rasto.
Pela dor é que, se calhar, vamos... até que nos deixe... até que se deixe, ela própria perder pelos momentos de cansaço extremo.
E nesse dia, no dia em que a dor se for, onde estaremos?
Mascarados de felicidades insubstituíveis ou simplesmente para lá do tempo?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O ditador...


Estamos a chegar ao fim de mais um ano! Desta forma de contagem do tempo que inventámos, para podermos dizer que estamos a ficar mais velhos, para podermos fazer balanços e retomar esperanças num novo ano. Nesta nossa contabilidade efémera, vemos os momentos escoarem-se por entre alegrias e tristezas, por entre euforias e angústias, por entre altos e baixos, minutos, horas, dias que passam e pensamos não voltarem. Enraizados entre memórias que nos vão enchendo o corpo, nos vão formando os pensamentos, nos vão lançando para novas "aventuras" que passam por ser os dias do futuro.
Neste ano que passa aconteceu, tal como em inúmeros outros anos, um pouco de tudo! Gente morreu, gente nasceu, marcos importantes foram escritos na história do mundo, estórias menos bonitas também ficaram registadas nos anais. Parece-me, no entanto, que caminhamos inexoravelmente para um fim!Pelo menos para o fim de uma era, da nossa era, do mundo tal como o conhecemos e concebemos. Não farei juízos de valor sobre esta "fatalidade", mas estou em crer que é inevitável. Outro tempo virá depois deste, outros anos se sucederão, outras mortes e vidas daí resultarão, mas o caminho far-se-á andando, se não desta nossa forma, de outra será.
Não deixo, no entanto, de assinalar que, em 2007, desapareceram, por exemplo, Antonioni, Bergman, Pavarotti, Mailer, Béjart e Marceau. Marceau que, sem ceder à "ditadura" das palavras, exprimiu, de forma exemplar, tudo o que o tempo nos quer levar, a vida!

O Hobbit


Peter Jackson vai regressar à Terra Média. O mago neo zelandês que conseguiu dar visibilidade à obra maior de Tolkien, O Senhor dos Anéis, vai, ao que parece, produzir novos filmes sobre a Terra Média, os hobbits, os anões e os elfos. A prequela daquela fantástica obra, O Hobbit, vai, esperamos, extasiar todos os aficionados deste mundo maravilhoso. Em boa hora Jackson e a New Line chegaram a acordo. Esperemos agora mais algum tempo para podermos, todos, regressar ao sonho!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Mike Scott


The Whole of The Moon foi o seu apogeu, mas antes e depois disso, pensou e construiu músicas de uma deliciosa e contagiante intimidade, de uma pujança calma e serena mas, ao mesmo tempo, de uma força incontrolável. Canções inesquecíveis como December, ou Rags, Old England, ou Learning to Fly, entre tantas, tantas outras, fizeram deste escocês de Edimburgo um dos expoentes maiores da música popular.
Eu, por mim, conheci-o no inicio dos anos 80 e deixei-me contagiar por tudo aquilo que fez o favor de me dar! Vi-o no antigo Campo Pequeno, num concerto intimista em que toda a sua cumplicidade, um tanto ingénua, pura e autêntica, me fez, ainda mais, achar que estava perante um iluminado, um amigo que gosta de nos oferecer o que de melhor tem.
Hoje passam 49 anos do seu nascimento e apetece dizer, tal como ele o fez:
«How long will I love you
As long as stars are above you
And longer if I may»

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Von Trapp


Este senhor tem um nome, Christopher Plummer e já fez, com certeza, imensos filmes. Mas, para mim, tem outro nome, Georg Von Trapp, tem 7 filhos e uma ama por quem se vai apaixonar e com quem irá casar. E só fez um filme!
A história todos a conhecem, aliás, por estarmos quase no Natal, algum dos nossos canais televisivos irá, decerto, repô-la.
Este capitão Von Trapp faz hoje 80 anos e é também com ele que cantamos "the hills are alive with the sound of music..."

