sábado, 31 de dezembro de 2011
Graças a Deus é (ontem foi) sexta feira e hoje é véspera do dia de ano novo
Bom fim de semana, bom ano novo.
Profecia dos Maias para 2012
«(...) Mas Carlos queria realmente saber se, no fundo, eram mais felizes esses que se dirigiam só pela razão, não se desviando nunca dela, torturando-se para se manter na sua linha inflexível, secos, hirtos, lógicos, sem emoção até ao fim...
- Creio que não - disse o Ega. - Por fora, à vista, são desconsoladores. E por dentro, para eles mesmos, são talvez desconsolados. O que prova que neste lindo mundo ou tem de se ser insensato ou sem sabor...(...)»
Os Maias, Eça de Queiroz
BOM 2012!
- Creio que não - disse o Ega. - Por fora, à vista, são desconsoladores. E por dentro, para eles mesmos, são talvez desconsolados. O que prova que neste lindo mundo ou tem de se ser insensato ou sem sabor...(...)»
Os Maias, Eça de Queiroz
BOM 2012!
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Resolução de ano novo?
Arranjei esta coisa para ver se começava a escrever alguma coisa que se visse. Houve alturas em que pensei que tinha uma coisa boa, com palavras bonitas, textos óptimos, descobertas sensacionais. Houve outras alturas em que apenas mantive esta coisa porque sou muito apegado às coisas e custa-me deixá-las assim do pé para a mão. Nos últimos tempos a coisa serviu quase só para pôr músicas, nos últimos dias nem para isso. Quero ver se no ano de 2012 volto ao princípio e desato para aqui a escrever coisas, não sei se serão boas ou não, mas nem isso me interessa muito agora, basta-me cumprir este desejo de ano novo, começar a escrever, sim porque até agora tudo não passou de uma tentativa falhada.
Bom ano novo!
Bom ano novo!
domingo, 25 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
sábado, 17 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Zenith é simpático?
«Benfica defronta Zenit nos "oitavos" da Champions
sorteio "simpático" para os encarnados»
in Record
Depois de ter espetado três, em casa, no fcporto e de ter empatado fora, o Zenith ajudou a eliminar o fcp da Champions e agora que saiu ao Glorioso já é simpático? Só se for por ter corrido com os tripas.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
A sala secreta
Entrou ao de leve na sala. Há já tantos anos que lá não ia, tanto tempo passado desde que a porta se havia fechado. Lembrava-se de correr por ali, subir sofás, escalar cortinados, espreitar debaixo das mesas e das cadeiras, descobrir inúmeros segredos que nunca contara a ninguém. Fora ali que encontrara um mapa da Sardenha, e mesmo não sabendo o que era a Sardenha, estudou o mapa, leu-lhe os mais ínfimos pormenores, os mais recônditos segredos. Ficou a conhecer a Sardenha como ninguém. Ali passou dos mais belos momentos da sua vida, através do mapa que alguém tinha deixado debaixo da mesa. Foi também ali que descobriu aquele cachimbo que ainda lá se encontra, bonito, de madeira negra, ainda tem o cheiro adocicado que o tabaco lhe deu. Lembrou-se de como o colocava na boca e aspirava aquele fumo imaginado, aquele sabor inebriante, aquele cheiro único. E de como o enjoava o odor que exalava da pequena caixa de rapé que se encontrava logo ao lado do cachimbo.
A sala mantinha-se na obscuridade, como sempre a conhecera. Era isso que o fascinava, aquela sala isolada do resto da casa, cheia de memórias, de histórias que mais ninguém queria, ou sabia, conhecer. Ainda ali se encontrava a mesma vela que queimou da última vez que ali tinha estado, gasta, derretida, cheia de histórias que ele próprio tinha criado e que por ali tinham ficado.
Virou-se lentamente e olhou para a janela que se mantinha tapada pelo mesmo cortinado pesado, ainda lá estavam presos os dois pedaços de fósforo que ele próprio havia recortado há tantos anos, formavam duas letras, as iniciais do seu nome e continuavam ali, nunca ninguém entrava naquela sala.
Abriu então a gaveta da secretária, era ali que deixava os seus escritos, aquilo que queria criar para depois oferecer, enviar a amigos imaginários, postais cheios de pequenas histórias que mais não eram que breves devaneios de quem ainda não tem idade para os contar em voz alta. Viu que ainda lá estavam os selos, imensos selos, de 5 tostões, que já não existem, nem os selos, nem os tostões. Será que ainda alguém se lembra dos tostões? Mas dos postais nem sombra, será que alguém os tirou dali, será que, afinal, ele nunca os escreveu. Reparou então que debaixo da secretária, mesmo junto ao seu pé direito estava um pedaço de cartão colorido, um pedaço de uma fotografia de um sítio soalheiro, talvez uma imagem da Sardenha.
Foi então que ouviu um ruído atrás de si, um leve roçagar, quase indistinto. Não teve vontade de se voltar, de ver quem era. Quem poderia ser? Apenas ele conhecia aquela sala, tinha a certeza que mais ninguém ali entrara durante todos aqueles anos, nem sequer sabiam da sua existência.
Calmamente ajeitou o cinturão onde guardava os cartuchos. Apertou melhor a fivela e tirou um cartucho. Carregou a pequena espingarda que trazia consigo.
Virou-se, lentamente, como desejando não ver aquilo que, já sabia, iria encontrar.
Foi já sem surpresa que encarou o espelho e se viu reflectido nele. Na sua mão direita trazia um livro novo, conseguiu ler o título, Histórias da Sala Secreta. Sem hesitar puxou o gatilho. O espelho partiu-se em mil pedaços. Atrás de si a sala ficou na mesma. Rodou então sobre si próprio, fechou a porta à chave, pegou no cachimbo, encheu-o de tabaco adocicado e acendeu-o, de seguida sentou-se no chão e começou a ler o livro.
A sala mantinha-se na obscuridade, como sempre a conhecera. Era isso que o fascinava, aquela sala isolada do resto da casa, cheia de memórias, de histórias que mais ninguém queria, ou sabia, conhecer. Ainda ali se encontrava a mesma vela que queimou da última vez que ali tinha estado, gasta, derretida, cheia de histórias que ele próprio tinha criado e que por ali tinham ficado.
Virou-se lentamente e olhou para a janela que se mantinha tapada pelo mesmo cortinado pesado, ainda lá estavam presos os dois pedaços de fósforo que ele próprio havia recortado há tantos anos, formavam duas letras, as iniciais do seu nome e continuavam ali, nunca ninguém entrava naquela sala.
