sexta-feira, 11 de abril de 2008

Da imortalidade da literatura


A mim, a palavra best seller, quando aplicada a um livro, causa-me arrepios!
Porque desconfio, no imediato, que estamos perante tudo, menos literatura. Aliás, é lamentável ter esta opinião, mas quando um livro se vende como cerejas, é porque a sua qualidade literária não é elevada. Simplesmente porque, e também é lamentável dizer isto, a qualidade de leitores que temos também não é elevada. Diga-se que estou a falar do caso concreto de Portugal, embora isto deva acontecer, igualmente, por esse mundo fora.
A verdade (se é que tal coisa existe) é que, sobretudo nos últimos anos, qualquer pós-alfabetizado pode, se assim desejar, escrever um livro com uma enorme possibilidade de ser editado. Isto se o senhor (ou senhora) for jogador, treinador, ou massagista de algum clube de futebol. Ou se aparecer na televisão, naqueles inúmeros programas que exigem não mais que uma carinha bonita, umas pernas bem torneadas, ou uma atitude aberrativa, qualquer que ela seja.
Como afirma Nélson de Matos, conhecido e experimentado editor: «(...)Hoje os editores nem sequer lêem os textos. Na maior parte dos casos, o título publica-se porque o autor tem um programa de televisão, é jornalista, é político, é tudo menos escritor.(...)»
Ou seja, nos nossos dias, escrever e vender livros é igual a plantar e vender tomates. Venda a retalho sem o mínimo de respeito pela palavra que deve presidir a esse acto nobre que é a escrita e, igualmente, sem respeito pelo leitor sério, aquele que tem prazer na leitura, aquele que anota o que lê, aquele que respira a palavra!
Mais livros à venda não é, nunca será, sinónimo de maior cultura, mais e melhor educação. É tão somente resultado de uma politica imediatista, oportunista e fugaz, decididamente mortal, quando, ao contrário, a verdadeira literatura é, evidentemente, imortal!

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