O primeiro impacto é sempre o maior. Intenso. Profundo.
Sentes o corpo a esvair-se, a derreter-se. Os teus membros mais não são que massas gelatinosas que escorregam numa lentidão exasperante.
A cabeça rebenta-te em mil estilhaços de um vidro fininho, que se vai entranhando fundo na tua pele.
Antes de atingires o chão já percebeste que dificilmente te irás levantar. Sentes no peito a força bruta de mil socos que nunca sonhaste enfrentar.
Aos poucos deixas de sentir. Crês-te derramado pelo chão, numa amálgama de despojos que nunca mais irás poder reunir. Um puzzle irresolúvel.
Quando finalmente consegues abrir os olhos percebes-te ainda inteiro, o coração continua a palpitar e o teu corpo, que pensaste liquefeito, ainda se consegue mover.
Levantas-te com dificuldade, as dores são intensas e profundas, no entanto sabes-te vivo e num esforço que nunca pensaste possuir, ergues-te e julgas ter encontrado confiança.
Já de pé esboças um sorriso e começas a ver o caminho.
Pensas estar preparado.
Mas, de repente…
O primeiro impacto é sempre o maior. Intenso. Profundo…
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