Abriu então a gaveta da secretária, era ali que deixava os seus escritos, aquilo que queria criar para depois oferecer, enviar a amigos imaginários, postais cheios de pequenas histórias que mais não eram que breves devaneios de quem ainda não tem idade para os contar em voz alta. Viu que ainda lá estavam os selos, imensos selos, de 5 tostões, que já não existem, nem os selos, nem os tostões. Será que ainda alguém se lembra dos tostões? Mas dos postais nem sombra, será que alguém os tirou dali, será que, afinal, ele nunca os escreveu. Reparou então que debaixo da secretária, mesmo junto ao seu pé direito estava um pedaço de cartão colorido, um pedaço de uma fotografia de um sítio soalheiro, talvez uma imagem da Sardenha.
Foi então que ouviu um ruído atrás de si, um leve roçagar, quase indistinto. Não teve vontade de se voltar, de ver quem era. Quem poderia ser? Apenas ele conhecia aquela sala, tinha a certeza que mais ninguém ali entrara durante todos aqueles anos, nem sequer sabiam da sua existência.
Calmamente ajeitou o cinturão onde guardava os cartuchos. Apertou melhor a fivela e tirou um cartucho. Carregou a pequena espingarda que trazia consigo.
Virou-se, lentamente, como desejando não ver aquilo que, já sabia, iria encontrar.
Foi já sem surpresa que encarou o espelho e se viu reflectido nele. Na sua mão direita trazia um livro novo, conseguiu ler o título, Histórias da Sala Secreta. Sem hesitar puxou o gatilho. O espelho partiu-se em mil pedaços. Atrás de si a sala ficou na mesma. Rodou então sobre si próprio, fechou a porta à chave, pegou no cachimbo, encheu-o de tabaco adocicado e acendeu-o, de seguida sentou-se no chão e começou a ler o livro.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Changes
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Fine Covers (XXIX)
The Waterboys vs. Dezembro
Não é bem um cover, no sentido tradicional do termo, mas com um pouco de boa vontade...
domingo, 27 de novembro de 2011
Olha se não tem havido jaula
sábado, 26 de novembro de 2011
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Graças a Deus é sexta feira / Fine Covers(XXVIII)
Eddie Vedder vs. Bob Dylan
Hoje partilhamos etiquetas e esperamos que os tempos que aí vêm sejam, mesmo, de mudança.
Bom fim de semana.
6 anos
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Na Madeira continuam a cavar...
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
O colega novo
Conheci o Henrique há três dias. Já conhecia a Ana, já tinha ouvido falar do Henrique, mas só o conheci há três dias. Num curso. De escrita. Criativa.
O Henrique gosta de escrever, por isso fez o curso. Mas o Henrique é de outras ciências, daquelas que nos dizem ser exactas, por muito pouco explícito que isso seja. Porque ser exacto é tudo o que alguém criativo deve ser. Acho que é isso que o Henrique quer ser. Exacto. Exactamente exacto.
Mesmo que se engane, mesmo que venha a descobrir que dois mais dois nem sempre são quatro, basta que lhe acrescentemos alguma imaginação, daquela exacta, exactamente exacta.
Hoje creio que o Henrique é mais exacto do que era há três dias atrás, porque hoje o Henrique talvez já tenha descoberto que ser criativo é saber somar sempre mais a uma qualquer adição. O que a torna mais exacta.
De qualquer maneira eu fiquei a conhecer o Henrique e a gostar do Henrique, até porque o Henrique, tal como eu, sabe que a acompanhar um prato de moules deve vir sempre uma cerveja, ou duas, ou três e isso é saber a resolução exacta dum problema.
E eu hoje também me senti somado, porque já conheço o Henrique e a Ana e o Fernando e a Rosário e o Joaquim e o Pedro. E esta sim é uma adição perfeita, exacta. Exactamente exacta.
O Henrique gosta de escrever, por isso fez o curso. Mas o Henrique é de outras ciências, daquelas que nos dizem ser exactas, por muito pouco explícito que isso seja. Porque ser exacto é tudo o que alguém criativo deve ser. Acho que é isso que o Henrique quer ser. Exacto. Exactamente exacto.
Mesmo que se engane, mesmo que venha a descobrir que dois mais dois nem sempre são quatro, basta que lhe acrescentemos alguma imaginação, daquela exacta, exactamente exacta.
Hoje creio que o Henrique é mais exacto do que era há três dias atrás, porque hoje o Henrique talvez já tenha descoberto que ser criativo é saber somar sempre mais a uma qualquer adição. O que a torna mais exacta.
De qualquer maneira eu fiquei a conhecer o Henrique e a gostar do Henrique, até porque o Henrique, tal como eu, sabe que a acompanhar um prato de moules deve vir sempre uma cerveja, ou duas, ou três e isso é saber a resolução exacta dum problema.
E eu hoje também me senti somado, porque já conheço o Henrique e a Ana e o Fernando e a Rosário e o Joaquim e o Pedro. E esta sim é uma adição perfeita, exacta. Exactamente exacta.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Graças a Deus é sexta feira
Esta canção já aqui foi postada mas, como em tantas outras coisas da vida, às vezes sabe bem repetir.
Bom fim de semana.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Ninho de vespas
O zumbido era monótono. Bem como a luz verde que piscava ininterruptamente.
Ela olhou-o mais uma vez, a cabeça pendia, inerte, os seus olhos, grandes e negros, fitavam agora o vazio e do buraco, bem no meio da testa, ainda saia fumo.
A luz continuava a piscar, irritante, verde, escuro, verde, escuro. E aquele zumbido parecia o de um enorme enxame de vespas zangadas.
Ela sentou-se, pousou a pistola na cómoda e acendeu um cigarro. Olhou-o novamente.
Ouviu-o: não dispares, não queres disparar.
Ouviu-o ainda mais atrás: vamos ao nosso cantinho, já o reservei para hoje, temos a noite toda por nossa conta.
Lembrou-se de como escondera a pequena pistola entre a escova de pentear e o espelho que guardava na sua mala.
Foi com ele, já sabia como a noite iria acabar, mas ele ainda não, nem desconfiava.
Quando fecharam a porta do quarto, a luz começou a piscar, verde, escuro, verde, escuro e ela ouviu o zumbido, aquele enxame que lhe entrava pelos ouvidos e soube, sem dúvida, que hoje seria o último dia, a última noite, o fim do nosso cantinho.
