terça-feira, 25 de março de 2008

Ser pessoa, ou de como a Nostalgia nos fortalece!


Com o avançar da idade dou por mim a reconhecer a nostalgia. A deixar-me levar por este suave e doce sabor que o passado vai deixando em nós e que nos vai moldando as memórias, dando-lhes forma, cheiro, corpo e sabor.
Deixo que me cheguem, lenta mas firmemente, estas ondas que me fazem, felizmente, sorrir.
Podem vir, normalmente vêm, em flashes, mas vão ficando. Surgem a medo, à espreita da melhor oportunidade, naqueles recantos que julgávamos esquecidos, mas vão-se chegando, sorrateiras mas insistentes e quando se assumem na sua plenitude, damos por nós a querer-lhes com muita força.
São cheiros breves, pequenos sons, sorrisos quase esquecidos, gestos únicos que nos movem em direcções que pensávamos perdidas.
Damos assim por nós a desejar que a nostalgia nos invada, nos traga de volta os momentos que nos fizeram, mas também aqueles que foram apenas sonhados.
A mim esta nostalgia tem, até, a particularidade de me fazer reviver coisas que nunca vi, momentos que nunca vivi. Estranha, mas doce, é esta sensação de me nostalgiar por coisas anteriores à minha própria existência.
E, por cada novo momento que a nostalgia me proporciona, outra conquista me é oferecida, um novo sorriso nasce, uma nova memória me acrescenta como pessoa. Enriqueço assim e, sobretudo, ganho a certeza que, afinal de contas, também assim existo!

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