sábado, 3 de outubro de 2009
histórias de Rosa Branca
XIII
Naquele dia João Onofre saiu de sua casa com a convicção única de que alguma coisa de importante iria acontecer. Quando a porta bateu atrás de si, olhou o céu, límpido, sem uma nuvem. O sol escaldante queimou-lhe o olhar.
Começou então a caminhar em direcção à praça grande, onde a multidão se ia juntando.
Parou mesmo em frente à torre sineira da igreja. Olhou para cima e viu Jordão lá bem no alto.
Muitos anos antes, quando ainda se sentavam nos bancos da escola, Jordão confessara-lhe a certeza daquele dia. Não acreditara, normalmente não acreditava no que Jordão lhe contava, embora nunca lhe tivesse mentido. Mas aquilo não era uma mentira, era apenas uma incredulidade. João Onofre simplesmente não podia crer no que Jordão lhe havia prometido.
Contudo, hoje, o seu cepticismo preparava-se para ser quebrado e João Onofre ali estava, preparado para se render à convicção do seu amigo. Era, aliás, o único presente naquela praça a ter a absoluta certeza daquilo que estava prestes a acontecer.
(continuará)
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