sexta-feira, 31 de março de 2006

Sonhos bons

Ao ler umas coisas nas quais estou a trabalhar, deparei-me com esta frase:
"Há quem acredite que, tal como os átomos se perpetuam corpo a corpo, também os sonhos se perpetuam nos seres a que damos vida".
Achei uma ideia bonita e pensei que os meus filhos, e no fundo todas as crianças do mundo, nunca deviam ter, e muito menos viver, nenhum tipo de pesadelo, quer virtual, quer, sobretudo, real. Talvez assim o mundo fosse um lugar melhor!

quarta-feira, 29 de março de 2006

Imaginação à solta


Júlio Verne foi o verdadeiro percurssor das histórias de aventuras fantásticas que o cinema, a banda desenhada e a literatura de antecipação científica, nos trouxeram posteriormente.
Nascido em Nantes em 1828, Verne foi na verdade um inovador no que à imaginação diz respeito, uma imaginação que, por vezes, funcionou como premonição.
Escreveu para cima de 80 romances, obtendo o seu primeiro sucesso com a publicação de Cinco Semanas em Balão.
Traduzido em 25 línguas, dele destaco algumas obras, talvez não as mais importantes, mas, de certeza, aquelas que marcaram a minha juventude e deliciaram a minha imaginação.
De 1864, Viagem ao Centro de Terra; de 1870 20 000 Léguas Submarinas; de 1873, A Volta ao Mundo em 80 Dias; de 1876, Miguel Strogoff e de 1888, Dois Anos de Férias.

terça-feira, 28 de março de 2006

Las Ramblas Rojas


Com votos muito sinceros de que, para a semana, possamos passear pelas Ramblas com o maior sorriso do mundo! Com molhos de papoilas, vermelhíssimas e saltitantes, nas mãos!

segunda-feira, 27 de março de 2006

Efemérides


Ontem foi o Dia do Livro Português. É mais um dia daqueles em que se pretende comemorar algo que se deve, por principio, comemorar todos os dias e os livros, ainda para mais portugueses, são, exactamente, daqueles objectos que não se pode falhar um dia sequer.
Deixo aqui uma imagem óbvia do livro português, não sei se será o melhor, nem isso interessa, é apenas mais uma forma de se afirmar a necessidade da leitura, de escritores e de leitores. Leiam, leiam muito!
Ah, e hoje comemora-se o Dia Mundial do Teatro!

sexta-feira, 24 de março de 2006

Monte dos Vendavais


Em 1978 uma nova voz, com características únicas, surgia no éter. Wuthering Heights se chamava a canção que a deu a conhecer e rapidamente se tornou um sucesso.
Kate Bush cedo se tornou numa certeza da música popular, provou ser mais que uma voz diferente. Foi publicando trabalhos após trabalhos, como o The Dreaming (1982), e o excelente Hounds of Love(1985), que se tornou num ponto de viragem na sua carreira. Enveredando também por caminhos mais experimentalistas, incluindo canções inesquecíveis como, Cloudbusting, Running up that Hill e o próprio Hounds of Love. Mais tarde fez um dueto brilhante com Peter Gabriel, com o tema Don't Give Up, materializado num tele-disco muito bonito. Em 1993 publica um trabalho soberbo, Red Shoes e depois foi-se mantendo calada até que agora resolveu dar nova voz à sua voz com o duplo álbum Aerial. Regresso que se saúda, muito!

quinta-feira, 23 de março de 2006

Cai chuva...


Na onda revivalista que muitas vezes perpassa nas notas que aqui vou deixando, lembrei-me de uma banda muito conceituada nos primeiros anos da década de 80 e que, aproveitando um trocadilho fácil, também nos deixou uma imensa chuva, tal como a que hoje nos cai em cima, sobretudo com aquele que, considero eu, foi o seu álbum maior, Ocean Rain.
Falo, claro, dos Echo and the Bunnymen que nos entregaram cancões memoráveis, como a própria Ocean Rain, mas também My Kingdom ou Seven Seas. Serão sempre marcos eternos da boa música e das boa memórias que nos chegam dos inquietos anos 80.

