Quando fechava a porta, às sete em ponto, como todos os dias, ele reparou que no outro lado da rua eles não falavam. E estranhou.
Já não se lembrava de os ver calados. Poderia mesmo jurar que nunca os tinha visto calados. Mas hoje era assim que estavam. Quedos e mudos. E olhavam o céu com feições imperturbáveis.
Então, contrariamente a tudo o que sempre fizera, saiu para a rua sem fechar a porta atrás de si. E olhou para cima.
Às sete e meia, estranhando ele ainda não ter chegado a casa pontualmente, como sempre havia feito, ela resolveu sair para saber dele. Ao chegar ao fim da rua ouviu um som luminoso, melodioso e contínuo. Ao virar a esquina viu-os todos e a ele também. Olhavam para céu… Era de lá que vinha o som. Resistiu à tentação de olhar também. Porque a rua estava cheia de gente que olhava o céu e não dava conta de nada mais.
Chegou-se perto dele e sussurrou-lhe ao ouvido: o que vês tu?
Lentamente ele baixou em cabeça e olhou-a nos olhos:
Shiu, a lua está cheia...
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