A noite estava luminosa. Uma lua enorme, maior que todas as que já vira, enchia de bons prenúncios aquele fim de dia.
Saiu para a rua, olhando o céu e contando todas as estrelas que entretanto se tinham aproximado.
Não sabia onde ia, nem isso o preocupava neste instante. Queria apenas seguir aquele caminho que a lua lhe indicava e cair, por ventura, nas garras de algum lobisomem que, decerto, iria estar à solta numa noite como esta.
Ao rodar a primeira esquina viu-a distintamente. Era riscada, tinha uns olhos penetrantes e fitou-o com languidez. Rápida como uma seta, fugiu o mais depressa que pode. Ele ainda esboçou um gesto que indiciava uma corrida, mas logo desistiu. Não valia a pena, pensou, numa noite como esta não era uma qualquer vadia que o faria correr.
Subiu o muro mais próximo e espreguiçou-se ao luar. Abriu muito os olhos e mirou-se num vidro próximo. Achou-se deslumbrante.
Esperou… Sabia que esta ia ser uma noite boa!
A vadia, como ele a havia alcunhado, aproximava-se devagar. Ele fez de conta que não a via. Ela subiu o muro lentamente e encostou-se a ele devagar, ronronando como só ela sabia.
Ele olhou-a fixamente nos olhos e sorrindo maliciosamente, disse-lhe na voz mais penetrante que era capaz:
- Miauuuu…
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