sexta-feira, 19 de junho de 2009

OVO

O ambiente era caloroso. À sua volta todos se mexiam, como numa espécie de transe colectivo. Olhavam em frente, fixamente, naquele instante nada mais existia.
Sentia-se também assim. Uma inebriante vontade de se deixar levar. Uma força, maior que todos os desejos, envolvia-lhe o corpo.
Fechou os olhos e sentiu-se inundar de sensações novas, embora acreditasse, inexplicavelmente, já as ter experimentado.
Sentiu que os seus braços se erguiam, numa cadência unânime com todas as outras pessoas que ali estavam.
Das suas gargantas…
Não!
Dos seus pulmões jorraram as palavras que saiam em catadupa, atropelando-se numa incontida vontade de não ficar para trás.
Era um momento de júbilo. O tempo parava aqui e todo o espaço em redor mais não era que um marulhar de uma harmoniosa conjugação de quereres.
Bem no centro outra canção começava agora e milhares de vozes soltavam-se outra vez, como se fossem uma só… e o mundo ficou de pernas para o ar!

Sem comentários: