quarta-feira, 8 de julho de 2009

histórias de Rosa Branca


VII

Olívia olhava a praça pela janela do seu salão.
Olívia olhava os momentos que fizeram aquela terra, aquelas pessoas.
Olívia olhava o passado através do vidro, que lhe ia restituindo as memórias há muito perdidas.
Atrás de si o enorme casarão respirava com dificuldade. Sentia que aquela casa estava moribunda. Tudo dentro dela estava impregnado de poeiras invisíveis, de nevoeiros mais densos que os frios intensos que já não sentia.
Olívia não se virou, mas sentiu que todas as pessoas que por ali passaram estavam à sua espera, naquela sala enorme, onde sozinha, tentava não fraquejar.
Um leve rumor vindo da praça chamou-lhe a atenção. Viu que Jordão se acercava da beira do telhado. Olhou-o aflita. Sempre pensara que aquela ideia ícara iria ter um péssimo fim.
Viu que Jordão olhava na direcção do casarão. Recolheu-se atrás da portada. Não queria ser vista, não queria ser cúmplice daquele desatino.
Sentou-se então. Deixou que todo o cansaço se abeirasse dela. Deixou que todas as perguntas lhe assolassem a mente. Confirmou não ter respostas. Nem uma única.
Ouviu então que alguém batia na porta de entrada.
Desceu calmamente as escadas e no momento em que se aprestava para abrir a porta, uma qualquer forma de ânsia apoderou-se dela, uma dor, contudo tranquila, uma interrogação quase doce. Um sorriso aflorou-lhe os lábios no momento em que abriu a porta.
- Entra – disse – estava à tua espera…


(continuará)

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