terça-feira, 31 de março de 2009
Tour Eiffel
Há 20 anos atrás subi-a pela primeira vez. Estava um dia cinzento, molhado por uma chuvinha contínua, leve mas irritante, daquela que, dizem, molha tolos. Eu sei que fiquei molhado, mas quase nem dei conta. Gostei de a subir, de admirar aquela cidade que dizem ser a da luz, mas que naquele dia estava escura, embora sempre deslumbrante.
Faz hoje 120 anos e é um dos mais impressionantes lugares que conheço.
Louisa May Alcott Dickens?
Estava mesmo agora a ver o canal AXN quando, admirado e chocado, ouvi um senhor a anunciar para daqui a dias a exibição do filme Mulherzinhas!
Não, não é uma questão de misoginia ou qualquer coisa semelhante. Foi apenas porque o referido senhor anunciou o filme como sendo baseado num livro da autoria de Charles Dickens!!!!!!????
É bem verdade quando nos avisam que a televisão embrutece as pessoas!
segunda-feira, 30 de março de 2009
Alecrim
Descer a rua devagar, olhando os prédios, antigos, que lhe compõem as margens. Reparar naquelas janelas em forma de olhos, olhos cegos, escuros, onde já houve vida, mas onde, agora, só existem vidros partidos, esquecidos.
Tropeçar, ao de leve, numa pedra da calçada também ela esquecida dos melhores dias que já viveu.
Assobiar uma melodia melancólica, escura mas feliz, dum contentamento ilusório, como no fundo são todos, mas que faz com que aquela rua, escura, antiga, abandonada, se torne num momento de fugaz alegria.
Até que, fechando os olhos, assoma uma leve brisa que anuncia o rio, com o seu cheiro característico, com o seu som inconfundível.
A noite está serena…
À esquerda fica a rua onde esperam às portas. Vão entrando devagar, cadenciando cada passo ao som que, fugidio, lhes é soprado do interior.
Ao entrar, a música inunda todos os sentidos. Aquela música actual, vibrante, que no próximo segundo se transforma na mesma música de há vinte anos atrás. Assim se confundem tempos, se mascaram idades, se revivem memórias. Assim se recompõem quereres…
Sweden
«I would like to live in Sweden
(…)
Tall and strong and blonde and blue-eyed
Pure and healthy, very wealthy
I’ll grow wings and fly to sweden
When my time is come
Then at last my eyes shall see them
Heroes every one
(…)»
The Divine Comedy (Sweden - Fin de Siécle)
No sábado à noite lembrei-me muito desta canção!
A Carta de Pimenta
Uma das mais, absurdamente, lúcidas vozes portuguesas:
«1. se v. exa. me permite eu gostaria de dizer o que penso.
2. em primeiro lugar penso que v. exa. anda no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio.
3. v. exa. dirá que eu estou afirmando que v. exa. anda para trás.
4. na verdade, nada me impede de afirmar que v. exa. anda para trás. não foi isso porém que eu disse.
5. com efeito, não sei se v. exa. anda para trás. segundo penso, v. exa. anda no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio.
6. seria necessário poder afirmar com toda a segurança que os ponteiros do relógio andam para a frente, para poder afirmar com igual segurança que v. exa. anda para trás.
7. mas quem está em condições de afirmar com toda a segurança que os ponteiros do relógio andam para a frente? ninguém está em condições de afirmar com toda a segurança que os ponteiros do relógio andam para a frente, porque, como v. exa. sabe, os ponteiros do relógio andam à roda.
8. a única coisa que se pode afirmar com toda a segurança é que os ponteiros do relógio andam à roda para um lado e v. exa. anda à roda para o outro. os ponteiros do relógio rodam para um lado e v. exa. roda para o outro. de modo que v. exa. como seu movimento anula o movimento dos ponteiros do relógio e vice-versa.
9. na verdade é como se v. exa. não andasse e como se os ponteiros também não andassem.
10. com efeito, não creio que v. exa. ande para a frente nem que v. exa. ande para trás, não creio que v. exa. ande para cima nem que v. exa. ande para baixo, não creio que v. exa. ande para a direita nem que v. exa. ande para a esquerda, apenas suponho que v. exa. anda à roda de si mesmo, no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio e, ainda, de olhos fechados, para não enjoar.