Quando ele se sentou, depois de se servir de um copo de uísque, pediu-lhe o dinheiro.
Ela tirou calmamente as notas que estavam enroladas num elástico e deu-lhas.
Só isto? Perguntou ele, cerrando nela aqueles olhos grandes e negros.
Ela mal sentiu a bofetada. Só um zumbido enorme que lhe enxameava a cabeça e aquela luz, verde, escuro, verde, escuro.
Quando se levantou ainda sentia os dedos presos à sua cara.
Só isto? Tornou ele.
Ela dirigiu-se à mala, ele ficou de pé atrás dela, pernas abertas, cigarro na ponta dos lábios e mão estendida à espera.
Ela tirou a pequena pistola da mala e voltou-se lentamente.
Ele abriu ainda mais aqueles olhos enormes e negros e não teve tempo para mais nada.
Caiu na cama mantendo os olhos abertos.
Depois de apagar o cigarro ela guardou, cuidadosamente, a pistola na mala, entre a escova de pentear e o espelho. E saiu.
Sabia que nunca mais veria aquela luz deprimente, verde, escuro, verde, escuro e que havia feito desaparecer todas as vespas que lhe zumbiam na cabeça.
Ela olhou-o mais uma vez, a cabeça pendia, inerte, os seus olhos, grandes e negros, fitavam agora o vazio e do buraco, bem no meio da testa, ainda saia fumo.
A luz continuava a piscar, irritante, verde, escuro, verde, escuro. E aquele zumbido parecia o de um enorme enxame de vespas zangadas.
Ela sentou-se, pousou a pistola na cómoda e acendeu um cigarro. Olhou-o novamente.
Ouviu-o: não dispares, não queres disparar.
Ouviu-o ainda mais atrás: vamos ao nosso cantinho, já o reservei para hoje, temos a noite toda por nossa conta.
Lembrou-se de como escondera a pequena pistola entre a escova de pentear e o espelho que guardava na sua mala.
Foi com ele, já sabia como a noite iria acabar, mas ele ainda não, nem desconfiava.
Quando fecharam a porta do quarto, a luz começou a piscar, verde, escuro, verde, escuro e ela ouviu o zumbido, aquele enxame que lhe entrava pelos ouvidos e soube, sem dúvida, que hoje seria o último dia, a última noite, o fim do nosso cantinho.
Quando ele se sentou, depois de se servir de um copo de uísque, pediu-lhe o dinheiro.
Ela tirou calmamente as notas que estavam enroladas num elástico e deu-lhas.
Só isto? Perguntou ele, cerrando nela aqueles olhos grandes e negros.
Ela mal sentiu a bofetada. Só um zumbido enorme que lhe enxameava a cabeça e aquela luz, verde, escuro, verde, escuro.
Quando se levantou ainda sentia os dedos presos à sua cara.
Só isto? Tornou ele.
Ela dirigiu-se à mala, ele ficou de pé atrás dela, pernas abertas, cigarro na ponta dos lábios e mão estendida à espera.
Ela tirou a pequena pistola da mala e voltou-se lentamente.
Ele abriu ainda mais aqueles olhos enormes e negros e não teve tempo para mais nada.
Caiu na cama mantendo os olhos abertos.
Depois de apagar o cigarro ela guardou, cuidadosamente, a pistola na mala, entre a escova de pentear e o espelho. E saiu.
Sabia que nunca mais veria aquela luz deprimente, verde, escuro, verde, escuro e que havia feito desaparecer todas as vespas que lhe zumbiam na cabeça.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Paulo Bento pequenino
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
sábado, 12 de novembro de 2011
Um dia encarnado (apesar de tudo...)
Estava a ver um desafio de futebol pela televisão, quando o meu pai entrou em casa, o Eusébio tinha acabado de marcar um golo.
Nessa altura deveria ter uns 8 ou 9 anos e o meu pai prometeu-me que, no fim-de-semana seguinte, iríamos ver o Benfica – Sporting. O entusiasmo foi enorme, creio mesmo que nasceu um brilho novo nos meus olhos.
Desde que me lembrava que era um admirador confesso do clube da cor encarnada, mas nunca tinha tido oportunidade de ver o meu clube preferido ao vivo. Já vira na televisão, mas era diferente, claro que era, ainda por cima, na altura, a televisão era só a preto e branco, como poderia, dessa forma, sentir o encarnado? As papoilas saltitantes, como dizia a canção. E o Eusébio ainda jogava.
Passei a contar os dias que faltavam para o jogo quase minuto a minuto. Já imaginava as jogadas mais fabulosas e não admitia, de forma alguma, que os lagartos pudessem derrotar os encarnados, claro que não!
O meu pai disse-me ter combinado com um colega de trabalho que lhe iria comprar os bilhetes. Só que, por alguma razão, certamente forte, o colega não pôde comprá-los e o meu pai também não. Os bilhetes esgotaram e com uma tristeza maior que o mundo, acabei por não ir ao estádio ver o Benfica - Sporting.
Mas o meu pai, que é adepto do Belenenses, não quis adiar a minha entrada num estádio de futebol e assim, no mesmo fim-de-semana em que perdi a disputa entre os vermelhos e os verdes, lá fomos, eu e o meu pai, até ao Restelo e num dos estádios mais bonitos que já vi, acabamos a vibrar com vitória do Belenenses que, nesse dia jogava com o Sporting de Braga.
Curiosamente não me recordo quem ganhou o jogo que, de forma tão inglória, acabei por não assistir. Mas, de certeza, que o Benfica ganhou.
Ao sair do estádio do Restelo o meu pai, satisfeito com o desfecho do jogo, sugeriu que fôssemos lanchar aos Pastéis de Belém.
- Meia dúzia de pastéis e uma Laranjina C sabiam bem agora, não achas? Perguntou-me ele.
Eu concordei.
Ao entrarmos na pastelaria reparei que toda a gente olhava na mesma direcção cochichando segredos imperceptíveis. Foi então que alguém me tocou, ao de leve, no ombro. Quando me virei não pude acreditar no que os meus olhos viam. Ele estava ali, ao meu lado, sorria para mim e estendia-me qualquer coisa. Uma bola de futebol, com uma assinatura, a sua.
- Soube que não pudeste ir ao estádio hoje assistir ao jogo, por isso aqui vim ter contigo e oferecer-te a bola com que marquei o golo da vitória. Disse-me.