Costa Oeste da Europa


E o nosso governo continua a apostar numa imagem do nosso país para "inglês ver". Depois do ALLGARVE (que é a costa sul da costa oeste da Europa), agora temos, exactamente, a COSTA OESTE DA EUROPA!
Portugal é (?) a costa oeste da Europa! Portugal não é mais um país, é uma costa oeste. Uma outra Califórnia, europeia, sem Hollywoods, sem os sonhos cinéfilos, sem as tradições "libertárias" duma S.Francisco!(embora até tenhamos uma ponte parecida)

Sejamos então uma nova costa, europeia, civilizada, ocidental...
Perfeita para os camones, os bifes, os gringos deste mundo puderem usufruir. Mas não se esqueçam dos outros, daqueles que por cá andam durante todo o ano. Não nos virem a(s) costa(s)!

O Último Anel


Quem já se deixou invadir pelo mundo fantástico da Terra Média, pelas histórias maravilhosas saídas da imaginação de Tolkien, pela inebriante vivência dos elfos, dos hobbits, dos istari, dos anões e de tantas outras raças e seres, sabe que os piores inimigos por ele criados, de alguma forma a face mais visível do mal, os operacionais desse mal, foram os orcs. Guarda avançada de Sauron e Saruman, os orcs primam pela sua fealdade, maldade e não possuem, talvez por não serem capazes, nenhuma réstia de piedade, beleza, "humanidade".
Foi assim que Tolkien os desenhou, foi assim que lhes deu vida, que os pensou e foi assim que eles viveram, se movimentaram e cumpriram o seu fadário.
Mas se, agora, alguém lhes desse voz, outra voz. Nos mostrasse que, afinal, os orcs até têm sentimentos, até podem ter sido bons e que, apenas, circunstâncias alheias à sua vontade real, os transformou naquilo que conhecemos?
Um escritor russo Kyril Yeskov, teve a ousadia de os dar a conhecer de outra maneira, de desafiar o mundo fantástico de Tolkien e vir dizer-nos que os orcs, possivelmente, é que são os bons da história!!???
Eu, por mim, não vou nisso. A ideia parece-me curiosa, mas, como fiel leitor e admirador de Tolkien, os orcs serão sempre horríveis, maldosamente horríveis. De qualquer maneira não deixarei de espreitar esta versão alternativa, este Último Anel, para, que mais não seja, concluir que o Universo da Terra Média, ainda hoje faz sonhar e encantar, mesmo que através dos olhos de um qualquer orc... mau!!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Revivalismos


O revivalismo está na moda!
Ontem em Londres, perante cerca de 20 mil espectadores, os Led Zeppelin voltaram aos palcos. Os autênticos Robert Plant, John Paul Jones, Jimmy Page e o sucessor de John Bonham, desaparecido em 1980, o seu filho Jason. Nunca fui um confesso admirador desta banda, embora a considere como uma das grandes, mesmo das maiores, da década de 70 e de toda a história da música popular. Têm músicas que se tornaram hinos de uma juventude em procura de emoções fortes. Foram também, de alguma forma, mentores de uma franja de bandas que se viriam a dedicar ao chamado Heavy Metal, embora eu considere que os Zeppelin sejam muito mais que isso. "Rivalizaram" em qualidade, notoriedade e, sobretudo, em musicalidade com aqueles que eu considero os grandes daquela década, os Genesis, os Yes ou mesmo os Pink Floyd.
O que é facto, entretanto, é que as grandes bandas de outrora estão a voltar aos palcos e conseguem mobilizar, não só os seus antigos adeptos, mas também as novas gerações. Será revivalismo? Será perpetuação de sons jamais reproduzidos? Será, apenas, curiosidade? Ou voyeurismo decadente?
Para mim tenho que a origem desta nova onda, reside na recuperação das memórias, na formação de uma identidade transgeracional, em que pais, filhos e até avós se confundem num mesmo gosto, numa mesma partilha identitária e, logicamente, no gosto comungado pela boa música que há-de ficar sempre a bailar nos ouvidos.
No fundo The Song Remains the Same!!!

