sábado, 7 de novembro de 2009

histórias de Rosa Branca


XVII

Em Rosa Branca havia quem estivesse convencido que alguns minutos tinham mais que os usuais sessenta segundos. Quem jurasse que algumas semanas ultrapassavam os meros sete dias.
Na verdade nunca ninguém tinha feito prova científica.
No entanto, mesmo sendo verdadeiro, o fenómeno não era evidente, porque, por efeitos tão naturais como o vento que sopra ao contrário, ou a chuva que só cai nas noites de lua nova, havia igualmente quem jurasse que no mês seguinte iriam surgir alguns dias que acabavam antes da meia-noite, ou meses que paravam no dia 29 mesmo sem pertencerem a anos bissextos.
Acontecimentos como este não eram, por isso, objecto de grandes delongas, aliás eram encarados tão naturalmente como a possibilidade de um concidadão abrir asas e voar.
Por isso mesmo, naquela manhã, não era por curiosidade mórbida que a multidão se acotovela na praça principal, olhando avidamente para Jordão Perestrelo. Mas tão-somente porque naquele dia, que não era maior ou menor que os outros, todos acreditavam que Jordão poderia provar aquilo que toda Rosa Branca sabia ser o seu destino.


(continuará)

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