quarta-feira, 22 de março de 2006

Tóquio em Lisboa


Há já algum tempo que não ponho os pés (e o resto) numa discoteca, aliás nunca fui grande frequentador destes locais. Nos anos 80, no entanto, as minhas visitas às diversões nocturnas foram mais assíduas. Desde as chamadas discotecas para os mais jovens, como o Archote, ou o Browns, ou o alternativo Rock Rendez-Vous, passando pelo Alcântara Mar, ou o Frágil do Bairro Alto.
Mas houve uma que mais me marcou, na zona, pouco afamada, do Cais do Sodré, ao lado do Jamaica e do Shangri-Lá, ficava (e creio que ainda fica) uma sala não muito grande mas que passava da melhor música da cidade. Bons tempos e boas recordações das noites de Tokyo!

terça-feira, 21 de março de 2006

Porto Covo


Eram as férias da Páscoa, com o aparecimento dos primeiros dias de calor. Acampar nas dunas, com saída directa para o mar, com grandes "piqueniques" na areia, com jogos e brincadeiras e muitas cantorias ao luar, e jogos de matraquilhos também.
Foram assim os meus tempos de Porto Covo, lugar mágico do, na altura, ainda pouco explorado litoral Alentejano.
Rui Veloso já o cantava, mas eu nunca descobri o pessegueiro na ilha, embora tenha descoberto outras coisas, nesse lugar de Porto Covo.

sexta-feira, 17 de março de 2006

Éire - A terra verde


Hoje comemora-se o dia de S. Patricio, dia Nacional da República da Irlanda.
Nunca fui à Irlanda, mas sempre senti um fascínio especial por aquela ilha, pela lendária coragem dos seus habitantes, pelas histórias de fadas e duendes que dela saem, pelos poetas que têm, pela famosa e saborosa Guiness, pelos pubs onde se cantam as memórias da terra, pelos seus escritores, pela sua luta de "libertação" e também pela sua muita e boa música. Pelas excelentes bandas que de lá sairam para conquistar o mundo, os U2, os Cramberries, a Sinead O'connor, o Van Morrison e o meu favorito Neil Hannon e os seus Divine Comedy, que, apesar de ser natural da Irlanda do Norte, escolheu como local de residência a cidade de Dublin.
Para celebrar este dia em honra do patrono da terra dos trevos de quatro folhas, recordo aqui um excelente filme de Alan Parker, passado nas ruas de Dublin e onde um grupo de jovens entusiastas e fatalistas, tenta formar uma banda de soul music, recriando as melodias mais famosas desta área musical. Falo de The Commitments, por onde passa muito da alma urbana irlandesa e da sua juventude irrequieta.
Go mbeannai Dia duit

A jóia


Em 1963 era publicada aquela que considero a obra prima das Aventuras de Tintin.
Primeiramente publicada na revista Tintin, entre 4 de Julho de 1961 e 4 de Setembro de 1962, As Jóias da Castafiore é a anti-aventura, antítese de tudo o que Hergé fez antes e fará depois. O autor deixa, neste caso, de lado, as regras que ele próprio criou em termos de aventuras em banda desenhada.
Esta obra intimista, toda ela passada em ambiente doméstico, no castelo de Moulinsart, cria, a todo o momento, falsas situações de suspense que dão em nada, falsos índicios e pistas que se revelam infrutíferas. Nesta "aventura" não existem "maus", elementos essenciais em qualquer outro livro da série.
Embora não tenha sido um sucesso de público, como o foram quase todas as outras, é a mais aclamada pela crítica, considerando-a uma obra de mestre, na tradição teatral da comédia e da farsa.
Sempre que a leio sinto-me em casa com esta família de papel. Hergé encontrou aqui um óptimo espaço de descanso e repouso. Houve quem dissesse que seria, talvez, um final perfeito para as Aventuras de Tintin, mas elas continuaram, para gozo de todos nós.
Sintomático é, também, o facto de Tintin nos surgir na capa com o dedo indicador em frente dos lábios, sugerindo-nos o silêncio que devemos, sempre, respeitar perante as grandes obras de arte!

quinta-feira, 16 de março de 2006

Das Caldas

Há exactamente 32 anos atrás, uma coluna militar saiu das Caldas da Rainha e veio bater à porta da Liberdade. Sem sucesso!
Não só não lhe abriram a porta, como a fecharam a sete chaves.
Felizmente que 40 dias depois as portas foram escancaradas!

A lua continua aqui!


