Há poucos dias, ao ler um jornal diário gratuito, deparei-me com um inquérito sobre a leitura de bandas desenhadas. Todos os inquiridos diziam que gostavam, mas que agora não tinham tempo, ou vontade, para leituras destinadas às crianças; note-se que as idades não ultrapassavam os 25 anos.
É um erro comum este, mas não deixa de ser um erro grosseiro, muito grosseiro!
A 9ª Arte há já muito tempo que está consagrada como tal e é um tipo de literatura tão válido e "competente" como qualquer outro, mesmo aquele destinado, primordialmente, às crianças.
Se bem que haja séries dedicadas à juventude e à infância, há já algumas dezenas de anos que a B.D. conquistou a idade adulta.
Obras de autores como Bilal, Boucq, Bourgeon, Manara, Loisel, Davodeau, Moebius, Prado, Pratt, Schuitten, Cabanes, Quino, Torres, só para citar alguns, poucos, provam isso mesmo.
E até aqueles que tocam todas as gerações, dos 7 aos 77, como os clássicos, verdadeiras obras primas, de Hergé, De Moor, Goscinny, Uderzo, Meziéres, Jacobs, Franquin, Morris, Martin, entre tantos outros, podem e devem ser lidos pelos olhos do adulto, tal como pelos dos mais jovens.
Aliás, o prazer da leitura e da visualização e interpretação do desenho e do argumento são das características mais brilhantes da banda desenhada, ao alcance de todos.
E falo sobretudo da banda desenhada europeia, com preponderância para a chamada escola franco-belga, porque e deixem-me ser "elitista" ou "redutor", os comics e os mangas, só serão banda desenhada na sua forma, porque de resto, a tradição é outra e as histórias e o encantamento estão longe, pelo menos para mim, da verdadeira essência da banda desenhada.
Façam-vos o favor de pegar num álbum de um dos autores que citei atrás, ou de outro, fechem os olhos e os ouvidos ao resto do mundo, mergulhem na cor, no desenho, no enredo e voem nas únicas e maravilhosas asas que só a literatura desenhada vos conseguirá dar.
Experimentem... e Verão!