Aceitei a bola, balbuciei um obrigado e fiquei a vê-lo afastar-se dando pequenos passos, tal qual uma papoila saltitante.
Voltei a olhar a bola e a assinatura.
- Pai - Exclamei – Era o Eusébio!
Nessa altura deveria ter uns 8 ou 9 anos e o meu pai prometeu-me que, no fim-de-semana seguinte, iríamos ver o Benfica – Sporting. O entusiasmo foi enorme, creio mesmo que nasceu um brilho novo nos meus olhos.
Desde que me lembrava que era um admirador confesso do clube da cor encarnada, mas nunca tinha tido oportunidade de ver o meu clube preferido ao vivo. Já vira na televisão, mas era diferente, claro que era, ainda por cima, na altura, a televisão era só a preto e branco, como poderia, dessa forma, sentir o encarnado? As papoilas saltitantes, como dizia a canção. E o Eusébio ainda jogava.
Passei a contar os dias que faltavam para o jogo quase minuto a minuto. Já imaginava as jogadas mais fabulosas e não admitia, de forma alguma, que os lagartos pudessem derrotar os encarnados, claro que não!
O meu pai disse-me ter combinado com um colega de trabalho que lhe iria comprar os bilhetes. Só que, por alguma razão, certamente forte, o colega não pôde comprá-los e o meu pai também não. Os bilhetes esgotaram e com uma tristeza maior que o mundo, acabei por não ir ao estádio ver o Benfica - Sporting.
Mas o meu pai, que é adepto do Belenenses, não quis adiar a minha entrada num estádio de futebol e assim, no mesmo fim-de-semana em que perdi a disputa entre os vermelhos e os verdes, lá fomos, eu e o meu pai, até ao Restelo e num dos estádios mais bonitos que já vi, acabamos a vibrar com vitória do Belenenses que, nesse dia jogava com o Sporting de Braga.
Curiosamente não me recordo quem ganhou o jogo que, de forma tão inglória, acabei por não assistir. Mas, de certeza, que o Benfica ganhou.
Ao sair do estádio do Restelo o meu pai, satisfeito com o desfecho do jogo, sugeriu que fôssemos lanchar aos Pastéis de Belém.
- Meia dúzia de pastéis e uma Laranjina C sabiam bem agora, não achas? Perguntou-me ele.
Eu concordei.
Ao entrarmos na pastelaria reparei que toda a gente olhava na mesma direcção cochichando segredos imperceptíveis. Foi então que alguém me tocou, ao de leve, no ombro. Quando me virei não pude acreditar no que os meus olhos viam. Ele estava ali, ao meu lado, sorria para mim e estendia-me qualquer coisa. Uma bola de futebol, com uma assinatura, a sua.
- Soube que não pudeste ir ao estádio hoje assistir ao jogo, por isso aqui vim ter contigo e oferecer-te a bola com que marquei o golo da vitória. Disse-me.
Aceitei a bola, balbuciei um obrigado e fiquei a vê-lo afastar-se dando pequenos passos, tal qual uma papoila saltitante.
Voltei a olhar a bola e a assinatura.
- Pai - Exclamei – Era o Eusébio!
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
O Pastiche de Spielberg
Ponto prévio: Acredito que Steven Spielberg é um excelente realizador. Fez dos filmes mais emblemáticos das últimas décadas e é reconhecido, quase por todos, como um dos mais proeminentes artesãos da 7ª arte que ainda se mantêm em acção.
Ponto prévio 2: Se fizer um esforço de memória e me relembrar de todos os filmes que vi realizados por S.S., consigo, apenas, destacar aqueles em que o protagonista é Indiana Jones. Todos os outros me passaram ao lado, talvez com a excepção da Lista de Schindler. Houve mesmo alguns, como o Império do Sol, que me chatearam profundamente.
Ponto prévio 3: Sou um admirador confesso, a roçar o fanático, das Aventuras de Tintin, como está, aliás, patente, nas páginas deste blogue. Para além da admiração que já vem dos meus tempos de infante, tenho, ao longo dos anos, dedicado muitas horas, agradáveis, a reler todos os álbuns, a ler muitas obras sobre Hergé e o seu (nosso) herói e tenho também participado em alguns encontros com outros admiradores confessos. Tenho, em suma, aplicado muito do meu tempo a tentar perceber e a deliciar-me com aquilo que esta obra de Hergé me pode proporcionar. Devo acrescentar que dou por (muito) bem empregues todos os minutos que assim passo.
Ponto prévio 4: Vi, com algum agrado naíf, os vários filmes que foram feitos tendo como ponto de partida as Aventuras de Tintin, desde aqueles protagonizados por Jean-Pierre Talbot, até às animações do Templo do Sol e do Lago dos Tubarões, passando pelos pequenos filmes realizados nos anos 60 pela Belvision e os outros mais recentes, anos 80, que reproduziram, quase fielmente, o que vem nos livros.
Posto isto, era inevitável, ir assistir ao tão badalado filme que S.S. intitulou O Segredo do Licorne.
Devo dizer que o achei um excelente filme. Tecnicamente inovador, irrepreensível do mesmo ponto de vista, com emoção, ritmo e perfeitamente capaz de entusiasmar a maior parte das assistências. Senti-me agradado. Pelo menos enquanto fui capaz de me esquecer que sou um admirador confesso, quase fanático, das Aventuras de Tintin.
Porque, no momento em que voltei a vestir essa pele, que, no fundo, é a minha pele verdadeira, fiquei triste com que acabara de presenciar.
A história vai beber uns pinguinhos de sapiência às ideias de Hergé, mas depois perde-se em temas que irão agradar aos maníacos dos jogos de computador, aos que gostam das curvas e contra-curvas em que são pródigos os filmes de Hollywood, aos que desconhecem Tintin.
Eu entendo que o argumento deste filme não possa seguir, à risca, a imaginação fértil, humorística e aventureira de Hergé, que não consiga transmitir toda a ambiência global que Hergé conseguiu, que não nos maravilhe de forma tão infantilmente madura. Por isso fiquei triste, por vezes até irritado. Porque os Dupondt não são assim, incipientes; porque o capitão, por muito bêbado que seja, nunca bebeu álcool puro; porque Moulinsart, por muito misterioso que pareça, nunca foi escuro ou tenebroso; porque a Castafiore, mesmo tonitruante como é, nunca partiu um vidro com a força da sua voz; porque Sakharine foi apenas um estranho coleccionador de modelos de navios e nunca um vilão; porque as perseguições que Tintin encetou nunca foram impossivelmente absurdas; porque a felicidade de quem conheceu Tintin antes deste filme nunca foi provocada por acções tontas e imbecis, mas antes por um encantamento que vem de dentro de cada um de nós.