Há pouco tempo, ao fazer zapping, parei na SIC Radical, onde passava uma série que fez as minhas delicias algures pela adolescência.
O comandante Koenig, a Dr.ª Russel, o Prof. Bergman, o Alan e os outro todos viviam extraordinárias histórias de antecipação científica. A lua tinha saída da órbita terrestre e vagueava ao sabor dos ventos espaciais. Na base lunar Alpha a vida era uma constante surpresa e as naves Águia iam sobrevoando aqueles céus negros, cheios de milhares de estrelas e novos planetas prontinhos a serem descobertos e explorados. Em 1976 antecipava-se o dia 13 de Setembro de 1999, dia em que a lua decidiu partir à aventura.
O Espaço 1999, criado por Gerry Anderson foi, e parece-me que continua a ser, uma das séries de maior culto que o universo televisivo nos ofereceu e sendo de ficção cientifíca tudo lá nos soava a novidade, mesmo que, aos olhos de hoje, algumas coisas estejam, de facto, muito datadas e não cumpridas. Lembro-me, por exemplo, do enorme computador de bordo, que ocupava uma parede da sala de comando e debitava compridas folhas de papel esburacado e espanto-me, sobretudo, com facto de, hoje, 2006, a lua não ter cumprido esse seu fadário de errância.

À la carte


Há alguns uns anos era frequentador assíduo do cinema Quarteto, ia lá quase todos os fins de semana e via todos os filmes que estavam em cartaz. O Quarteto era mais que uma (ou quatro) sala de cinema, era um local de passagem e estadia obrigatórias, muitas vezes só para beber um café.
Lembro-me de um dia, chuvoso por sinal, ir sózinho ao Quarteto, comprar o bilhete para uma das suas quatro salas, sentar-me na primeira fila, não havia lugares marcados, e ver um dos filmes que mais me impressionou, O Cozinheiro, o Ladrão, a sua Mulher e o Amante.
Com ele descobri a arte de Peter Greenaway, que até aí desconhecia. Fiquei estarrecido com este filme, perfeitamente colado à cadeira com a sua beleza barroca, com as suas cores fortes, com a sua crueza hipnotizadora. Cada cena era como de uma tela se tratasse, com os cenários do restaurante Le Hollandais, as suas cozinhas imensas, as suas salas esplendorosas; com os fatos desenhados por Jean Paul Gaultier; com a enormíssima música criada por Michael Nyman; com o extraordinário desempenho dos actores, destacando-se a brilhante Helen Mirren.
Quando saí da sala ia "cheio" daquele filme, que me incomodou maravilhosamente, nem dei pela chuva que continuava a cair.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Mundos paralelos


Mundos paralelos, dos quais muito poucos têm conhecimento, que se podem aceder através de uma faca especial que corta o espaço e abre janelas que permitem entrar noutros mundos, alguns semelhantes ao nosso, outros completamente diferentes.
Histórias densas e perturbantes, em que a eterna luta entre o bem e o mal está mais vincada que nunca, mas onde esses valores não estão tão definidos que sejam facilmente perceptíveis.
Pessoas que têm os seus alter egos materializados em génios, normalmente em forma de animais, que os acompanham para todo o lado, sem génio é impossível sobreviver.
Ursos do Norte que falam e lutam; anjos diabólicos que tudo fazem para alterar o curso da vida e do(s) mundo(s); criaturas fantásticas que é impossível concebê-las por inteiro; a descida ao inferno, ao mundo onde "vivem" os mortos; a decadência evidente de Deus. Tudo isto e muito mais nos é oferecido por Philip Pullman, autor consagrado por vários prémios, na sua trilogia His Dark Materials, conhecida em Portugal como Mundos Paralelos: Os Reinos do Norte; A Torre dos Anjos e o Telescópio de Âmbar.
Misto de mito clássico, thriller, conto de fadas, história fantástica, tratado de filosofia e teologia, esta obra em que Lyra e Will, dois adolescentes de mundos diferentes passam pelas mais incríveis aventuras, consegue maravilhar e incomodar ao mesmo tempo. Quem os lê não consegue ficar indiferente, são, por isso, de leitura obrigatória.

