quarta-feira, 15 de julho de 2009

LUAR


Nos romances de aventuras surgem, por vezes, relatos de protagonistas que passam pela vida lutando contra as injustiças, sendo, quase sempre, alvo da fúria de poderes autoritários e despóticos.
Essa espécie de heróis é depois cantada em histórias que, não raras vezes, ultrapassam uma lógica racional, passando a ser objecto de cultos mais ou menos exagerados.
Na vida real as verdades são outras e quando surgem notícias de pessoas cujos feitos de alguma forma nos emocionam, estas surgem, de forma geral, adulteradas por quem reconta as histórias.
Ou os personagens são elevados aos píncaros da aventura digna e altruísta, ou são remetidos para a coluna de meros ladrões e fora da lei.
Palma Inácio, de certeza, que é visto das duas maneiras por quem o admira e por quem o não reconhece.
Palma Inácio viveu à beira da aventura, mas de uma aventura que era baseada numa luta constante contra uma ditadura que nos amarrou durante tempo demais. Levou a cabo alguns dos mais espectaculares episódios de resistência, foi preso, torturado mas nunca desistiu.
Há quem o considere o mais romântico dos resistentes ao salazarismo. Não sei se foi, mas sei que o respeito enquanto pessoa e enquanto lutador incansável por algo melhor que a sociedade apática que vamos tendo.
Palma Inácio morreu ontem e quero realçar-lhe a luta e a dose de loucura, talvez romântica, que nela empregou, chegando ao ponto de ter dado ao movimento que criou um nome que, ele próprio, patenteava alguma dose de sonho, LUAR.

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