quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Recordar o que nunca aconteceu...
Por vezes, vezes demais, o mundo não é tão cor-de-rosa (ou outra cor qualquer que pudéssemos escolher) como desejaríamos. As realidades com que nos confrontamos no dia-a-dia são, a maior parte das vezes, de tonalidades que não nos agradam. Mas a literatura tem a particularidade de nos proporcionar visitas a sítios onde os tons que nos rodeiam, por muito que não saibamos distinguir as suas verdadeiras cores, são mais próximos daquilo que julgamos ideal.
Por vezes, o negro é essa cor. E por muito negros que alguns livros nos pareçam, há neles, se nos agradarem, luzes que esbatem a escuridão e que nos indicam, paradoxalmente, que nem sempre a luz nos conduz para o fim do túnel.
Por vezes precisamos de ser abanados, sacudidos, incomodados, para percebermos que a vida, que várias vidas, podem ser objecto de histórias, aparentemente obscuras, mas que permitem caminhar de olhos levantados, procurando luzes, ou pelo menos, lampejos de luz que nos obriguem a olhar para dentro de nós e descobrir o nosso próprio rumo.
É por vezes na dor e no sofrimento sem fim, que conseguimos encontrar respostas.
Saberemos viver assim? Sem saber se podemos recuperar as memórias que julgávamos serem o nosso guia? Ou será que seremos capazes de recordar aquilo que, provavelmente, nunca aconteceu?
Por muito que tenhamos esquecido, por muito que não queiramos recordar, por muito que pensemos que uma enorme rocha tapa as nossas memórias mais recônditas, a verdade é que há-de haver sempre um caminho, uma luz, um simples lampejo, que nos há-de trazer de volta as recordações que fomos enterrando pelo caminho.
E, vá lá saber-se porquê, se calhar a vida é isso mesmo, saber recordar, saber reviver, mesmo aquilo que sempre achámos que queríamos esquecer.
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1 comentário:
Belo texto...
Vou ler o "Marina".
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