Mais Harry Potter


Na minha tardia e já longa infância, também fui apanhado na onde Potteriana, sou, por isso, um entusiasmado e ávido leitor da saga de Harry Potter em boa hora saída da imaginação fértil de J.K.Rowling.
Li com prazer, como aliás o fizeram tantos milhões de outros jovens e menos jovens como eu, todos os volumes publicados atá agora. E, como tantos outros leitores, também não acredito que Albus Dumbledore tenha, de facto, morrido na última aventura da série.
Por isso aqui deixo uma página da web em que nos são apresentadas várias e fundamentadas razões para que tal não tenha acontecido. Em www.dumbledoreisnotdead.com a própria autora poderá ir buscar ispiração para a resolução final da sua obra.
Entretanto vamos esperando, impacientemente, por todas as surpresas que Joanne Rowling está a preparar para nosso deleite.

terça-feira, 14 de março de 2006

As Fantásticas Sardinheiras


Mário de Carvalho é, de entre os escritores contemporâneos portugueses, um dos que mais gosto de ler. Recordo com agrado as leituras de Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde ou Era Bom que Trocassemos umas Ideias sobre o Assunto, só para citar alguns exemplos.
Quero, no entanto, lembrar aqui um pequenino, mas muito saboroso livro de contos que dá pelo nome de Casos do Beco das Sardinheiras, onde num qualquer beco, de um qualquer bairro popular de Lisboa, cujo nome saí das sardinheiras que lhe dão cor, os seus sui-generis habitantes vivem casos dignos de figurarem numa dimensão fantástica, só possível graças à imaginação fervilhante deste autor.
Citando :
«E então aconteceu aquilo da Lua.
Deslocou-se um bocadinho assim como quem se desequilibrou, entrou a descer devagar, ressaltou numa ponta de nuvem que por ali pairava feita parva, e foi enfiar-se inteirinha na boca do Andrade que só fez “gulp” e esbugalhou os olhos muito. No sítio da Lua, lá no astro, ficou um vinco esbranquiçado como dobra em papel de seda que logo se apagou e o céu tornou-se bem liso e escorreito. O Beco ficou um tudo nada mais escuro e um gato passou a correr, pardo, da cor dos outros.
Diz o Zé Metade, no fim duma estrofe: “Ina cum caraças!”
Vai o Andrade lá de cima e atira o maior arroto que jamais se ouviu naquele Beco.
Era o Zé Metade a berrar para dentro: “`nha mãe, venha cá, senhora, co Andrade engoliu a Lua!” e o Andrade a olhar para nós, limpando a boca com as costas da mão, um ar azamboado. (...)
No dia seguinte, a Humanidade toda estranhou muito o desaparecimento da Lua e deu-se a grandes especulações. Era com algum orgulho que a população do Beco via passar o Andrade. Sempre gaiteiro, apenas um pouco mais gordo.»

E como aí também é referido, não há memória de que algum dos do beco tenha emigrado de livre vontade, talvez por isso aconteça esse fabuloso encontro entre o autor e as personagens no fim do livro, em que as figuras criadas vão em grupo a casa do autor pedir-lhe que continue a contar as suas histórias.
Ah, só mais uma coisa, é preciso ter sempre presente que "importa sobremaneira não confundir o género humano com o Manuel Germano"!

A Lisboa de Molero


Pouco tempo depois do 25 de Abril, quando muita da literatura feita em Portugal tinha ainda ecos do chamada neo-realismo, o jornalista multi-facetado Dinis Machado, dá à estampa um livro que foi, por muitos, considerado a mais universalizante obra da literartura portuguesa até então.
Nas palavras do autor, O Que diz Molero : "É uma soma não completa de coisas vividas, imaginadas e observadas, que têm a ver com a representação como espectáculo. É uma mistura de experiências literárias , musicais e cinematográficas ".
Dinis Machado foi influenciado por todas as suas vivências na Lisboa popular do século XX, pelas suas experiências jornalísticas; ele que foi, entre outras coisas, chefe de redacção da Revista Tintim; e igualmente pelas suas incursões no romance policial, sob o pseudónimo de Dennis McShade.
Surge-nos assim esta obra que, no essencial se passa em torno da conversa entre as duas personagens principais, Austin e Mister Deluxe, que pertencem a uma certa Organização não especificada, e que vão lendo e comentando um relatório elaborado por Molero (um investigador que nunca aparece), acerca de um cidadão anónimo, apenas chamado de rapaz.Este relatório, que se inicia na infância do rapaz, na Lisboa dos anos 40, revela, incontestavelmente, muitos retalhos da vida do autor, profundamente ligado ao Bairro Alto.
O Que diz Molero foi adaptado ao teatro e protagonizado por António Feio e José Pedro Gomes, tendo sido, tal como o livro, um êxito de público.
É mais uma leitura recomendada e recomendável para quem gosta de passar os olhos e a mente por imagens que nos fazem revisitar uma Lisboa, talvez, já desaparecida, com todo o seu popular pitoresco, numa trama excelentemente urdida e numa linguagem que, provavelmente, mais ninguém conseguiu.