Por tudo isto tenho receio que, num futuro mais ou menos próximo, quando aqueles, como eu, que gostam verdadeiramente de Tintin, desaparecerem, as gerações vindouras, mais rendidas ao imediatismo efémero e menos ao permanente contínuo, acreditem que as Aventuras de Tintin são da autoria de S.S. e não de quem realmente as imaginou e lhes deu vida.
Porque este Tintin de S.S. não é o meu, o nosso, o Tintin de Hergé, o verdadeiro. É outra coisa. É apenas mais um pastiche.
Nota final: Este é um filme que eu recomendo.
Nota final 2: Mudem o nome do protagonista. Talvez Indiana Jones animado, ou Indiana Jones em Marrocos, ou Indiana Jones de poupa.
Nota final 3: Leiam as Aventuras de Tintin em papel e sintam a diferença.
Nota final 4: Desta vez, tal como na maior parte das outras, O LIVRO É BEM MELHOR QUE O FILME!
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Pedaço de vida
Relembrei-me então do que a minha mãe me disse pouco tempo antes de morrer.
- Queres conhecê-lo não é? Queres falar com ele, ver o seu rosto, ouvir a sua voz?
Queria, sempre quisera, mesmo que nunca lho tenha confessado ela apercebera-se disso, facilmente.
Conhece-me como ninguém. Nem preciso de lhe falar.
Abracei-a, senti que me fugia e não que conseguia mantê-la comigo. Ela sorria-me, docemente, como sempre fizera. Mas ela sabia que eu nunca seria completo se não o conhecesse. Foi por isso que me estendeu aquele post-it com um conjunto de algarismos que eu nunca tinha visto e me disse para ir a sua casa e confrontar aquele número com o que estava na agenda escondida na cómoda do seu quarto, desde o dia em que nasci. Uma agenda vazia, quase vazia, com uma única informação.
Descansei-a, sabia que a sua memória já conhecera melhores dias, maldita doença.
Quando a voltei a ver não me reconheceu, pediu-me um cigarro, ela que nunca fumou. Daqueles fortes, que queimam por dentro, que não deixam dúvidas.
Depois de ela ter morrido comecei a fumar Ducados. Sei que nunca mais deixarei de fumar Ducados. Por ela e por mim também.
Hoje consegui, finalmente, vir a sua casa. Trago comigo um maço de cigarros e o post-it. Falta-me só a agenda e um pouco mais de coragem.
Mas, na verdade, não queria conhecê-lo, queria sim esquecê-lo. Tirar aquela ideia vaga da minha cabeça, afastar a neblina que, vezes demais, teima em tapar-me os caminhos por onde desejo seguir.
Nunca lhe disse isto a ela, porque sabia que se admitisse a vontade de o conhecer, lhe estaria a agradar, a dar-lhe mais um motivo para acreditar de que nada tinha feito de errado, queria oferecer-lhe a dádiva de que tudo o que fizera tinha valido a pena.
Não queria conhecê-lo, nunca quis. Hoje vim aqui para destruir aquilo que ainda me prende a esta nostalgia maldita que não é minha.
Rasgo o post-it e arranco a folha da agenda quase vazia. Destruo-os, desfaço-me deles e deste pedaço de vida que me incomoda.
Depois acendo um ducado e recordo-me do quanto ela era bonita.
- Queres conhecê-lo não é? Queres falar com ele, ver o seu rosto, ouvir a sua voz?
Queria, sempre quisera, mesmo que nunca lho tenha confessado ela apercebera-se disso, facilmente.
Conhece-me como ninguém. Nem preciso de lhe falar.
Abracei-a, senti que me fugia e não que conseguia mantê-la comigo. Ela sorria-me, docemente, como sempre fizera. Mas ela sabia que eu nunca seria completo se não o conhecesse. Foi por isso que me estendeu aquele post-it com um conjunto de algarismos que eu nunca tinha visto e me disse para ir a sua casa e confrontar aquele número com o que estava na agenda escondida na cómoda do seu quarto, desde o dia em que nasci. Uma agenda vazia, quase vazia, com uma única informação.
Descansei-a, sabia que a sua memória já conhecera melhores dias, maldita doença.
Quando a voltei a ver não me reconheceu, pediu-me um cigarro, ela que nunca fumou. Daqueles fortes, que queimam por dentro, que não deixam dúvidas.
Depois de ela ter morrido comecei a fumar Ducados. Sei que nunca mais deixarei de fumar Ducados. Por ela e por mim também.
Hoje consegui, finalmente, vir a sua casa. Trago comigo um maço de cigarros e o post-it. Falta-me só a agenda e um pouco mais de coragem.
Mas, na verdade, não queria conhecê-lo, queria sim esquecê-lo. Tirar aquela ideia vaga da minha cabeça, afastar a neblina que, vezes demais, teima em tapar-me os caminhos por onde desejo seguir.
Nunca lhe disse isto a ela, porque sabia que se admitisse a vontade de o conhecer, lhe estaria a agradar, a dar-lhe mais um motivo para acreditar de que nada tinha feito de errado, queria oferecer-lhe a dádiva de que tudo o que fizera tinha valido a pena.
Não queria conhecê-lo, nunca quis. Hoje vim aqui para destruir aquilo que ainda me prende a esta nostalgia maldita que não é minha.
Rasgo o post-it e arranco a folha da agenda quase vazia. Destruo-os, desfaço-me deles e deste pedaço de vida que me incomoda.
Depois acendo um ducado e recordo-me do quanto ela era bonita.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
...os bois pelos nomes...
“Sim, confirmo. Ele chamou-me preto e fez o mesmo ao Alan(...)"
Se te tivesse chamado azul, ou amarelo, ou verde, ou idiota, ou parvo, ou paspalho, ainda podia entender o insulto, agora isto...?
Já não chegaram as histórias dos apagões, da água fria ou do penalty inventado pelo Proença, ainda vêm com estas parvoíces.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Graças a Deus é sexta feira
Já por aqui disse que não nutro especial simpatia pelos nipónicos e que Sakamato é a excepção. Mais uma vez o confirmo com esta bela melodia.
Bom fim de semana.
Bom fim de semana.
A CNN é uma loura burra?
