(...)
- E se não conseguir falar com ele?
- Eu e o outro estaremos aqui…
- Muito tempo?
- Já te dissemos, aqui não há tempo.
- Para onde poderei ir?
- É isso que esperamos que decidas.
- Para o ribeiro, para o barco com o outro e para onde contigo?
- Por aquele caminho que ali se abre. Mas o caminho só se abrirá uma vez, tal como o barco do outro só fará uma viagem.
- Vou falar com o ribeiro.
- Vai então. Não te esqueças que, embora não havendo tempo aqui, o barco ir-se-á embora e eu começarei a caminho sem olhar para trás.
- Olá…
- …
- Olá…
-…
- Queria falar contigo…
-…
É normal, acho eu, que um ribeiro não fale comigo, mesmo neste local onde tudo é tão fora do comum.
- Disseram-me que falasse contigo, que talvez me aprendesse contigo, que podia ir contigo…
- …
Decerto que alguma coisa vai acontecer, eles foram tão afirmativos nisso mesmo. Olhemos com mais atenção para o ribeiro. Talvez não se trate propriamente de falar, mas de escutar.
Escutemos…
- …
Ou de olhar, olhemos… há uma luz lá em baixo, isso é certo… sombras… imagens…vozes?
(...)
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