11. o que eu, em duas palavras, em segundo lugar penso, é que v. exa. usa um instrumento de osso ou de plástico com uma enfiada de pontas aceradas, chamado pente, a fim de estar sempre bem penteado, pois nada perturba mais v. exa. que o receio de não estar bem penteado, nada perturba mais v. exa., e é por isso que só quando v. exa. acaba por perder o cabelo todo se começa a sentir um pouco à vontade. é, segundo suponho, por isso.
12. de forma que a visão de v. exa. e dos restantes concidadãos andando todos à roda de si mesmos, no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio, de olhos fechados e cabelos cuidadosamente penteados é um espectáculo alucinante, que v. exa. infelizmente não pode apreciar, por ter os olhos vendados.
13. claro que v. exa. julga que só v. exa. faz o movimento que v. exa. faz, e o mesmo julgam os restantes concidadãos, pois todos se consideram uma excepção, um caso único, especial, e no entanto todos formam uma regra, no seu movimento regular, no seu círculo vicioso, à roda de si mesmos, no sentido oposto ao dos ponteiros de relógio, de olhos fechados e cabelos cuidadosamente penteados.»
sexta-feira, 27 de março de 2009
Há 30 anos
Há cerca de 30 anos frequentava o Liceu Camões. Ainda hoje sinto um certo orgulho por ter sido aluno daquele liceu. Não consigo explicar porquê, mas é assim que o sinto. Naquela altura costumávamos, quando podíamos, deambular um pouco por aquelas bandas. Parávamos no jardim da José Fontana, na sala escura e fascinante do teatro que lhe ficava fronteiro. Íamos aos cafés da Andrade Corvo, sobretudo ao Apolo Norte. Às vezes íamos um pouco mais longe e passeávamo-nos pelo Imaviz, onde, invariavelmente, nos deliciávamos na casa de gelados que lá ficava na cave. Um pouco mais acima havia outros, pequenos, centros comerciais, o If e o City. Neste havia uma sala de cinema. Aí fui várias vezes, ver vários filmes, a várias horas, lamentavelmente não me lembro de nenhum deles. Mas não faz mal, lembro-me de como Lisboa era bonita por ali, de como a percorríamos, de como nos divertíamos, camonianos como, muito provavelmente, hoje já não haverá, como também acontece, aliás, com aquela Lisboa de há, só, 30 anos atrás.
Bom fim de semana!
Ronaldisse
Ronaldo: «Se todos fizessem o que fiz, éramos campeões mundiais»
Eu também acho que sim! E não era só em futebol! Era em parolice, em gabarolice, em diz que disse, em parvoíce, em desfile de miss, e em tudo o mais que se visse e ouvisse!
Agora há uma coisa que eu não disse…
Para quê ser campeões do mundo de futebol? Só se for para mascarar a crisse!
Que chatice!!!
Poeiras...
No DN:
«Marinho Pinto acusa PJ de fabricar caso Freeport
O trabalho publicado no Boletim de Abril da OA assenta, sobretudo no processo ao inspector José Elias Torrão, já condenado em tribunal. Neste caso que correu nos tribunais, foi dito que a coordenadora da Polícia Judiciária de Setúbal, Maria Alice Fernandes, foi quem sugeriu a apresentação de uma carta anónima de forma a poder iniciar uma investigação. Isto depois de terem existido, em finais de 2004, encontros entre inspectores da PJ de Setúbal com Miguel Almeida, ex-chefe de gabinete de Santana Lopes, e Armando Carneiro, antigo proprietário da revista “Tempo” e ligado ao PSD.(...)»
A ser verdade, o que até nem me surpreende, devemos estar conscientes de que, para além do cheiro pútrido que exala disto tudo, releva-se ainda a incapacidade de conseguirmos viver sem medir ambições, sem olhar o outro como nosso semelhante. Uma gritante inaptidão em passarmos pelo nosso tempo sem nos darmos conta que a vida não deve ser uma guerra constante em que ninguém, verdadeiramente, pode ganhar, quando o objectivo final é a morte de alguém!
Do pó vieste, para o pó irás… nunca te esqueças que és apenas mais um grão e que a engrenagem, mesmo momentaneamente travada, nunca deixará de te ultrapassar!
Teens
Para mim que já fui adolescente...
Para vós que o sereis...
Para todos os que ainda o são...
Para nós que nunca quisemos deixar de ser...
«(...)All grown up
And you don't care anymore
And you hate all the people that you used to adore
And you despise all the rumors and lies of the life you led before
(...)
