Quando abriu os olhos naquela manhã, tudo lhe parecia diferente.
Não conseguiu perceber se eram as cores que tinham mudado, se era a textura do dia, ou se era o local onde estava.
De qualquer forma soube que havia diferenças que, embora não evidentes, eram indesmentíveis.
Passou as mãos pelo corpo e sentiu o mesmo que todos os dias. O calor que dele emanava, a luz que nele sempre se centrava, os olhares que em si sempre pousavam mal o dia se abria.
Olhou em volta e viu os seus companheiros de todo o tempo. Ali estavam eles, reluziam com o sol que se desprendia dum céu azul que já brilhava lá fora.
Os passos solitários, que todas as manhãs por ali soavam, aproximavam-se e ele sentiu que lhe limpavam todos os poros, libertando-o duma espécie de poeira que a noite lhe acumulara.
Parecia um dia como tantos outros que ali tinha passado. Mas aquela sensação de estranheza, de mudança, de corte, não o abandonava.
Mesmo assim resolveu assumir a sua pose. Era para isso que ali estava, fora só para isso que o ali tinham posto há já tanto tempo.
Foi então que ouviu ruídos estranhos. Não eram os habituais aquela hora do dia. Alguém se aproximava dele, falando em voz alta, dizendo coisas que não conseguia entender. Que não queria entender.
Foi então que o seu mundo se virou de pernas para o ar e ele confirmou a sua suspeita. Algo de inabitual se estava a passar.
Ao ser embrulhado ainda conseguiu ouvir a mesma voz e percebeu então o que se passava.
Só levo este quadro, é o único de que nunca me separarei…
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