Ignorâncias


A ignorância é, a maior parte das vezes, a mãe de juízos de valor negativos. E, se vier acompanhada do seu parente diz que disse, então ainda pior se torna. Pela ignorância não ganhamos nada, a não ser uma maior ignorância tantas vezes mascarada de unanimidade, ou de maioria qualificada, que nos torna, ou pode tornar, membros de um rebanho de meros cordeirinhos obedientes ao establishement vigente junto da chamada opinião pública, ela que, em muitos casos, mais não é que um eco de muitas vozes que teimam em gritar as suas certezas ignorantes! E de tanto serem gritadas, aos sete ventos, tomam-se de ares pseudo-verdadeiros e são aceites sem contestação, sem verificação, sem dúvidas, certas na sua santa ignorância!
Vem isto a propósito, também, da obra de um cineasta português de nome Manoel de Oliveira, tantas e tantas vezes maltratado na sua própria terra por aqueles que, julgando-se arautos do gosto geral, lhe maldizem o trabalho, lhe denigrem a obra. Eu não sou um grande apreciador dos seus filmes, falta-me, talvez, alguma da sensibilidade necessária para apreciar a amplitude da sua obra, todas as nuances que lhe percorrem o celulóide, mas, de qualquer forma, admiro-o! Admiro-o pela sua tenacidade, pela sua capacidade de estar sempre em movimento, de se encantar pelos filmes, por aquilo que faz e nos teima em mostrar e também por hoje fazer 99 anos e continuar cheio de projectos para o futuro, combatendo a ignorância.
É necessário haver, sempre, pessoas como ele, que nos façam ter consciência de que os ignorantes, por muito que nos afirmem o contrário, nunca serão os mais felizes!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Suprema desafinação!


Ele há pessoas que são, verdadeiramente, tocadas pelo céu. Ou, se calhar, são pedaços de céu na terra, ou, ainda, conseguem trazer aos outros, comuns mortais, alguns momentos em que, temos a certeza, se prova a existência do céu.
Depois, um dia, voltam para o sítio de onde vieram e deixam-nos aqui com o seu legado, com os momentos sublimes que para nós criaram e nós, pequenos sortudos, podemos, sempre que quisermos, deixarmo-nos encantar perante o maravilhoso, a maravilhosa simplicidade!
Tom Jobim voltou para "casa" no dia 8 de Dezembro de 1994, depois de deixar connosco momentos de rara beleza inspirada, Garota de Ipanema, Àguas de Março, Samba de uma Nota Só e Desafinado, são exemplos máximos.
E mesmo nós, que nunca soubemos cantar, o podemos fazer sem receios, porque no peito dos desafinados também bate um coração!!!!

20 anos depois




«Enquanto esperava no fundo da rua...»

Obrigado!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Fumo sem qualidade?


Segundo a Agência Lusa:

«Proibído fumar na Tabaqueira
Com a entrada em vigor da nova lei do tabaco, nem na casa que fabrica cigarros será possível fumar a partir de 1 de Janeiro de 2008.»

Então como se fará o controlo de qualidade do produto????

# 41


Já por aqui falei, tantas vezes, de canções que me marcaram, que me alegraram, que me entusiasmaram, que dou por mim, às vezes, a descobrir que algumas outras, que fizeram tudo isso e até talvez mais, ficaram de fora! Hoje vou corrigir, um bocadinho, essa lacuna.
#41 é, talvez, das músicas mais bonitas que já ouvi e que (re)ouço sempre com a mesma sensação, arrepiante!!!

«(...)I will go in this way
And find my own way out
I wont tell you to stay
But Im coming to much more
Me
All at once the ghosts come back
Reeling in you now
What if they came down crushing
Remember when I used to play for
All of the loneliness that nobody
Notice now
Im begging slow Im coming here
Only waiting I wanted to stay
I wanted to play
I wanted to love you(...)»

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Mundos Paralelos


Começam hoje a ver-se as imagens que retratam, visualmente, uma das maiores obras fantásticas escritas nos últimos anos. Aqui chamam-lhe A Bússola Dourada, nos livros também lhe chamam Os Reinos do Norte, o que interessa, no fundo, é que a trilogia Mundos Paralelos ou His Dark Materials de Philip Pullman, possa chegar a mais gente e possa marcar, incomodar e maravilhar as mentes que se mantêm abertas e à procura de novos encantamentos!