But look at yourself
You'll see you're still so young
You haven't earned the weariness
That sounds so jaded on your tongue (...)»
quinta-feira, 26 de março de 2009
Aujourd'hui je me sens...
Magalhães em saldo!
No SOL online:
«Por pais de alunos
Magalhães podem estar a ser vendidos no mercado negro
O computador Magalhães é entregue aos alunos do primeiro ciclo em regime de propriedade plena e alguns professores já alertaram para casos em que os portáteis podem já não estar com as crianças e ter sido cedidos ou até vendidos(...)»
O Magalhães nunca mais chega! dizem…
O Magalhães tem imensas falhas! dizem…
O Magalhães tem erros de português! dizem…
A mim, o que me parece é que quem tem falhas e quem é o verdadeiro erro é O Português!
A mim, o que me parece é que este é um típico caso de dar pérolas a porcos!
Não é politicamente correcta esta afirmação?
Pois não, mas que se lixe! O Português também não o é!!!
O prestigio da literatura
Hoje, no JN, vem uma curta entrevista com José Rodrigues dos Santos. Sobre aquilo que acho da escrita deste autor/jornalista já falei aqui.
Agora J.R.S. afirma duas coisas a que eu gostaria de dar algum realce. Numa primeira afirmação diz que antes de si a «Literatura portuguesa hostilizava os leitores»! Ora,acho eu, nenhuma literatura tem como objectivo hostilizar um leitor, terá, isso sim a vontade e até a necessidade de conquistar leitores! Só assim poderá fazer sentido. Um livro serve para ser lido, absorvido, vivido! Mesmo que, por vezes, seja difícil entrar em alguns, o que poderá tornar o desafio ainda mais aliciante! Ou seja, se um livro for de fácil leitura, de entendimento linear, de escrita escorreita, pode ser mais lido, mas não quer, necessariamente, dizer que é melhor, e essa parece ser a ideia central deste autor. Os seus livros são muito vendidos, o que não é sinónimo de mais lidos. E isso vem entroncar na outra afirmação que gostaria de realçar: «Esses livros são comprados para serem colocados na estante como um objecto de prestígio, não necessariamente como objecto de leitura.». Um livro não é um bibelot! Quem usa livros como elementos decorativos não sabe, nunca saberá, usufruir de um bem inestimável. A literatura, mesmo a mais fácil, não pode servir para adornar, serve para viver e o maior prestigio que se pode ter ao colocar um livro numa estante é saber que ali está algo que nos acrescenta enquanto pessoas
quarta-feira, 25 de março de 2009
Provavelmente...
Não há pachorra!
No Público online:
«Em causa a final da Taça da Liga
Padre em Lisboa recusa baptizar meninos com nome Lucílio
A polémica em torno da arbitragem da final da Taça da Liga entre Sporting e Benfica chegou à Igreja quando um pároco em Lisboa, fervoroso sportinguista, anunciou que não irá baptizar meninos com nome Lucílio.
"Aproveito para vos anunciar que, enquanto for responsável por esta paróquia, não faço intenções de baptizar nenhum menino chamado Lucílio. Queiram dispor para tais propósitos dos serviços de uma paróquia vizinha", anunciou domingo o padre João José Marques Eleutério antes do tradicional "Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe".(...)»
Depois disto (e de tudo o que tem sido dito acerca do mesmo assunto) deixa de ser possível elaborar quaisquer comentários quanto à sanidade mental dos nossos compatriotas!
Apesar de mais à frente o mesmo padre ter declarado que se tratava de uma piada:
"Foi uma brincadeira e os paroquianos já sabem que eu gosto do Sporting e gosto de fazer piadas", disse o sacerdote, garantindo no entanto que nenhuma criança ficará por baptizar: "se não for eu, será outro sacerdote". Não deixa de ser sintomática esta loucura à volta de um mero jogo de futebol.
Decerto que os psicólogos muito terão a dizer sobre esta demência colectiva. Eu, por mim, e tendo em conta que o próprio Jesus terá sido pescador, apetece-me só dizer: dediquem-se à pesca!
A rua da minha infância
A rua da minha infância não era diferente de tantas outras ruas que por ali se acotovelavam. Os guerreiros, que por lá batalhavam todos os dias, não eram muito diferentes de todos os outros que pelejavam nas ruas contíguas. O Sol, que a banhava nos seus dias, devia ser o mesmo que inundava de luz e calor as ruas que lhe ficavam fronteiras. A chuva, quando caía, quase de certeza que molhava igualmente as pedras das calçadas das outras ruas.
