A sua disposição era péssima.
O céu acompanhava-o, escurecendo à medida que ele ia passando.
Os olhos pregados no chão, as mãos inertes, pendiam mortas ao longo do corpo. Cada passo mais difícil.
O céu escuro acompanhava-o, deixando que pingos grossos lhe marcassem o caminho.
Já não se lembrava da luz, nem de ver outras cores para além do cinzento-escuro e do breu que lhe acompanhavam as horas.
Não via ninguém, ninguém o via. Não falava com ninguém, ninguém falava com ele. Evitavam-no porque dele só emanava tristeza.
Naquele dia, no entanto, alguém reparou no homem cinzento e parou a olhá-lo. Ele nem se deu conta, continuando a caminhar indiferente a tudo e a todos.
Até que lhe tocaram no ombro e ele num sobressalto parou. Levantou a cabeça e uma forte luz obrigou-o a fechar os olhos.
- Olá – disseram-lhe.
Ele não conseguia ouvir as palavras, mas sentiu que um calor inabitual o começava a inundar.
Quando, finalmente, abriu os olhos, sentia-se mais quente, confortável e percebeu que o céu também podia ser azul.
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