Bons malandros


Mário Zambujal, alentejano de Moura e jornalista, sobretudo da imprensa escrita, foi, por exemplo, o primeiro director do jornal Se7e, mas também com passagens pela rádio e pela televisão; deu-nos em 1980 um romance em que, deliciosamente, nos apresentava uma quadrilha de "bons malandros", que tinham como objectivo de grande golpe, o roubo da colecção de jóias de René Lalique em exposição na Fundação Calouste Gulbenkian.
Romance que nos transmitia um submundo cruel mas, ao mesmo tempo, terno, em que os seus malandros, os bons malandros, nos prendiam o coração e nos faziam gostar das suas facetas, mesmo aquelas menos apresentáveis.
Este livro contagiante, foi também alvo de uma adaptação cinematográfica realizada por Fernado Lopes em 1984. Se bem que, na minha opinião, não resulte tão bem como o livro, como amiúde acontece, este filme ajuda-nos a dar forma a uma história bem imaginada e melhor contada, a um livro que merece figurar em todas as estantes de qualquer biblioteca e que deve ser lido e relido muitas, muitas vezes.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Malandragem


A chamada MPB, ou música popular brasileira, tem-nos dado momentos de brilhante inspiração, traduzida em deleite para os nossos ouvidos. De entre os integrantes desta corrente musical, há um que sempre me pareceu à frente de todos os outros. Chico Buarque de Holanda é o seu nome e são suas grandes criações que, muitos de nós, aprendemos de cor e trauteamos com agrado.
A propósito de mais uma reposição, no nosso país, da sua grandiosa Ópera do Malandro, deixo aqui esta nota, rematada com as palavras finais desse monumento musical:

"O malandro tá na greta,
na sargeta do país.
E quem passa, acha graça
na desgraça do infeliz (...)

O cadáver do indigente,
é evidente que morreu.
E no entanto, ele se move,
como prova o Galileu"

Novidades divinais


Já se pode ouvir em www.myspace.com/thedivinecomedy, a nova música feita por Neil Hannon para os Divine Comedy. O seu novo trabalho de longa duração já está na calha, prevê-se que seja editado lá pelo principio do Verão.
Etretanto e porque falar, e ouvir, Divine Comedy é sempre um prazer, deixo aqui um lembrete daquele que é considerado, pelo próprio Neil, como o primeiro disco da sua banda (na verdade é o segundo).
De Liberation, saído em Agosto de 1993, um breve excerto de mais uma brilhante criação:

"My father say there's only one perfect view
and that's the view of the sky over our heads.
I expect your father has been reading Dante"

quinta-feira, 9 de março de 2006

Ó Evaristo...


Hoje, dia em que, verdadeiramente, Portugal ficou, uma vez mais, encavacado, lembrei-me dos "filmes portugueses antigos". Lembrei-me de como gostava de os ver na RTP dos anos setenta, de como uma vez me chateei profundamente por estar um senhor a falar na televisão, no dia em que estava aprazada a passagem de um desses filmes, senhor esse que nunca mais se calava atrasando a minha ânsia de umas boas risadas com o Vasco Santana e o António Silva. O senhor em causa chamava-se Marcello Caetano e pretendia conversar em família. Também ele se encavacou algum tempo depois.
Finalmente lá consegui ver o Vasco a pedir lume a um candeeiro, o António Silva a reagir mal à frase "Evaristo tens cá disto?"
Muitos desses filmes me fizeram rir muitas vezes, tal como fazem hoje, de cada vez que os revejo. É bom termos estas coisas que nos divirtam, agora que outro senhor encavacado nos vai querer, certamente, conversar familiarmente!

Papoilas Saltitantes!!!


A águia voou alto em terras de Sua Majestade.
"With a little help from my friends", ou a noite em que Luís Piçarra conseguiu abafar os Beatles!
Com uma chama imensa na alma, ser benfiquista é, na verdade, uma benção!
E agora?
Agora en route até Paris!

Questão pertinente?

