Podia ter sido assim:
A areia era preta, escura, pegava-se à pele e aí ficava,
resistente. Estava frio e o mar rugia. Do sítio onde estava não conseguia
vê-la, até porque o dia estava escuro e ainda por cima cheirava mal. Um horror.
Vi o livro sobre a areia, também ele estava sujo e molhado.
Desisti, virei-me, puxei a gola do casaco para cima e fui
andando, calmamente, em direcção ao carro.
Levantou-se então da areia onde tinha estado deitada, aquela
areia amarela, quase castanha e deixou que a roupa por lá ficasse, juntamente
com o livro que tinha estado a ler. A sua figura ocupava todo o espaço da minha
visão, o seu cheiro a rosas frescas chegava-me inebriante, um prazer imenso.
Cheguei-me sorrateiro e peguei no livro, rapidamente o
escondi entre a minha roupa e fugi.
De qualquer forma
seria sempre em segunda mão…
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