As manhãs em que descíamos das casas e a olhávamos como se fosse uma novidade, eram iguais por todo o lado. Os momentos em pegávamos na bola e a fazíamos correr à nossa frente, marcando os mais bonitos golos que se podiam imaginar, eram os mesmos que os nossos vizinhos também festejavam.
A rua da minha infância foi, certamente, a mesma de tantas outras infâncias. Alegre, risonha, exultante, por vezes medonha, até um pouco triste, de quando em quando.
Mas aquela rua, apesar da sua aparente indiferenciação, era única. Única porque minha. Única porque foi a da minha infância e, por muito que a mesma não tenha sido tão diferente de tantas outras, teve uma grande particularidade, foi ela que me fez chegar até aqui com este sentimento feliz de quem tem uma rua de infância só sua!
E os outros?
Vai a RTP levar ao ecrã uma nova série documental sobre livros portugueses. Chamar-se-á Grandes Livros e irá ter doze episódios.
Os Maias, de Eça de Queiroz; O Delfim, de José Cardoso Pires; Os Lusíadas, de Luís de Camões; Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco; Navegações, de Sophia de Mello Breyner; Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto; Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira; Aparição, de Vergílio Ferreira; Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa; Sinais de Fogo, de Jorge de Sena; Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett; Mau Tempo no Canal, de Vitorino Nemésio são as obras e os autores escolhidos.
Não querendo, nem podendo, imiscuir-me na selecção feita, que até considero bastante boa, gostava no entanto, de me espantar por estarmos sempre a bater na mesma tecla! Com a excepção de Cardoso Pires ou de Sophia, parece que não escrevemos nada há mais de 50 anos! Então e os contemporâneos, os modernos, os novos ( e alguns nem o são tanto assim)?
Saramago, Lobo Antunes, Herberto, Mário de Carvalho, Gonçalo Tavares, José Luis Peixoto e tantos, tantos outros. Porquê continuarmos a insistir, sempre, na mesma escrita? Porquê este cheiro a bafio bibliográfico?
A não ser que a RTP continue a lista e, dentro de pouco tempo, tenhamos uma nova lufada de um ar mais fresco, uma renovação literária/televisiva. Acho que a merecemos, a bem da literatura e a bem de uma melhor televisão!
terça-feira, 24 de março de 2009
Há 36 anos
All that you touch
All that you see
All that you taste
All you feel.
All that you love
All that you hate
All you distrust
All you save.
All that you give
All that you deal
All that you buy,
beg, borrow or steal.
All you create
All you destroy
All that you do
All that you say.
All that you eat
And everyone you meet
All that you slight
And everyone you fight.
All that is now
All that is gone
All that's to come
and everything under the sun is in tune
but the sun is eclipsed by the moon.
Absolut (1)
Bilal
Bilal tem força, energia, poder e dureza. Bilal é dos maiores iconógrafos dos finais do século XX. Bilal é imagem, transmite a sua brutalidade, que é a brutalidade de algum mundo que nos acompanha. Com Pierre Christin, por exemplo, obrigou-nos a abrir os olhos, mas também as mentes, para realidades desenhadas que, embora ficcionadas, nos abordam de uma forma muito concreta e real.
A Cidade que Não Existia, As Falanges da Ordem Negra, O Cruzeiro dos Esquecidos, A Caçada ou A Trilogia Nikopol, são apenas alguns breves exemplos. Os seus filmes são, igualmente, momentos de uma inquietação contagiante.
Também Lisboa lhe mereceu atenção e nesta breve e pequena imagem a podemos ver, como elemento de uma história de morte e sangue, na série Coeurs Sanglants.
Enki Bilal é mais que um autor de Banda Desenhada ou um realizador, é, sobretudo, um inquietante manipulador de emoções!
segunda-feira, 23 de março de 2009
The Comic Muse
A 9 de Fevereiro deste ano, aqui, dizia-se isto:
«(...)As many of you will no doubt already be aware of, there is a new Divine Comedy album in production as we speak. Tim and I flew out to Dublin about a month ago to lay down the bass and drum tracks with Neil and our engineer Fergal. Neil has written some fantastic new songs and we had a great time working on the rhythm tracks.(...)»
Ou seja, the comic muse está de novo em acção!!!!
Telivizão Imdepindente
Fassam u favour de ver a TVI! Jurnalismo orijinal, ounde a limgua protugesa istá cempre en pirmeiro logar!!!
Imagem retirada daqui.
