sexta-feira, 15 de maio de 2009

Às portas de Santo Antão


Imagino a Rua dos Condes nos anos 30 e 40. Pejada de gentes que passeiam pela baixa lisboeta, num inicio de uma noite de verão. Olhando os corrupios que se adivinham nas Portas de Santo Antão. Enchendo cafés e restaurantes, preparando-se para assistir a uma soirée cinematográfica. Gozando a noite lisboeta, naqueles tempos de dias tão cinzentos que se tornavam, inesperadamente, tão coloridos à noite.
Entravam as pessoas na sala de cinema, naquela sala que me dizem ter sido das mais bonitas de toda a cidade. Eu, infelizmente, nunca a vi na sua totalidade. Espreitei-a uma vez, quando pelas portas entreabertas pude admirar, quase de relance, uma decadência que se veio tornando hábito em Lisboa, nesta cidade moderna que parece tudo esquecer.
Hoje o Odeon ainda lá está, velhinho, talvez à espera de uma cura, talvez desesperando por uma remodelação que lhe traga outras cores, como aconteceu com o seu vizinho de cima. Qualquer que seja a solução uma desconfiança continua a espreitar os meus receios, a de que Lisboa teime em não ter memória.
Bom fim de semana!

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