Ontem foi Dia da Mulher! E hoje? Já não é?!

quarta-feira, 8 de março de 2006

Brilhante nostalgia


No inicio dos anos 80 surgiu uma corrente musical cujos membros se designavam como neo-românticos ou futuristas. Destacaram-se entre eles os Duran Duran ou os Spandau Ballet. Eu nunca gostei muito dessa onda, aliás nunca gostei nada.
Aparentemente também aí incluídos estavam os Japan, mas era, de facto, só aparência. A sua música distinguia-se por uma qualidade superior. Dos Japan "saltou" para uma carreira a solo um senhor chamado David Sylvian, dono de uma voz única e inimitável, deu e dá cartas na chamada música alternativa. O seu primeiro disco pós Japan chamou-se Brilliant Trees e denota uma lufada de ar fresco na música dessa época, foi um disco muito intimista, como todos os que se lhe seguiram, com alguma atitude pró-depressiva à mistura, mas de um bom gosto e de uma qualidade inexcedíveis. Deixo aqui as palavras que Sylvian utilizou para dar voz à brilhante melodia que se chama Nostalgia:

Voices heard in fields of green
Their joy their calm and luxury
Are lost within the wanderings of my mind
I’m cutting branches from the trees
Shaped by years of memories
To exorcise their ghosts from inside of me
The sound of waves in a pool of water
I’m drowning in my nostalgia

Sacrilégios


Passaram ontem 40 anos sobre a data em que John Lennon proferiu uma frase marcante : "os Beatles são mais populares que Jesus Cristo"!
Também já passaram alguns anos sobre o dia em que surgiu uma faixa no antigo Estádio da Luz que dizia mais ou menos isto: "O Benfica é o nosso Deus e Néné o seu profeta"!
Hoje o Benfica vai jogar na terra dos Beatles e espero, sincera e convictamente, que haja profetas na actual equipa do Benfica que consigam cumprir o sacrilégio.
Quanto aos Beatles, continuo a achar que, de facto, apesar de terem nascido em Liverpool, são pertença de todo o mundo, cristão ou não cristão. Yeah, yeah, yeah!

terça-feira, 7 de março de 2006

Yes


Ao fazer a nota anterior lembrei-me dum outro grupo desta onda musical, que também me deu muitos e bons momentos de audições prazenteiras. O álbum, cuja capa aqui é reproduzida, foi o primeiro que lhes conheci, depois fui conhecendo outros e fui gostando muito. Lembro-me que havia uma espécie de partidos que juravam por duas grandes bandas naquela altura, os Genesis, da qual eu fazia parte e os Yes, da qual não fazia, mas como não era fundamentalista lá ia gozando igualmente a música que estes últimos nos iam dando.
Foi assim com este Fragile, como com o Close to the Edge, como com o Yes Album, como com o Time and a Word, como o Relayer que tinha aquele pedaço de música que nos fazia cantar em uníssono: "soon, oh soon the time..."
Apesar de "fansíssimo" dos Genesis, estes Yes sempre estiveram por perto!

Clones


Os clones andam por aí! Na semana passada, se não estou em erro, os clones dos Pink Floyd, Off the Wall, tocaram em Portugal e esta semana, se não estou também em erro, tocam os Musical Box, clones dos Genesis. Quer uns, quer outros, parecem ser muito "bons", conseguindo "enganar" os mais incautos, dando a sensação de serem mais iguais aos originais que os próprios originais.
Eu, no entanto, prefiro os verdadeiros, aqueles que durante muitos anos nos tocaram as emoções de forma duradoura, tão duradoura que ainda hoje dura. Dos Genesis já falei aqui de forma emotiva, eles que foram os meus primeiros ídolos musicais. Dos Pink Floyd falo agora, eles que também preencheram muitas das minhas horas de audição, sobretudo com três dos seus discos mais marcantes, Dark Side of the Moon, Wish You Were Here e Animals. Também me deixei levar pela "moda" do The Wall, mas os três anteriores foram muito mais importantes.
Como dizem os "nossos" GNR : "(...) prefiro o original (...)"

segunda-feira, 6 de março de 2006

And the oscar goes...