Fantasmas


Há quem acredite, piamente, em fantasmas, há mesmo quem jure que com eles fala, troca de palavras e matérias de outro(s) mundo(s)!
Eu não sei se há fantasmas desses, daqueles que nos espreitam de outra dimensão e, de vez em quando, se "mostram", com ou sem lençóis e correntes. Daqueles que nos gritam BUUU e nos fazem pele de galinha!
Mas acho que acredito numa forma fantasmagórica de existir, num estar e não estar, num ser e não ser que não se revela em indecisão, mas antes num modo particular de viver, que paira sobre o mundo sem as certezas absolutas que só os incautos possuem, mas com as dúvidas que a sua alma despida lhe traz.
Os Psychadelic Furs no inicio dos anos 80 deram-lhe uma canção, The Ghost in You:
«The ghost in you
She don't fade
Inside you
The time moves
And she don't fade
The ghost in you
She don't fade»
BUUUUU...

O demónio branco


No inicio dos anos 50, Hergé entrava em depressão. Muitos anos de Tintin, vários problemas pessoais, davam-lhe a "volta" à cabeça e teimavam em paralisá-lo enquanto criador e até enquanto pessoa.
São recorrentes os seus sonhos em branco, em que paisagens de um branco imaculado se sobrepõem a tudo o resto, assustadoras diria.
Para poder fazer face aos seus problemas, resolve consultar um psicólogo suíço, discípulo de Carl Jung.
Depois de alguma conversa e análise, surge o diagnóstico em forma de conselho e sugestão. Hergé terá de parar o seu trabalho e sobretudo terá que exorcizar aquilo a que o psicólogo chamou "os demónios da pureza"!
A imensidão de branco significava uma avalancha de pureza e, ao que parece, a pureza não é um bem em si. Esconde demónios, que, ao apanhar-nos desprevenidos, podem ser tão ou mais perigosos do que aqueles que, normalmente, associamos ao negro, ao escuro, às trevas.
Mais perigosos porque surgem por caminhos que julgamos seguros, que associamos ao bem, à claridade, à luz. Quando se soltam, no entanto, cravam-nos as suas garras frias e cegas e dilaceram-nos a alma.
A pureza não é, afinal, tão pura assim...

Depois destas sessões, Hergé resolveu, mesmo assim, continuar a trabalhar e publicou aquele que é um dos maiores hinos, já escritos, à amizade: Tintin no Tibete.
O demónio branco não conseguiu vencer, a verdadeira amizade sobreviveu às suas garras...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Abismo


Tantas vezes damos por nós à beira do abismo, sem termos onde nos segurar, apostando num equilíbrio que, mesmo sendo instável, nos vai mantendo, periclitantemente, de pé, salvos por uma unha negra, por um momento de lucidez, por uma réstia de coragem esperançosa.
O abismo traz sempre consigo uma atracção, uma tentação, uma superação.
Há já alguns anos, no inicio da década de 70, um grupo de música que dava (e dá) pelo positivo nome de YES, escreveu e cantou um disco a que chamou Close to the Edge. Aí, próximos de um abismo virtual, deixavamo-nos cair em sons que nos deliciavam os sentidos, que ainda hoje nos fazem cair na tentação de abraçar o abismo.

«(...)Watching the world, watching all of the world,
Watching us go by.
And you and I climb over the sea to the valley,
And you and I reached out for reasons to call.»

De qualquer maneira há sempre uma razão para não nos deixarmos cair, para encararmos o abismo de frente e sobrevoá-lo, até ao próximo desafio!

Revelações


Um dia uma espécie de anjo de nome Gabriel, um arcanjo talvez, desceu dos céus e disse-lhe: Beyond the indigo, indigo, where the chilly winds, winds will blow, my time is running low, going to cross the dark dark river...
Olhou-o então, com os olhos bem abertos, enquanto ele continuava: I'm going away, I'm going away, I'm going away, see you again someday, darling I'm going away, feel like I'm going away, this time I'm going away...
Então o anjo abriu as asas e planou suavemente: Hey, you can keep my things, they've come to take me home...
Depois os seus olhos fecharam-se, os silêncios moveram-se em direcção à terra e a água começou a descer: Lord here comes the flood, we'll say goodbye to flesh and blood, if again the seas are silent in any still alive, it'll be those who gave their islands to survive, drink up dreamers, you're running dry...
Instala-se então um vazio, um buraco negro na memória: I don't remember, I don't recall, I got no memory of anything at all...
Perante a escuridão uma ténue luz ergue-se ao fundo: Though you may disappear, you're not forgotten here, and I will say to you, I will do what I can do...
A água é cada vez mais forte, cobre-o de alto a baixo, a voz está cada vez mais distante, com os olhos bem fechados tudo se torna rubro à sua volta: I see it, red rain is coming down, red rain is pouring down, red rain is coming down all over me, I'm begging you, red rain coming down, over me in the red rain sea over me, over me, red rain...
O silêncio é agora total... um sussurro parece ouvir-se ao fundo: ...ssh listen...
Nada... um pensamento percorre-lhe o corpo antes de adormecer: I grieve for you, you leave me so hard to move on...

