quinta-feira, 15 de maio de 2008

Leia e não Leya


A APEL não se entende com UEP. A Câmara de Lisboa não se entende com a APEL e com a UEP. O Grupo Leya não se entende com ninguém. E nós, aqueles que gostam de ler, que gostam de passear pelo Parque no meio dos livros, que sentem a Feira do Livro como sua, que gostam de cheirar os livros, de lhes pegar, dos os ver ali, à nossa espera, a sorrir para nós, a pedirem-nos para os levar, como ficamos?
Creio que a Feira do Livro é de todos nós, de Lisboa, dos seus habitantes, dos seus visitantes, daqueles que amam a cidade e sobretudo amam os livros e não devíamos ficar sujeitos a birras de editores, livreiros e pseudo editores agregados em grupos económicos desalmados que não sabem dignificar quem escreve, quem lê e quem quer construir uma melhor cultura para este país. Estamos, e não só aqui, cativos de um capitalismo desenfreado, mais que nunca cego e surdo aos interesses reais e justos das pessoas, um capitalismo sujo que se limita a impor as suas regras impessoais e cruéis a situações e locais onde nunca deveria ter entrado. O livro é cultura, é presença, é alma, é História e história, é necessidade, é vontade de crescer, de respirar, de viver, um livro não é, nunca foi e nunca será um cifrão.
Respeitem-nos senhores APEL, UEP, Leya! Respeitem quem ama e quer os livros e retirem-se da feira se assim quiserem, retirem-se da nossa vida, deixem ler quem quer, quem gosta, quem necessita de ler para a seu próprio crescimento interior, quem não se importa de pagar os preços estúpidos com que vocês querem impedir a leitura!
Acabem com a Feira do Livro tal como a imaginaram, mas deixem-na ser feita tal como nós dela precisamos, sem a vossa presença, mas com a presença dos livros que amamos!
E, já agora, gostava de dizer que o convite que a palavra leia me faz é, sinceramente, muito bem-vindo, mas também devo acrescentar que desconfio que a grafia Leya com Y, é propositadamente para nos fazer crer que não sabemos ler!!! Ou serão eles que não sabem escrever?

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