A crise e o penalty
Soa-me a ridículo, no minimo, todo o barulho que se tem vindo a produzir, em todos os meios de comunicação, acerca do penalty que não foi penalty, acerca do árbitro que assume o erro, mas não pede desculpa, acerca de um simples jogo de futebol que acabou, exactamente, quando acabou!!! Fazer disto um tema quente, prolongar uma discussão estéril, continuar esta conversa vem, no fundo, revelar o grau de interesse que os portugueses possuem sobre os grandes temas da actualidade. Um jogo de futebol, uma coisa que devia ser puro entretenimento, transforma-se numa questão de vida ou morte, que merece honras de abertura de telejornais!!!!
É triste, embora não inédito nem surpreendente, que isto se passe em 2009, em Portugal.
Afinal qualquer crise pode ser superada por uma mão inexistente!
sexta-feira, 20 de março de 2009
À sombra do Santo António
À sombra do Santo António fica um dos centros comerciais mais antigos de Lisboa. Na altura em que apareceu era um dos maiores. A mim, que me irritam, efectivamente, os centros comercias, este sempre me agradou. Talvez pela sua localização, talvez porque lá descobri Neil Hannon e os seus Divine Comedy, uma das bandas da minha vida, ou ainda porque lá tive um dos meus primeiros grandes impactos cinematográficos. No hall da entrada que fica na Avenida da Igreja (esta que se vê na imagem), situavam-se as salas de cinema. Duas, pequenas, acanhadas. Ainda hoje, quando lá vou, me espanto como era possível coexistirem duas salas de cinema naquele espaço. Mas elas lá estavam. Creio que se chamaram ABCine e depois Hollywood, já não sei se por esta ordem ou a contrária. Não me lembro se tiveram outros nomes, sei que já desapareceram. Acho que depois disso o Santo António ficou um pouco mais sombrio, um pouco a exemplo desta Lisboa que, ao que parece, ainda não aprendeu a guardar os seus bons momentos.
Ah, o filme chamava-se Voando Sobre um Ninho de Cucos e falava de algumas demências, das que surgem naturalmente e das outras, que nos vão sendo impostas por aqueles que julgam dominar os nossos destinos!
Bom fim de semana!
Susceptibilidades
No Público online:
«A A RTP está a emitir um spot publicitário de promoção à informação da rádio Antena 1 (...).
O anúncio de meio minuto mostra carros parados e, num deles, com o rádio ligado na Antena 1, a jornalista Eduarda Maio(...) diz ao condutor que há ali uma manifestação. Quando este lhe pergunta contra quem é o protesto, Maio responde-lhe que é contra ele e "contra quem quer chegar a horas".
"Isto não é apenas uma crítica velada; é um ataque expresso ao sindicalismo", acusa o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, dizendo ainda acreditar que só "por pura coincidência a voz off do anúncio é a da autora do livro de valorização do primeiro-ministro". Eduarda Maio já foi protagonista da anterior campanha da Antena 1, em que se sentava ao lado dos ouvintes para simbolizar a proximidade da estação com o auditório.»
As manifestações “normais” não devem, sob pretexto algum, ser proibidas! São um meio de as pessoas fazerem eco das suas ideias, das suas vontades, das suas esperanças. Mas, tal como aqueles que assim se manifestam, também ou outros, que naquela altura não o fazem, têm o direito de não perder tempo com isso, também esses terão as suas necessidades, as suas vontades e as suas pressas, obviamente respeitáveis.
Não quero, é claro, remeter as manifestações populares para um qualquer parque temático manifestacional, mas quero que estes senhores, que se queixam deste anúncio, tenham a consciência de que não estão sozinhos no mundo e que a maior manifestação a que se pode ambicionar é a manifestação da liberdade de expressão!
E já agora, aproveitando a boleia da liberdade de expressão, apetece-me dizer que a jornalista em causa pode ser autora dos livros que quiser, que, no fundo, é muito melhor do que andar a propagandear detergentes e a brincar aos deputados, enquanto se faz uma pausa na carreira.
Azulados
Chegam hoje ao Casino de Lisboa. Parece que trazem um espectáculo a roçar o irreal e prometem prender todos aqueles que a ele terão oportunidade de assistir.
A sua aparência, pouco convencional, trouxe-me uma ideia que poderá obviar a vários problemas relacionados com discriminação racial e/ou étnica. Que tal adoptarmos, todos, aquele visual?