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
frases (imper)feitas (XXVIII)
Há histórias enormes, grandiosas, infinitas, que se podem conter num só sentimento, numa só palavra que tudo resume e que, sendo breve, nos dá toda a imensidão dum tempo que, aparentemente, já foi, mas que, na verdade, ainda é:
saudade...
saudade...
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
terça-feira, 25 de outubro de 2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
O Mira cospe no prato que lhe traz comida
Graças a Deus é sexta feira
Uma canção que faz todo o sentido no Portugal que hoje temos. Bom fim de semana.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Destruir Tintin ?
Eu bem que tenho dito, por aqui, que a adaptação cinematográfica de Tintin por Spielberg vai transformar o herói naquilo que ele não é, nunca foi e nunca deverá ser.
Creio mesmo que, se Hergé assistisse a estes desmandos, não acharia piada alguma.
Agora são as capas que, nos EUA, serão mudadas só para agradar aos editores americanos que, pelos vistos, não sabem, provavelmente nem querem saber, o que foi e o que é Tintin.
Mais uma vez afirmo, este Tintin não é o meu, o nosso, aquele que já tem mais de 80 anos e que, tão bem, soube resistir até aqui.
Tenho pena que os actuais detentores dos direitos da obra abram mão, tão facilmente, de um legado tão importante! Tintin é um herói europeu, sempre foi, sempre será, e não há-de ser um criador de ET's que vai mudar isso, pelo menos para mim!
E não é preciso ser um grande conhecedor para perceber que as capas americanas são pobres, se calhar como o espirito de quem as mutilou!
Coragem ou...medo?
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
ao espelho
...Olhou-se ao espelho. Demorou o tempo exacto que necessitava para se ver de alto a baixo, de um lado ao outro. Para se comprazer com o que via mas, sobretudo, para se lembrar de como era. Todos os dias fazia isso, tinha um medo atroz de se esquecer de si próprio, agora que a idade já não lhe trazia as memórias inteiras...
terça-feira, 18 de outubro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
jardins secretos
sábado, 15 de outubro de 2011
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
coitado do Mira
E anda este palhaço a dizer cobras e lagartos da administração pública! Deve ser por já ter percebido que lhe vão cortar os subsídios de Natal e de férias, a ele coitado, que trabalhou toda uma vida para uma empresa pública que lhe paga uma pensão miserável.
E a estes senhor pm? O que lhes vai acontecer?
Aux armes citoyens
Depois do que se tem passando neste nosso pobre país e do que vemos alastrar por essa europa fora, apetece voltar a soltar o grito e transformar as mentalidades e, sobretudo, as práticas. Hoje, mais que nunca, a igualdade, a fraternidade e a liberdade são necessárias, mesmo que para isso algumas cabeças tenham que rolar.
Graças a Deus é sexta feira
Nestes tempos de merda, em que quem manda se esquece de que as pessoas vivem, um pouco de beleza sabe bem. Bom fim de semana.
Quem manda?
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
The walking dead
É preso, não é preso, cumpre pena, não cumpre. Andamos neste vai-vem inqualificável por causa das tramóias, ou não, que este senhor andou a fazer lá pela linha. Creio que devia pagar por aquilo que fez de errado, é da mais elementar justiça, mas pergunto-me, então e os outros? Todos aqueles que se vêm engordando à custa dos demais, daqueles que, por esta altura, terão de pagar mais impostos, que vêem os salários congelados e não sabem como hão-de resolver todos os problemas que lhes arranjaram?
É voz corrente que a justiça portuguesa é lenta, a mim parece-me que sofre de dupla cegueira, aquela que, por norma deve ter e a outra, aquela que os que mais ordenam de facto, lhe impõem. E assim cá vamos, cantando e rindo, mas cada vez com menos vontade. Como zombies.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
terça-feira, 11 de outubro de 2011
A terra do nunca
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Fine Covers (I)
Porque, às vezes, as versões nos sabem melhor que os originais.
Peter Gabriel vs. The Magnetic Fields
Peter Gabriel vs. The Magnetic Fields
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
brasileirices
Lido no DN:
«Se estivessem no Brasil ontem à noite a ver televisão, Alexandra Lencastre, Nicolau Breyner, Maria João Bastos, Marco d'Almeida e Filipe Duarte não teriam reconhecido as suas vozes assim que começou o primeiro episódio de Equador. É que a série da TVI, adaptada da obra de Miguel Sousa Tavares, estreou-se na estação pública brasileira, TV Brasil, e foi dobrada.»
E depois ainda me vêm falar do acordo ortográfico?
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Tintin, mais uma espreitadela ao filme
Cada vez me convenço mais que este será um excelente filme de aventuras, mas que estará longe, muito longe, do verdadeiro Tintin.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Tintin en voiture
Se costumam passar por aqui já se aperceberam, decerto, que sou um fanático das Aventuras de Tintin e também já devem ter reparado que tenho algumas reticências quanto ao filme que o Spielberg nos vai mostrar lá mais para o fim do mês. Sei que vai ser um filme óptimo, com tudo o que é necessário para vingar e em grande, mas continuo a achar que não vai ser Tintin, vai ser outra coisa. De qualquer modo não me deixa de ser agradável ver surgir este novo interesse por uma das obras mais marcantes do século XX. Como esta publicidade que abaixo podemos ver.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Peter Gabreil New Blood
É este excelente, digo mais EXCELENTE, espectáculo que poderemos ver e ouvir a partir do próximo dia 10 em cd, dvd, vinil e sei lá mais o quê.
Completamente a não perder e a rever até mais não poder!
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Pressas
Quando a porta se abriu verificou que o elevador estava cheio.
Que chatice, pensou, é sempre quando temos mais pressa que o atraso se impõe.
Não encontrando outra alternativa, desceu os 15 andares numa corrida desenfreada pelas escadas.
Quando chegou á porta da rua ouviu um choro de bebé e exasperou-se quando percebeu que o carrinho de onde provinha o choro estava preso na porta impedindo entradas e saídas.
Por vezes há uma espécie de desespero que ilumina as ideias e foi isso que lhe aconteceu, subiu ao primeiro andar e da janela do patamar saltou para a rua.
Começou então uma corrida de alta velocidade pela avenida. O tráfego era intenso, quer de veículos, quer de pessoas e ele ziguezagueou por entre os transeuntes, fazendo gincanas impossíveis, atravessando a estrada por entre os carros que não o viam. Até que percebeu o barulho ensurdecedor de uma moto e, no último instante, conseguiu evitá-la, ela que circulava por entre os automóveis que, entretanto, formavam uma fila interminável, parados perante o vermelho de vários semáforos avariados.