Olhou pela última vez para o corpo adormecido, fitando-o já com saudade... virou-se então, abriu as asas e voou para longe...

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Beleza despojada


Uma enorme canção dos Divine Comedy, The Certainty of Chance, acaba com uma citação de um enorme filme de Felini, La Dolce Vita!
A beleza é infinita quando é assim exposta:

«Sometimes at night the darkness and silence weighs on me. Peace frightens me - perhaps I fear it most of all. I feel it's only a facade, hiding the face of hell. I think of what's in store for my children tomorrow: "The world will be wonderful," they say, but from whose viewpoint? We need to live in a state of suspended animation, like a work of art; in a state of enchantment –detached, heh. Detached

Esquecer, nunca!


Já por aqui falei de Leo Ferré, aliás nunca me canso de ouvir Leo Ferré, poeta maldito, anjo negro, senhor da mais intima solidão, arauto da desesperança, profeta do desespero duro mas feliz, para quem a melancolia é um estado de alma supremo.
De Leo Ferré gosto de muitas canções e poemas ditos com a sua voz cavernosa, pungente de uma dor vivida, de uma angústia gritada, de uma fatalidade sem recurso.
Apesar de tudo não vejo o mundo e a vida tão negros como o poeta, felizmente!
Nesse sentido gosto muito desta música, embora não concorde inteiramente com a sua visão. O tempo não nos leva tudo, o tempo não apaga tudo, o tempo não é o fim. Pelo contrário, é pelo tempo que corremos, é por ele que podemos ter esperança(s), é com ele que construímos a(s) vida(s) que desejamos.
Ficam aqui, no entanto, as primeiras palavras de Avec le Temps , música maior de um poeta grande, palavras sentidas que, apesar da sua força, nem sempre nos forçam a nelas crer! Porque depois do tempo, outro tempo virá e com a sua memória se evitará o esquecimento!
«Avec le temps
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va(...)»

Diferenças


Há poucos anos foi lançada uma campanha cujo objectivo seria,em sentido lato, o atenuar das diferenças entre os povos. Todos diferentes - Todos iguais, assim lhe chamaram. Palavra de ordem principal: a tolerância. Conceito, que por si só parece generoso, mas implica igualmente uma noção de sobranceria dos que se julgam superiores perante os outros, julgados não tão "perfeitos". Não tem de haver tolerância quando se fala, ou pretende falar, de igualdade. Havendo igualdade não há lugar à tolerância, mas sim ao respeito pelas diferenças que cada um comporta.
Sejamos então todos iguais, mas também todos diferentes, quando falamos de cor da pele, de etnia, de opções ideológicas, filosóficas, politicas, de sexualidade, clubísticas, de capacidades intelectuais e físicas, respeitemo-nos uns aos outros! Politicamente é muito correcta esta acepção, muito assertiva também, todos poderemos dormir mais descansados se pensarmos assim, mesmo que na prática continuemos cheios de preconceitos mentais e, pior que tudo, activos e actuantes, mesmo sem nos darmos conta.
Contudo o maior preconceito e também, talvez, o mais aparentemente invisível, é aquele que nos faz não olhar para as diferenças que cada um de nós possui. Ou seja, na verdade todos nós somos diferentes, todos nós somos um e só um, a individualidade é um bem que cada um tem em si e que deve acarinhar, porque assim ressalva a sua personalidade e identidade perante o mundo. O facto é que todos os dias julgamos o nosso semelhante, muitas das vezes com sentimentos mesquinhos que nos minimizam enquanto julgadores e sobretudo enquanto pessoas.
Por aí é que devemos marcar a diferença, evitando juízos de valor que não se justificam de modo nenhum, acabar com intrigas e mesquinhices que nos tornam, agora sim, intolerantes e, diria mesmo mais, pouco dignos.
Deixemos que a vida possa correr, lesta e segura, acreditando nas nossa diferenças e tomando consciência que só assim podemos garantir uma maior justiça nas relações pessoais, uma maior capacidade para sorrir, um caminho mais seguro para uma possível felicidade.
Sejamos todos iguais nas diferenças que, felizmente, nos marcam!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Conta-me como Foi!


