segunda-feira, 29 de junho de 2009

histórias de Rosa Branca


VI

Leonel Carranca fazia jus ao seu nome. Uma expressão dura marcava-o constantemente. Nem ele próprio se lembrava de usar outra. Os habitantes de Rosa Branca nunca chegaram a saber se aquele era mesmo o seu apelido, ou apenas uma alcunha que a ele se tinha colado em definitivo.
Carranca não tinha amigos, nem mesmo os seus subalternos tinham por ele algum tipo de reverência, ao não ser aquela que derivava do receio de o contrariar. Tinha mão de ferro e não suportava qualquer falha na disciplina inflexível que lhes impunha. A eles e a toda Rosa Branca. Não admitia desvios nem contrariedades, ao que ele julgava ser a ordem pública e a decência moral.
Carranca apenas tinha um desejo, encarcerar todos aqueles que não cumpriam os seus preceitos, ou seja, quase toda Rosa Branca.
Os seus dias eram passados em rondas cujo único fim era controlar aquilo a que ele chamava movimentações subversivas. Raramente tinha sucesso, embora isso não lhe esmorecesse o zelo e a dedicação à causa, que, no fundo, só ele conhecia.
Já era tenente há um ror de anos e a sua ambição era muito maior, tinha, por isso, que mostrar serviço, o que, ali naquele fim de mundo, não era coisa fácil.
Mas o tenente Carranca estava agora esperançado. Os rumores que lhe tinham chegado aos ouvidos renovaram-lhe as esperanças de promoção. O que aí vinha era de grande monta e os seus superiores haviam de ficar satisfeitos, muito satisfeitos, se ele, o eficiente e leal Tenente Carranca, lhes conseguisse provar que, também em Rosa Branca, a honra da pátria estava bem defendida…


(continuará)

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