quarta-feira, 27 de maio de 2009

Levado pelo vento


Quando ele abriu as portadas não reparou no vento que entrou. Não o viu, não o cheirou, não lhe tocou.
O vento escondeu-se, lesto. Rondou as cadeiras, procurou os recantos mais longínquos, prendeu-se ao chão.
Ali ficou, quedo e mudo, esperando.
Quando a noite chegou o vento espreitou. Não viu vivalma. Atreveu-se a sair. Rodopiou pela sala, levantou papéis, escancarou portas, derrubou cadeiras, alterou o tempo, modificou o espaço.
Pela manhã o ventou cansou-se, parou.
Quando a porta se abriu já tinha saído, fininho, pelas frestas da janela.
Ele esfregou os olhos incrédulo. Era difícil perceber o que tinha acontecido.
O vale perdia-se numa enorme vastidão.
Ao longe o vento sorria-lhe…

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