Assim dificultaríamos o surgimento das injustiças baseadas na cor da pele!
Se bem que, tal como nos diz uma piada já antiga, possamos sempre dar-nos conta que, afinal, também existem azuis-claros, azuis-escuros, azuis bebé, ou todos os outros que azulam por aí!
Os jardins-labirinto
Sempre me fascinaram os jardins-labirinto. Não consigo explicar exactamente porquê, mas julgo que existe uma forte ligação ao misterioso, a alguma espécie de procura, à descoberta também e depois há aquele imenso verde que nos rodeia.
Há, certamente, a tentativa de descobrir caminhos, ao mesmo tempo que somos assaltados por uma sensação, simultaneamente, angustiante e reconfortante… estranha mas agradável, sobretudo porque, talvez o saibamos de antemão, só estamos perdidos enquanto assim o desejarmos.
São, afinal, locais bonitos, onde pode imperar um silêncio apaziguador e uma calma que nos consegue transportar para lugares onde podemos encontrar o que, eventualmente, procuramos.
Não sei se foi essa a sua ideia fundadora, mas quer-me parecer que, no fundo, a vida é também um pouco isso.
Lua
quinta-feira, 19 de março de 2009
Água Lisa
Sou um leitor assíduo de blogs. Passeio todos os dias por vários. Detenho-me aqui e ali, leio e releio. No meio de toda a blogosfera há coisas muito, muito boas. No entanto, nunca me deu para destacar nenhuma delas. Hoje apetece-me fazê-lo, porque, de facto, este blog do João Tunes é mesmo muito bom!
Spartacus
Repentinamente, lá do fundo dos anos 70, este fantasma assaltou-me. Foi um disco que eu ouvi, religiosamente, horas a fio e de quem quase me tinha esquecido. Lembro-me que parte de umas das suas faixas era utilizada como a música do genérico de um programa de televisão, embora não me lembre qual. É um estilo de música que, hoje, apenas fará parte de algumas memórias, pelo menos daquelas, como a minha, que já têm idade para isso. Poderá não ter passado as fronteiras do tempo, mas ficou lá, naquele canto onde continuamos a guardar as boas recordações!
No dia do pai
«My father always promised me
That we would live in France
We'd go boating on the Seine
And I would learn to dance
We lived in Ohio then
He worked in the mines
On his dreams like boats
We knew we would sail in time
My sisters on the road, and ran away
To Denver and Cheyenne
Marrying their own grownup dreams
The lilacs and the man
I stand behind the young girls dreams
Only danced alone
Hoping, hoping that my fathers dreams
would take me home.
I live in Paris now
My children dance and dream
Hearing the ways of a miner's life
In words they've never seen
I sail my memories of home
Like boats across the Seine
And watch my fathers eyes
Watching the setting sun»
My Father - This Mortal Coil
O rosto do Mal
O Mal, por muito que queiramos escondê-lo, mantê-lo longe, compreensivelmente evitá-lo, existe! Anda muitas vezes a rondar-nos e pode atacar-nos quando menos esperamos. É necessário estarmos alertas, vigilantes e não lhe darmos tréguas.
Às vezes, talvez por comodidade ou simples necessidade, temos que lhe dar rosto, temos que conseguir encará-lo e saber como se parece. Podemos cair na tentação de o fazer incorrectamente, de julgarmos a floresta pela árvore, mas há casos que não oferecem dúvidas e hoje, no Dia do Pai, tenho a certeza que este nunca foi um Pai, este foi uma das mais abjectas encarnações do Mal!
Os crocodilos do Douro
Na Visão online:
«Afinal, não há crocodilos no Douro...
O mesmo jornal que lançou a notícia de que estariam proibidos os banhos no rio Douro devido "ao grave perigo de ataque de crocodilos", com base numa placa colocada junto ao cais de Miranda de Douro, já repôs a verdade. E o aviso era afinal... para turista ver e fotografar.(...)»
Há crocodilos no Douro! Tal como há abutres nos jornais, hienas nas rádios, papagaios nas televisões e burros que os lêem, ouvem, vêem e neles acreditam piamente!
Animal por animal, era bem melhor que fossemos todos tão astutos como são as raposas, com um olfacto apuradissimo como o que têm os cães e com uma visão tão acutilante como a que possuem as águia e, sobretudo, tivessemos a capacidade de fazer como os pombos fazem, às vezes... mesmo em cima dos incautos que por ali passam!
quarta-feira, 18 de março de 2009
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