Depois de mais uma noite de óscares, à qual não assisti e de cujos filmes nomeados não vislumbrei nenhum; queria deixar aqui um óscar da minha própria "academia" para um actor já "oscarizado" pela verdadeira academia e, melhor que isso, com uma carreira feita de muitos e memoráveis filmes, de muitas, diferentes e excelentes criações nos mais variados registos.
Este óscar vai para o sr. Robert de Niro, como também podia ir para os srs. Al Pacino, ou Dustin Hoffman, por exemplo.
São actores como estes que nos dão vontade de gostar de cinema e que nos fazem acreditar que a chamada sétima arte nos acrescenta qualquer coisa, nos faz sorrir, chorar às vezes, nos emociona, nos diz coisas bonitas.
Como nos dizia o motorista de táxi: "are you talking to me?"

sexta-feira, 3 de março de 2006

Superstar


Em época quaresmal lembrei-me de um filme que, embora dedicado à vida de Jesus Cristo, é muito pouco "católico", ou mesmo de qualquer outra das versões religiosas cristãs. É, no entanto, um filme muito bonito e que nos dá uma visão muito "cantada", "hippiezada", dos últimos dias daquele que é, para muitos, o filho de Deus.
Falo de Jesus Christ Superstar, com músicas de A.L.Weber, textos de Tim Rice e realização de Norman Jewison (curioso nome que nos remete para um filho de judeus). Datado de 1973, e realizado em localização própria e apropriada à temática, este filme deu-nos alguns excelentes momentos de música e uma visão muito especial da vida de Cristo, longe das últimas visões sofredoras de Mel Gibson, muito mais perto de uma alegria contagiante que é, na minha modesta opinião, como deve ser encarada esta história!
"Jesus Christ Superstar, are you the one that they say you are?..."

Obra imortal


A 3 de Março de 1983 Hergé deixava, aos 75 anos, o mundo dos vivos, a sua obra prima, no entanto, permanece mais viva que nunca.
Deixo aqui a minha pequena homenagem a quem me deu tantos momentos de prazer.

Durante todos estes anos vimos nele um exemplo, quisemos imitá-lo, quisemos conversar com ele, partilhar-nos com ele, visitar a sua casa, acompanhá-lo nas sua viagens, conhecer e conviver com os seus amigos, tornarmo-nos seus amigos, inseparáveis.
Durante todos estes anos seguimo-lo para todo o lado, esperámos por ele e sofremos com as suas faltas.
Muitos de nós nem sabíamos quem estava por detrás dele, nem com isso nos preocupávamos, vivíamos egoisticamente esperando por ele e entristecíamos quando não dava notícias.
Pouca importância era dada às cinco letras que sempre acompanharam o seu nome - Hergé - ; eram outras as letras que nos faziam vibrar - Tintin. Sílaba repetida, motivo de alegria e de sonho para cada um de nós.
Assim foi, assim é e assim será decerto, definitivamente...
Ao longo de 62 coloridas páginas, emocionávamo-nos, tremíamos de medo ou de excitação, ríamos sem parar e ficávamos felizes por fim, quando ele "ganhava" mais uma vez; mas isso era o menos importante, importante era podermos estar com ele; cem vezes o mesmo livro, de cada vez cem sensações diferentes.

É todo um mundo, acessível a todos, partilhável por todos, mas entendido de milhões de formas diferenciadas, consoante cada sensibilidade que nele entre e se deixe enredar.
E é um prazer memorizar frases, situações, locais, personagens e recordar todas as sensações como se fossem as primeiras e únicas.
E é tão bom partilharmos este gosto e esta vontade de pertencer a esse mundo, de nos sentirmos familiarizados com a "família de papel", que, mesmo sendo de papel, é tão viva e actuante que a sentimos como se de carne e osso fosse e como se falar com ela fosse possível. E, de facto, é-o, basta tentar e acreditar nessa possibilidade e depois de se conseguir a primeira vez tudo o resto é possível.
Dos "7 aos 77", para aquém e para além, é só querer, COM MIL MILHÕES DE RAIOS E TROVÕES !!!

quarta-feira, 1 de março de 2006

Gloriosos parabéns!!!


Em semana de bons resultados desportivos passam 102 anos sobre o nascimento do GLORIOSO! Muitos parabéns! Que o resto da época, das épocas, faça juz à brilhante História do Sport Lisboa e Benfica!

Liceu Camões


Hoje passam 10 anos sobre o desaparecimento de Vergilio Ferreira. Nunca fui um leitor assíduo deste escritor, mas nesta data apetece-me evocar o meu antigo liceu, onde Vergilio Ferreira também deu aulas. O Liceu Camões, dos finais da década de 70, inicios de 80, era um sitio bom para se estar, onde gostei de passar as horas que lá passei, num liceu antigo e "à antiga".