Refeito do susto, viu que várias viaturas da polícia tapavam a passagem lá mais à frente e, com um enorme suspiro resignado, percebeu que não conseguiria chegar ao seu destino a horas.
Foi então que olhou para o lado, para o café que estava à sua direita e viu que, lá dentro, o aparelho de televisão estava ligado.
Com um enorme sorriso a bailar-lhe nos olhos, franqueou a porta, sentou-se na primeira cadeira e pediu uma cerveja, ao mesmo tempo que o árbitro apitava para o inicio do encontro.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Bola azul
Acordou cedo naquela MADRUGADA. Espreitou pela janela e percebeu que, no meio da neblina que já se dissipava, o céu se descobria em tons de um azul inexplicável. O mar, que quase roçava a porta de sua casa, chamava-o. Foi então que reparou na enorme bola azul que, ao longe, vinha saltitando ao sabor das ondas calmas que beijavam a areia…
…quando a MANHÃ se abriu completamente saiu de casa e caminhou lentamente pelas dunas em direcção à praia. Estava deserta, alegrou-se. Uma leve brisa acompanhava-o, afastando as breves nuvens que, teimosamente, ainda se mantinham naquele azul brilhante que saía do céu. Sentou-se na areia e fixou o mar. A enorme bola azul estava agora mais próxima, saltando por sobre as vagas que lhe pareciam sorrir. Deixou-se assim ficar…
…nem se apercebeu que a TARDE despontava já. O sol ia a pino e, apesar do calor, ou por isso mesmo, a praia continuava vazia. Levantou-se e aproximou-se do mar. A enorme bola azul estava cada vez mais perto. Apesar dos saltos que dava e da água que ia explodia , não conseguia ouvir o mínimo ruído. Molhou os pés e tal frescura despertou-lhe ainda mais os sentidos que não sabia possuir…
…ao longe o sol punha-se agora. A NOITE chegava. Fechou os olhos e deitou-se na areia molhada. Continuava quente aquele dia que se aprestava a terminar. Sentiu um silvo por cima de si. Abriu os olhos, a enorme bola azul estava parada exactamente por sobre a sua cabeça. A praia continuava deserta. Levantou-se calmamente e tentou tocar-lhe. Sentiu um frémito inesperado no preciso momento em que a bola recomeçou a saltitar. Foi já sem espanto que a viu afastar-se ao longo do extenso areal.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
O caminho de casa
Espelho, espelho meu…
Quantas vezes já te perguntaste?
E depois quantas vezes ficaste com vontade de comer a maçã, de espera por alguém encantado, preso numa floresta, numa tumba de cristal, aguardando?
Quantas vezes já te encontraste perante o monstro. Repleto de medo, de pavor de estar só e abandonado num castelo enorme e medonho, onde nada mais impera que o breu e o desconhecido?
Por quantas vezes já esperaste por uma fada madrinha que nunca surgiu. Mesmo que fosse apenas para te oferecer uma abóbora que se pode pudesse tornar em imaginações sem limite. Mesmo sabendo que tudo acabaria com a última badalada.
E quantos foram os momentos em que te quiseste embrenhar na floresta para encontrar uma casa de chocolate, mesmo correndo o risco de te deparares com uma bruxa horrenda, mascarada de tentações irrecusáveis.
E já pensaste em todas as vezes que adormeceste durante uma centena de anos, só para esperar que o dragão pudesse ser vencido. Será que ainda te lembras de ter procurado a roca e o fuso, de os quereres encontrar a todo o custo, mesmo quando as fadas boas se apressavam a tentar escondê-los de ti?
Tu, que sempre conheceste os caminhos onde o lobo se escondia e os tomaste só para poder encará-lo de frente e oferecer-lhe uma virgindade envergonhada.
Iô, iô, para casa agora eu vou…
No fundo foi sempre isso que quiseste ouvir. Buscar incessantemente esse caminho.
Para poderes experimentar o sapatinho de cristal com a certeza inabalável de que ele te iria servir.
Olhar o monstro nos olhos e perceber que, no fundo daquele olhar infeliz, estava uma alma à procura, tal como tu, da remissão de uma felicidade julgada impossível.
Comer a casa de chocolate, não contendo a voracidade, só pelo simples prazer de uns momentos bons, sabendo que ela ali estaria sempre que o desejo voltasse.
Adormecer em paz, por uma eternidade que, sempre o soubeste, iria ter um fim abrupto, porque todas as eternidades, por muito longas que sejam, acabam por se tornar enfadonhas e perigosamente infelizes.
Tu, que preferes andar de braço dado com o lobo, em vez de o atrair para emboscadas pueris, onde caçadores, sem alma nem coração, parecem ter chegado a finais felizes que, afinal, não passam de disfarces para quem, como tu, conhece, bem demais, o caminho de volta.
Todos os caminhos de volta.
E viveram felizes para sempre…
Assim é, mesmo que esse sempre tenha o seu epílogo já na próxima esquina. No exacto local onde irás encontrar uma nova história, aquela que te encantará outra vez! Porque só dessa forma, sabe-lo bem, poderás tomar o caminho de volta a casa.
E ser feliz…para todo o sempre!
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Outono
Está a chegar a estação com as cores mais bonitas.
(Queria ter encontrado o vídeo para a música que está abaixo mas não consegui, de qualquer forma aqui fica a música que acaba por ser das mais bonitas que os Genesis pós-Gabriel fizeram, chama-se Evidence of Autumn, e é apropriada aqueles que gostam da época)
Apenas um livro
Eis-me aqui chegado. Por caminhos que nunca imaginei. A locais que nunca pensei possíveis. Até me sentir encurralado onde hoje estou.
Quando olho para trás, nem eu, nem quem me criou, sonhámos que poderíamos tomar tais formas, percorrer estradas como estas, cair em tais enganos.
Já sou muito velho, vi muitas coisas, passei por muitas mãos.
Com esta forma e com outras. Com estas letras e com muitas outras.
Tive muitos irmãos. Uns mais bonitos, outros nem tanto.
Vivi muitas casas, deitei-me em muitas camas.
Passei por olhos que nunca me compreenderam e por muitos outros que me deram momentos de infinita felicidade. Tal como aquela que eu também ofereci.