Rita Blanco a propósito da sua participação na (excelente) série Conta-me Como Foi:

«- Nesta série sentimos o que significa o público gostar de um trabalho. Esta é outra das razões por que vale a pena fazer esta série! As pessoas estão encantadas. Param na rua para nos agradecerem. E os adolescentes e as crianças gostam da série e questionam pais e avós.»

Eu agradeço! Muito!!!

O fim do cinema Quarteto


Já houve um tempo em que ir ao cinema era quase uma profissão de fé. Em que frequentar algumas salas de cinema era o mesmo que tomar uma atitude perante os ditames de algumas modas, que, como é norma, nos tentam massificar e desindividualizar.
Íamos ao cinema porque gostávamos de VER filmes, porque os filmes nos diziam algo, nos ensinavam coisas, nos entretinham e davam um imenso prazer também. Não íamos ao cinema comer pipocas, nem tagarelar animadamente com o grupo que nos acompanhava. Ir ao cinema era quase um acto sagrado, íamos sozinhos, porque a observação da verdadeira arte é um acto individual, solitário e único.
Por isso elegíamos algumas salas onde essa opção era possível, e, houve alturas, em que isso era possível em muitos locais. Depois começaram a rarear, hoje quase não existem. Hoje quase todas as salas são multiplex, ou lá como se diz, e ficam situadas dentro de shopping centers, ou lá como lhes chamam. O cinema, como também é normalmente entendido nos nossos dias, não é mais arte, não é mais puro prazer, é comércio e indústria, trocas feitas em hora e meia de algazarra e pipocas em frente ao écran.
Há quinze dias o Quarteto foi encerrado. Dizem as novas exigências de segurança que o cinema não tinhas as condições exigíveis em salas deste tipo. Acredito que seja verdade. Em muitos anos de frequência, é facto que as salas sempre foram obscuras, com muitos degraus, com materiais inflamáveis, etc, etc. Mas, se calhar, por causa desse obscurantismo, de um certo ar "bafiento", escuro, negro, sempre foram atractivas para quem gostava de cinema. O Quarteto até pode não abrir mais, ou abrir descaracterizado, mas também já não faz mal. A memória do cinema em Portugal faz-se muito pelo que se passou naquele espaço, a arte do cinema em Portugal deve muito aquele sitio e hoje quem vai ver cinema, às actuais salas, não quer saber disso. Quem vai ver cinema, às actuais salas, quer despachar rapidamente o filme porque tem que ir às compras naquela loja que existe logo à saída da sala.
Hoje por hoje, quem gosta de cinema não o vê, lembra-se...

O som do silêncio


O silêncio pode, por vezes, ser ensurdecedor! É no silêncio que nos deparamos com os maiores ruídos, aqueles que nos mexem cá dentro, que nos conseguem fazer levantar a cabeça, olhar em volta e ver algumas das coisas que, de outra maneira, talvez não conseguíssemos.
O silêncio não é de ouro, pelo menos no sentido em que habitualmente usamos esta expressão. O silêncio é de ouro porque, na sua amplitude, nos obriga a despertar. Mergulhando nele somos como que obrigados a ver-nos a nós próprios, a descobrirmos aquilo que temos enterrado em nós. E assim podemos regressar à superfície mais esclarecidos, mais sabedores, mais próximos daquilo que, verdadeiramente somos e queremos.
Simon e Garfunkel musicaram-no e deram-lhe palavras, mostraram-nos o seu som e abriram, de certa forma, algumas portas que nos podem permitir entrar e conhecer o silêncio que reside em cada um de nós...
«Hello, darkness, my old friend
I've come to talk with you again(...)»