As nuvens estão a chegar.
Carregadas. Cheias. Compactas.
Prestes a desabar. A cobrir-nos. A inundarem os nossos sentidos.
A encherem-nos.
Olhamo-las com a inocência há muito perdida, mas com o desejo intacto.
O medo já não existe aqui.
Em cada solidão sente-se o apelo. Para que desçam e se transformem no mar por que ansiamos.
A vida escorre em cada pingo que nos irá molhar.
O horizonte carrega-se de cores vivas. Rubras.
Um silêncio imenso anuncia a tempestade. Aquela por que todos esperam.
Todos os abrigos foram abertos. Nem uma única cabeça se encontra coberta.
E ei-la que começa a cair, sem piedade, sem trégua, imparável.
E em cada um renasce a criança que parecia esquecida.
Não haverá mais negação, tudo estará certo.
E um imenso mar vermelho nos irá abrigar…
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