Fui alto e baixo. De cores brilhantes e escuro como breu também. Servi para deleites e para coisas que nem me atrevo a confessar.
Fui queimado e idolatrado. Estive em salas silenciosas e naquelas em que a alegria e o riso comandavam.
Fizeram discursos emotivos sobre mim. E de outras vezes ignoraram-me.
Mas nunca passei despercebido, mesmo que muitos tivessem passado por mim sem me entenderem.
Houve quem me guardasse como um tesouro. Precioso.
Houve quem me usasse como causa menor.
Tudo o que quis foi agradar. Foi prazentear. Fazer sorrir e também chorar.
Emocionar.
Consegui-o. Sei que o consegui muitas vezes.
Vivi muitos anos. Muitos papéis conheci. Muitas capas me cobriram. Muitos desenhos me deram vida. Em muitas salas me escondi. Em muitas outras me descobri.
Hoje nem por isso.
Hoje vivo numa redoma. Quase nem vivo.
Sinto-me preso, estou preso numa gaiola de vidro. Sem vida própria. Numa espécie de limbo em que me transportam para todo o lado, mas sem poder ficar.
Hoje não existo, embora persista. Persisto numa vontade imensa de me tornar vivo outra vez. De poder voltar a viver em cada um que me lê. Que me lê a sério. Folheando-me. Anotando-me. Vendo-me. Mexendo-me.
Nunca escondendo-me dentro dum espelho em que não existo, em que apenas estou numa realidade virtual, sem alma, sem corpo.
Não foi para isso que me criaram. Nunca para estar num espaço de vidro, mas para estar presente, para que me vejam e sintam, para que as palavras que tenho em mim sejam permanentes, reais, palpáveis e não apenas símbolos esquecidos num mecanismo que se liga e desliga, como um mero interruptor.
Eu sei-me vida, sei-me significado, com seiva e sangue, com alma e espírito, com corpo e forma.
Eu estou aqui, como estive desde sempre, como estarei para sempre.
Eu sou um livro. Um livro a sério. Com capa, folhas, letras, palavras e significados.
Nunca serei apenas um reflexo embutido num espelho.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
O Horizonte
O homem estava sentado à porta de sua casa. Os seus olhos fixavam um ponto no horizonte distante. Um ponto que mais ninguém alcançava, que mais ninguém saberia alcançar, porque mais ninguém se atrevia a olhar o horizonte.
O homem sentava-se junto à porta de sua casa todos os dias à mesma hora e fixava-se no horizonte.
Diziam que nunca se mexia, que nem os seus olhos pestanejavam. Nenhum dos seus músculos se movia enquanto ele permanecia ali sentado perscrutando o horizonte.
Chegava sempre de manhã muito cedo, assim pensavam os que ali o viam. Nunca dali saía, acreditavam.
A única certeza era que, todos os dias, ele ali estava. Quedo e mudo, fitando intensamente a linha imaginária que se desenhava lá ao longe, onde tudo podia começar ou até terminar.
Havia quem sempre se lembrasse de ver o homem sentado à porta de sua casa. Não havia, contudo, ninguém que conseguisse afirmar que o havia visto fora daquele lugar.
Não se alimenta, diziam alguns, não necessita, pensavam todos. A sua vida é fixar o horizonte, acreditavam.
Ninguém sabia porquê, ninguém imaginava para quê.
Habituaram-se ao homem que se sentava à porta de sua casa a fixar o horizonte. Já quase não davam por ele.
Um dia o homem levantou-se e caminhou alguns passos, lenta mas decididamente. Pegou na sua cadeira e, poucos metros à frente, parou. Colocou-a cuidadosamente junto a uma pequena laranjeira que por ali se quedava só. À sua sombra se sentou e voltou a contemplar a ténue linha que se desenhava ao longe.
Alguns acercaram-se então do homem, tentaram falar-lhe, perguntar-lhe porquê, porque se tinha movido, porque tinha decidido sair do lugar que sempre tinha sido o seu.
O homem não respondeu, nem os olhou sequer.
Continuava a fixar o horizonte, os olhos presos no exacto lugar para onde sempre estiveram direccionados.
Houve quem insistisse, mas de nada resultaram as perguntas, os apelos que lhe lançaram. Depressa se cansaram e desistiram.
O homem ali ficou, sentado à sombra de uma laranjeira que já se tinha esquecido de existir.
Nos dias seguintes o homem ainda lá estava, bem como a laranjeira. A sua casa, no entanto, tinha desaparecido. Nunca ninguém conseguiu descobrir como nem porquê. Como que se evaporara no ar, num breve segundo de uma noite demasiado escura, sem o mínimo ruído, sem sombra de derrocada, de qualquer tipo de destruição evidente. Desaparecera simplesmente.
O homem continuava, impávido, a olhar o horizonte, debaixo de uma laranjeira a quem, inesperadamente, tinham começado a crescer folhas. O fenómeno intrigou toda a gente. A árvore estava morta há muito tempo e ninguém acreditava que pudesse renascer, porque não é essa a lei da vida.
Não consideravam ser milagre, porque há muito tempo se tinham esquecido que há explicações que só se compreendem para lá do óbvio e depressa esqueceram que uma simples árvore, morta há muito, tinha resolvido renascer.
O homem, esse, continuava sentado debaixo da laranjeira e o mundo que lhe ficava atrás, esse, ia desaparecendo sem ele se dar conta.
Foi por isso que, sem espanto, no dia seguinte já ninguém conseguiu ver o homem levantar-se e iniciar a caminhada em direcção ao horizonte.
Atrás de si todas as casas, caminhos e pessoas tinham desaparecido e o homem nunca se virou, limitou-se a caminhar na única direcção que lhe era permitida.
A seu lado uma laranjeira florida e carregada de sumarentos frutos, acompanhava-o decidida!
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
ainda de regresso
Descobri este disco recentemente e não consigo deixar de o ouvir. Por isso o regresso está a ser feito devagar, porque é assim que estas músicas nos deixam, calmos, lentos, mas com vontade de regressar...
terça-feira, 13 de setembro de 2011
quarta-feira, 27 de julho de 2011
segunda-feira, 25 de julho de 2011
11º N
Quase a mergulhar nas férias, deixo aqui uma memória que, nos últimos dias, se tornou mais viva em algumas pessoas que teimam em continuar jovens, apesar de alguns espelhos insistirem, erradamente, em passar-lhes outra imagem.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
terça-feira, 19 de julho de 2011
férias...
Subscrever:
Mensagens (Atom)