(...)Porque nessa altura eu já conseguia abrir os livros e atrevia-me a lê-los.
Esses foram os primeiros que abri. Os contos de fadas.
Andersen, Perrault, os irmãos Grimm. Histórias povoadas de seres imaginários, incríveis, mágicos, únicos, naquelas paisagens com que eu sonhava e que, apesar de nunca as ter visto, conhecia como ninguém.
E como viajava então.
No dorso de cavalos alados. Batalhando dragões de todas as cores. Magicando mil e uma maravilhas em reinos perdidos por entre as páginas de livros queridos.
Nunca depois disso os livros me souberam tão bem. Nunca mais os sonhos foram tão profusamente ilustrados.
Mesmo quando decidi viver com a música. Não era, pensava eu, diferente de qualquer outro adolescente. Pelo menos daqueles para quem a música tem uma única finalidade. Salvá-los!
Era assim que a entendia. Era por isso que a ouvia e vivia tão intensamente. A música era a única coisa que me podia salvar. Apesar de, na verdade, nunca perceber bem de quê. Naquela altura as perguntas mais comezinhas estavam arredadas de todo o pensamento. A vida não esperava que fossemos metódicos. Para isso havia a escola que, tal como seria de esperar, era uma chatice.
(...)
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