terça-feira, 22 de junho de 2010

Dos 7 a 0


Somos dados à nostalgia, a deprimentes saudades que nos legam momentos que nunca vivemos, mas que, de alguma forma, sonhámos.
Pensamos que os de fora é que são bons e que de dentro, só os de antigamente é que valem. Apesar de não conhecermos a nossa História, temos orgulho nela, mas é um orgulho pequenino, porque isto de enaltecer o passado e a tradição é coisa de parolo. Depois temos por hábito endeusar um ou outro compatriota que se destaque por feitos publicitados pelos média internacionais, mas raramente o fazemos por feitos não mediáticos que, normalmente, até são mais importantes para aquilo que devia alimentar o que chamamos orgulho nacional. Também somos derrotistas por natureza. Aqui e ali, no entanto, embandeiramos em arco uma qualquer situação fugaz que, naquela hora, nos enche de uma alegria incontida, pouco racional, como devem ser, aliás, todas as verdadeiras alegrias. O problema está em que, passada a euforia inicial, rapidamente descemos à terra da forma mais abrupta possível e, depois de cada queda, torna-se mais difícil levantarmo-nos. Somos, como é hábito dizer-se, o povo do 8 ou 80.
Neste momento somos o povo do 7 a 0, e a rejubilação não podia ser maior. Espero que, na próxima sexta feira, não passemos a ser o povo do 0 a 7 e faço votos para que consigamos chegar ao meio termo, à virtude que costuma estar no meio.
Lembremo-nos que, na última vez que jogámos contra o Brasil, encaixamos 6 golos e sejamos humildes mas decididos na hora da verdade. E, já agora, aproveitemos o embalo para tentarmos resolver aquilo que, verdadeiramente, nos vai atormentando, porque o Mundial não dura muito mais.

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